Quarta, 1 de fevereiro de 2012
Qual é a diferença, em termos de conhecimentos, entre quem faz 39 pontos, e é reprovado, e aquele candidato que faz 40 e é aprovado?
Ínfima? Nenhuma?
Algo assim...
Mas em termos práticos, dentro da lógica do Exame da OAB, a diferença pode ser representada pela foto abaixo:
Um abismo...
Lembro-me que no Exame de Ordem 2010.3 foi possível, pela 1ª vez, por conta de algumas liminares, projetar o percentual de candidatos que ficavam entre os 45 a 49 pontos na 1ª fase: 23%
Claro! Agora o número de questões caiu de 100 para 80, mas o percentual, ao menos em princípio, deve permanecer o mesmo.
Se neste Exame temos 102 mil inscritos - VI Exame de Ordem tem 102 mil candidatos inscritos - aproximadamente 23.460 candidatos, em tese, ficarão nessa faixa de reprovação.
Ali, na boca do caixa, na beira da praia, no limiar da aprovação.
Acompanho esse drama faz um tempão e creiam-me, o candidato que tira 39 pontos na prova fica TENSO!
Muito tenso.
Como minimizar as possibilidades de se tirar menos de 40 pontos?
Sim, minimizar, pois não existe macete para se tirar 40 pontos. Para isso existe uma coisa chamada estudo.
Todos vocês estão estudando bastante. Uns vão fazer bem mais de 40 pontos, outros vão passar raspando, aproximadamente 23% ficará na faixa dos 35/39 pontos e o resto ficará aquém disso.
Entretanto, muitos candidatos, por distrações, erros simples, cometem pequenas falhas, e essas pequenas falhas cobram um preço muito alto, jogando um candidato que poderia perfeitamente fazer 40 pontos para a faixa dos 35/39.
E nós não queremos isso!!!
Então, quais medidas podem ser tomadas para evitar essa pequena grande tragédia? Vamos lá!
1 - Atenção no preenchimento da folha de respostas
A prova de vocês, tecnicamente, tem 5 horas de duração.
Tecnicamente...
Na pratica, vocês terão 4 horas e 20 minutos de prova. Os 40 minutos restantes deverão ser dedicados a transposição das assertivas respondidas para a folha de respostas.
E por que 40 minutos? Exatamente para a transposição ser feita com calma e atenção. Se vocês deixarem para fazer isso nos últimos 20 minutos, vão sentir uma pressão imensa e podem incorrer em uma falha grave: passar uma resposta de forma errada da prova para a folha, e esse erro pode custar sua aprovação.
Isso acontece DI-RE-TO!
Quando faltar 40 minutos parem onde estiverem e façam a transposição com calma e atenção. Se vocês terminarem antes dos 40 minutos se esgotarem, ótimo, voltem para a prova caso falte responder algumas questões. Pelo menos vocês garantem aquelas já respondidas.
2 - Em caso de chute, fique com a 1ª escolha
Não tem jeito. Ao fim de toda prova muitos candidatos entram em desespero, pois, entre duas questões, optaram por uma e, na hora de transpor para a folha de resposta, resolveram trocar pela outra.
E geralmente acabam trocando a certa pela errada.
É impressionante como essa troca de uma alternativa por outro gera lamento entre os candidatos.
Vamos ser sinceros: o chute existe e a grande maioria dos candidatos utiliza essa "técnica":
Durante a resolução de questões de provas passadas, vocês já devem ter percebido que das 4 alternativas, 2 fazem sentido e 2 são meio esquisitas. Essas duas são sempre, de plano, descartadas. Restam as duas que fazem sentido.
Qual delas optar, quando a dúvida entre a certa e a errada for insuperável?
Inexiste uma razão científica, creio eu, para explicar o porquê dessa troca da 1ª escolha por outra questão acabar por levar o candidato ao erro. Não faço a menor ideia das razões para tal fenômeno.
Mas pelo volume de queixas que já ouvi desde que acompanho essa prova, sei, por motivos empíricos, da existência desse fenômeno.
MUITOS candidatos reclamam da troca de questões. Muitos...
Essa é uma dica desprovida, confesso, de uma razão lógica para ser observada, mas, sinceramente, compensa observá-la:
"Quando o candidato estiver em dúvida numa questão, deve optar sempre por sua 1ª escolha."
O risco do erro sempre existe, mas a ideia aqui é minimizá-lo.
3 - Atenção aos comandos das questões
Eis o calcanhar de Aquiles dos candidatos: a perda do foco e a desatenção.
E, por consequência, a perda da capacidade da inteira compreensão do enunciado. E nesse momento a probabilidade de erro cresce exponencialmente...
Eis o problema: o candidato sabe a resposta, mas por uma falha na cognição do enunciado, ele erra.
Saber e errar dói...dói imensamente quando a nota fica próxima aos 40 pontos.
Vejam o trecho de um enunciado da última prova objetiva (V Unificado) para ilustrar bem o que estou falando:
"Questão 2
(...) Em um dos dias em que atuava profissionalmente, viu-se interpelado por um dos chefes de seção, que questionou sua permanência no local, proibida por atos regulamentares. Diante disso, é correto afirmar que (...)"
Lendo a última prova, da forma como foi concebida, praticamente 80% das questões têm em seu final um "é correto afirmar". Até aí nada de fantástico: o sentido final da pergunta fica claro. O problema reside na probabilidade de vir, perdido no meio da prova, um "é incorreto afirmar", ou escolha a alternativa incorreta.
