Segunda, 7 de dezembro de 2015
Eu estava navegando no site do Conselho Federal da OAB quando me deparei com a página do quadro de advogados da entidade. E nela, um dado surpreendente: já estão cadastrados 940 mil advogados na instituição. Mais precisamente 940.555 advogado por todo o Brasil.
Uau!
É muito advogado! Muito mesmo!
Não fica difícil fazer os cálculos! Ultimamente, a cada edição do Exame, nós estamos com uma média de 120 mil inscritos:
X Unificado -124.887 inscritos
XI Unificado - 101.156 inscritos
XII Unificado - 122.352 inscritos
XIII Unificado - 126.526 inscritos
XIV Unificado - 110.820 inscritos
XV Unificado - sem dados
XVI Unificado - 111.816 inscritos
XVII Unificado - 133.390 inscritos
XVIII Unificado -124.000 inscritos
Então nós temos pela frente os futuros aprovados no XVIII, XIX e XX Exames. Como a média de aprovação no Exame de Ordem, de acordo com os dados da própria FGV, é de 17,5%, essas 3 edições juntas podem garantir mais 63 mil aprovados. Somando com os 940 mil já existentes, teríamos 1.003.555 advogados inscritos na OAB já no XX Exame de Ordem, ou seja, no 2º semestre de 2016.
Ou, na pior das hipóteses, chegaríamos a este número ao final do XXI Exame, no comecinho de 2017.
Já imaginaram? Um milhão de advogados no país? Haja clientes para tantos coleguinhas!
Isso, evidentemente, tem uma causa. Uma única causa: a expansão das faculdades de Direito.
A evolução no número de insctituições ao longo do tempo pode ser retratada da sequinte forma:
1995 ? 165 faculdades de Direito
2001 ? 505 faculdades de Direito
2014 ? 1284 faculdades de Direito
Isso representa um crescimento de 778,18% no período, algo verdadeiramente assombroso considerando que a qualidade do ensino médio no país não melhorou para o ensino superior acomodar tantos novos universitários.
Direito tem 282 mil novos estudantes por ano, sendo que cerca de 125 mil examinandos fazem a prova da OAB no período. A diferença entre ingressantes e examinados se dá pelas desistências ao longo do curso e em razão de que nem todos fazem o Exame de Ordem.
Teremos mercado para atender tantos profissionais assim?
Tem gente que acredita que sim, mas pelo o que vejo, essa não é a realidade hoje:
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Teremos mesmo mercado para tantos profissionais?
A crise do mercado para os advogados, real, em especial os mais jovens, deriva, em essência, de dois fatores:
1 - expansão desenfreada de cursos jurídicos nas últimas 2 décadas, gerando um contingente imenso de novos profissionais, e;
2 - baixa capacidade da economia em absorver a mão de obra disponível.
Sem uma economia em franca expansão, que sustente as demandas da sociedade , em especial em termos de empregabilidade, fica difícil imaginar o mercado absorvendo tantos profissionais. Afinal, o mercado da advocacia DEPENDE de uma economia forte, de uma economia onde o dinheiro gire, para a classe ser procurado pelos seus clientes. Uma economia estática, parada, representa tão somente a miséria para o advogado.
Enfim...o prognóstico do mercado não é nada bom.