MEC nega autorização para abertura de Curso Tecnólogo Jurídico após intervenção da OAB

Quinta, 21 de julho de 2016

Saiu no Blog Educação Jurídica uma notícia muito boa para todos os operadores do Direito: o MEC barrou a abertura de um curso para Tecnólogo em Serviços Jurídicos interposto pela Faculdade Agronegócio Paraiso do Norte, para o município de Paraíso do Norte/PR.

Confiram:

O Ministério da Educação publicou no Diário Oficial da União, do dia 18/07/2016, na seção 1, pag. 20, o indeferimento do pedido de abertura do curso Tecnólogo em Serviços Jurídicos interposto pela Faculdade Agronegócio Paraiso do Norte, para o município de Paraiso do Norte/PR.

A decisão do MEC atende a um pleito já formulado pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil que enviou ao Órgão Ministerial parecer fundamentado da Comissão Nacional de Educação Jurídica e do Conselho Pleno da entidade contrário à abertura desse tipo de curso.

Além disso, o ?presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, juntamente com secretário-geral da OAB Nacional Felipe Sarmento, o secretário-geral adjunto da entidade, Ibaneis Rocha; o conselheiro federal pela OAB Goiás e presidente da Comissão Nacional de Educação Jurídica, Marisvaldo Cortez? estiveram presentes no Ministério da Educação no dia 7 de abril do ano em curso, solicitando ao Ministério o fim da oferta dos cursos técnicos de serviços jurídicos, não permitindo a abertura de novos cursos.   

Diante disso, a presente decisão demonstra a aceitação por parte do MEC do posicionamento indicado pela OAB. Outros pleitos da OAB serão avaliados pelo Ministério da Educação, com a análise do novo Marco Regulatório da Educação Jurídica que será apreciado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). Destaca-se que a Instituição de Ensino poderá recorrer ainda da decisão do MEC junto ao CNE.

Fonte: Educação Jurídica

Trata-se, seguramente, de um posicionamento muito importante do MEC, pois pode representar o início do fim desse tipo de curso, desnecessário e potencialmente perigoso para as demais carreiras jurídicas, em especial a da advocacia.

Primeiro teríamos uma potencial pressão do mercado sobre os bacharéis e jovens advogados. Um técnico jamais poderia ganhar o mesmo que um jovem advogado, por exemplo. O problema está no fato que os salários oferecidos hoje para jovens advogado snão estão muito distantes do salário mínimo. Um técnico poderia substituir um jovem advogado, tirando o lugar dele no mercado, a um valor ínfimo, para executar tão somente serviços burocráticos.

Depois, existe o risco de técnicos em serviços jurídicos exercerem ilegalmente a profissão de advogados, oferecendo assessoria ou consultoria jurídicas, atividades privativas dos advogados em conformidade com a Lei 8.906/94. Aliás, já existem relatos neste sentido.

E, é claro, não vai demorar e quem tiver a formação em Técnico Jurídico vai querer a equiparação com os advogados, ao menos na parte de assessoria ou consultoria jurídicas.

Aqui a matemática é simples: Quanto maior o número de pessoas formadas maior a pressão política que elas podem fazer. Já temos muitos bacharéis em Direito querendo acabar com o Exame de Ordem, porque não, em um futuro nem tão distante assim, os técnicos jurídicos não podem pressionar para exercer algumas atividades privativas dos advogados? Ou mesmo requerer o direito de fazer o Exame da OAB? Ou de se juntarem com os bacharéis que querem o fim do Exame e juntos, com um maior núemro de interessados, aumentar a pressão sobre o Congresso. Ou, ainda, juntos lutarem contra o Exame de Ordem?

Boa conquista da OAB. Vamos ver se o MEC mantém esse posicionamento.