O risco existe, e o candidato, vindo em uma toada de "é correto afirmar", pode, por desatenção, ser surpreendido.
E a desatenção pode decorrer, principalmente nas provas da FGV, dos enunciados extensos. Vejam um exemplo:
""O sindicato dos empregados de empresa de transporte e o sindicato das empresas de transporte firmaram convenção coletiva, na qual foi estipulado aviso prévio de 60 dias por tempo de serviço, no caso de dispensa sem justa causa. Dois meses depois de esse instrumento normativo estar em vigor, o motorista Sílvio de Albuquerque foi despedido imotivadamente pela Transportadora Carga Pesada Ltda. Em virtude de não ter a CTPS assinada e de não terem sido pagas suas verbas rescisórias, Sílvio ajuizou ação trabalhista, pleiteando o reconhecimento do vínculo de emprego, assim como o pagamento das verbas rescisórias, observando-se o aviso prévio de 60 dias, bem como a projeção de 2/12 nas suas férias proporcionais, 13º proporcional e FGTS, além da contagem desse período no registro do termo final do contrato em sua CTPS. Em contestação, a transportadora impugnou a pretensão de Sílvio, sob o argumento de que ele era autônomo e, ainda que não o fosse, o instituto do aviso prévio, tal como previsto no art. 7º, XXI, da CRFB, é de trinta dias, inexistindo lei que o regulamente. Argumentou, ainda, que convenção coletiva não é lei em sentido formal e que, portanto, seria inválida a regulamentação da Constituição por meio da autonomia coletiva sindical. Com base na situação acima descrita, é correto afirmar que Sílvio
(A) não faz jus ao aviso prévio de 60 dias, uma vez que o art. 7º, XXI, da CRFB é norma de eficácia limitada, inexistindo lei que a regulamente.
(B) faz jus ao aviso prévio de 60 dias, uma vez que o art. 7º, XXI, da CRFB não é empecilho para a ampliação do período de 30 dias por meio de norma coletiva.
(C) não faz jus ao aviso prévio de 60 dias, uma vez que não teve a CTPS assinada.
(D) faz jus ao aviso prévio de 60 dias, uma vez que era trabalhador autônomo.""
É importantíssimo ter plena consciência do sentido do enunciado para evitar ser surpreendido por um jogo de palavras inúteis.
Vejam que a questão está repleta de palavras absolutamente inúteis para o raciocínio e para o oferecimento da resposta correta. Trata-se de uma questão problematizadora, na qual não basta só o candidato conhecer o conceito como também deve utilizar o raciocínio paa adequar a solução correta ao enunciado proposto. Neste caso, é preciso ir um pouco além de meramente ter em mente, decorado, o conteúdo legal: é preciso raciocinar em face do problema, e o problema, praticamente, não oferece quase nada para ajudar na escolha da resposta correta.
O interessante é ter de raciocinar para perceber que quase nada é útil na hora de se escolher a resposta.
Não é um jeito adequado e nem honesto de se avaliar a capacidade de uma futuro advogado. Mas essa é a prova.
Durante a leitura vocês precisam separar o joio do trigo: delimitar quais informações são relevantes para a escolha da assertiva correta.
E detalhe: uma prova com tantos enunciados extensos foi pensada, EXATAMENTE, para cansá-los e vencê-los pela exaustão mental.
O pessoal da FGV certamente conhece os efeitos do cansaço (e do stress) sobre a capacidade cognitiva dos candidatos.
Não há como fugir disso.
Eis então a importância do foco: ler os enunciados com calma para apreender o exato sentido da pergunta, fugindo das armadilhas do texto e encontrando de fato a solução adequada ao problema.
4 - O chute genérico
Observem o gabarito da última prova objetiva:
Vejam agora esta contagem:
Letra A - 19 vezes
Letra B - 20 vezes
Letra C - 21 vezes
Letra D - 20 vezes
Total = 80 assertivas
Interessante, não é?
E tal equilíbrio nas respostas da prova objetiva é verificável em todas as provas objetivas.
Ou seja: há um equilíbrio nas questões.
Eu sou, pessoalmente, contra o chute. Sempre acredito que o candidato consegue ir de forma mais clara na questão observando a lógica do enunciado, a lógica jurídica e eventuais tentativas de evocação do conteúdo anteriormente estudado.
Mas, por outro lado, não posso negar a realidade, e de fato existe um equilíbrio no número de alternativas corretas na prova objetiva.
De posse dessa informação, o que fazer?
Caso vocês cheguem a um determinado ponto da prova e resolvam chutar por não visualizarem mais questões passíveis de serem resolvidas com o conhecimento puro e simples, é possível chutar escolhendo a letra que tenha sido menos escolhida durante a resolução da prova.
Como último recurso, na ausência de capacidade de responder o resto da prova, a observar essa lógica faz sentido.
Mas ressalto: é a última alternativa dentro da prova! Medida, digamos assim, de desespero. Busquem as respostas dentro da lógica jurídica e de seus conhecimentos, descartando antes respostas que não parecem ser adequadas.
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É isso pessoal.
De tudo que escrevi acima, a atenção, com certeza, é o elemento mais importante na hora da resolução da prova.
Dá para fazer a prova inteira sem o atropelo do tempo em que eram 100 questões. Sob este aspecto, fiquem mais tranquilos (mas não muito!!).
Leiam, sublinhem trechos do enunciado relevantes para a compreensão do problema e compreendam o que é pedido.
Esse é o caminho!