Terça, 26 de fevereiro de 2013
O deputado federal Marcos Feliciano (PSC-SP) é o relator de um novo projeto que quer acabar com o Exame de Ordem.
Ele diz que, perante a opinião pública, "está cada vez mais claro que a principal função do exame não é melhorar a formação dos candidatos mas enriquecer a OAB".
Ele define isso como "uma escravidão intelectual". E arremata com valores. "Só um dos Exames de Ordem de 2012 rendeu mais de R$ 70 milhões".
Leia a entrevista do parlamentar à revista IstoÉ desta semana
ISTOÉ ? O sr. acredita que será possível aprovar o projeto?
Feliciano ? Está cada vez mais claro que a principal função do exame não é melhorar a formação dos candidatos mas enriquecer a OAB. É uma escravidão intelectual.
ISTOÉ ? E a pressão dos advogados?
Feliciano ? Uma única prova rendeu mais de R$ 70 milhões à OAB. A sociedade sabe que isso é um absurdo.
ISTOÉ ? O sr. acredita na boa vontade dos parlamentares para enfrentar essa força?
Feliciano ? Depois que o então presidente da OAB, Ophir Cavalcante, chamou a Câmara de pântano, vários deputados e senadores me procuraram para dizer que era preciso acabar com o exame. A Ordem nos ajudou.
Fonte: www.espacovital.com.br
O deputado não está muito bem informado. Uma única prova não pode render mais de 70 milhões à OAB.
O último Exame, por exemplo, teve 118.537 inscritos, quase o recorde de inscritos (121 mil candidatos). Se a inscrição custa R$ 200,00, o máximo a ser arrecadado (e aqui estou desprezando as isenções) são R$ 23.707.400,00. Um valor bem menor do que o alardeado na entrevista.
E aqui não só o valor foi hiper-estimado como também o deputado não levou em conta os custos com a aplicação da prova, que não são pequenos.
Em suma, foi uma hipérbole parlamentar, por certo.
Ademais, o presidente da OAB agora é outro, e não mais o Dr. Ophir Cavalcante. E o novo presidente tem se preocupado em estabelecer um contato mais amistoso com os poderes da República, incluindo aí o Congresso. Isso amenizaria, em tese, as tensões deixadas pela gestão anterior.
Sim, as condições para derrubarem o Exame cresceram significativamente após a eleição do deputado Eduardo Cunha para a liderança do PMDB na Câmara:
Eduardo Cunha é o novo líder do PMDB na Câmara
Talvez a manifestação do deputado Marco Feliciano seja o esboço do início de uma mobilização maior contra a prova, pois até agora Eduardo Cunha não fez nada em concreto para tentar acabar com ela APÓS sua eleição. Como ambos têm afinidades, uma ação em conjunto pode estar sendo planejada.
Mas isso é só especulação. Por enquanto, de concreto, nada.