Terça, 10 de maio de 2016
O Estadão publicou hoje uma matéria muitíssimo interessante sobre a atual conjuntura na área trabalhista. O Presidente do TST, ministro Ives Gandra Filho, prevê que três milhões de novas ações trabalhistas devem ingressar na Justiça em todo o País somente no ano de 2016. Isso significaria que o aumento neste ano, em comparação com o ano passado, será de 13%. Um crescimento espantoso, reflexo da atual conjuntura econômica do país.
Se compararmos esse percentual com o crescimento entre 2014 e 2015 (5,1%), podemos visualizar como a crise econômica esgarçou as relações trabalhistas. Somente no ano passado o Brasil perdeu 1,5 milhão de postos de emprego. Nerste ano já chegamos a marca dos 11,1 milhões de desempregados.
Entre os principais pedidos nas ações trabalhistas neste período recente de crise temos a cobrança de verbas rescisórias, pagamento de horas extras, adicional de insalubridade e recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) estão entre os principais motivos das ações nas varas. Para a advogadaDébora Arakak, entrevistada pelo Estadão, em seu escritório as demandas trabalhistas subiram 22% em fevereiro deste ano, comparado com o mesmo período do ano passado.
E a tendência, ao menos no curto prazo, é piorar antes de experimentarmos alguma melhora, caso o governo Michel Temer consiga mudar a rota da economia. Se não conseguir, a crise perdurará por mais tempo.
De acordo com o banco Credit Suisse, ainda em fevereiro deste ano, o Brasil caminha para a pior recessão da história. A assertiva foi baseada em um estudo feito pela próprio banco. O Brasil corre um risco, quase inevitável, de viver três anos seguidos em recessão, o que não ocorre desde o início do século passado.
As projeções para 2016/2017, feitas pelo Credit Suisse no final de 2015, apontavam para uma contração na economia brasileira de 3.5% do PIB (Produto Interno Bruto), porém, agora, neste primeiro bimestre do ano, o banco já aponta um número próximo, ou até mesmo superior, a 4% de contração do PIB brasileiro.
Não são, evidentemente, notícias boas para a economia do país, mas nós temos que olhar sob o prisma para o mercado da advocacia. e os advogados trabalhistas vivem exatamente desse tipo de situação: a rescisão dos contratos de trabalho, independentemente das causas.
Hora de pensar no contencioso trabalhista!
Com as margens de lucro das empresas sendo espremidas, demitir acaba se tornando uma opção para manter a viabilidade econômica do negócio. E é aí que os jovens advogados podem arriscar a sorte neste campo tendo maiores chances de conseguir clientes.
Essa seria, em um primeiro plano, a melhor forma hoje de iniciar a carreira na advocacia, exatamente em função do aumento das demandas. Evidentemente, isso deveser feito já de olho na tendência de uma melhora, no médio prazo, das condições econômicas. Isso implicaria em uma redução no volume de demandas. Mas pelo menos pelos próximos 3 anos o surgimento de novos casos e clientes seguirá em um patamar considerável.
Em regra, se o trabalhador demitido não conseguir uma recolocação no mercado de trabalho - factível em tempos de crise - a busca pelo Poder Judiciário para satisfazer seus direitos acaba se tornando o caminho mais lógico.
Quem está começando a advogar pode perfeitamente investir mais no atendimento e na atenção aos clientes. Isso tende a produzir um efeito positivo na ampliação do número de clientes. Diferentemente de uma banca grande, quem está começando tem como, ao menos no começo, fazer um trabalho diferenciado, "gourmet", para cativar os clientes e, claro, faer funcionar o famoso boca-a-boca.
O momento é o de avaliar onde, na região em que vocês moram, há uma maior possibilidade de rescisões contratuais, considerando não só localidades como também ramos econômicos distintos. A partir daí avaliar quais pontes de contato existem entre o profissional e os possíveis futuros clientes, e partir para a prospecção do mercado.
Pensem nisto!
Com informações do Estadão.