Quarta, 21 de novembro de 2012
Eu sempre brinco com o "paçei" em homenagem aos aprovados.
Evidentemente, parabéns a todos que heroicamente conseguiram a aprovação. Vocês foram persistentes, batalhadores e conseguiram vencer uma etapa dificílima.
Mas, realmente, não dá para ser feliz do jeito que as coisas estão.
Não dá.
Eu pessoalmente vi um monte de provas mal-corrigidas, sem mesmo com a declinação correta das resposta (apenas a redação não convergia exatamente com o padrão ou o espelho, mas as respostas estavam lá) e tantos e tantos candidatos sucumbem assim, sem mais e sem menos?
Reclamações generalizadas de respostas dadas e não corrigidas, que fundamentariam de forma consistente inúmeros recursos, e apenas e somente apenas 1.394 recursos lograram sucesso - VIII Exame da OAB tem 20.785 aprovados (17,63%). Apenas 1.394 recursos foram providos
Um rigor espartano e maniqueísta na correção das provas.
Até mesmo candidatos que tiraram a nota ZERO na peça prática da prova de Direito empresarial por terem optado por uma petição PREVISTA no padrão de resposta, mas ignorada pelos corretores na hora da análise da prova, não lograram nenhum sucesso em seus recursos - Falha GRAVE na correção das provas de Direito Empresarial do VIII Exame de Ordem.
Na boa! Quer reprovar? Reprovar muito? Então reprova com um pouco mais de discrição, mais elegância, mais garbo, mais charme.
Por que reprovar deste jeito não dá. Está tudo escancarado demais, rasgado demais. Reprovações quase que pornográficas.
Mais uma vez: a OAB pode e deve aplicar a prova como quer, escolhendo o grau de dificuldade que bem entender.
Isso não se discute.
O que se discute é a reprovação de quem mostra efetivamente que tem a capacidade de passar mas sucumbe diante do rigor formalista do padrão de resposta, seguido cegamente pela banca, conforme mostrei no post desta semana Como a FGV elabora a prova do Exame de Ordem?
A prova é subjetiva, mas a correção é CLARAMENTE objetiva.
Não! Se a prova é subjetiva, a correção também precisa ser subjetiva, e não planificada ao extremo. A redação, o raciocínio e a lógica jurídica do candidato NÃO têm de ser um espelho do entendimento da OAB, e sim uma expressão real do que juridicamente é possível!!
Raciocínios e lógicas de argumentação não são planificáveis. Ainda mais quando os candidatos oferecem respostas em conformidade com o espelho mas, mesmo assim, tomam FERRO da banca.
Fica aqui o meu desabafo quanto a esse sistema que pulveriza a credibilidade do Exame de Ordem (mais uma vez) e os sonhos de quem é plenamente capaz de exercer o nobre ofício da advocacia.
Com as eleições na OAB ocorrendo nesta e na próxima semana esperamos que os ventos da mudança soprem no CFOAB e permitam que uma prova JUSTA seja aplicada.
Nesse meio tempo, a imagem que melhor reflete a correção da prova é a a abaixo, sem maiores contemplações: