Quarta, 21 de janeiro de 2015
E quando você pensa que o curso de Direito está saturado, cheio, um monte de estudantes, vem a notícia que a maior nota de corte do SISU é para o curso de Direito.
Confiram a notícia do site do MEC:
Com as inscrições abertas no Sistema de Seleção Unificada desde o dia 19, o Ministério da Educação registra o curso de direito da Universidade Federal Fluminense como o mais disputado pelos estudantes. De acordo com o balanço parcial divulgado à zero hora do dia 21 de janeiro, os candidatos precisam ter no mínimo 824,21 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio para conseguir ingressar no curso da instituição.
O curso de medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro registra a segunda maior nota de corte, com 821,81 pontos. Foram consideradas as instituições de ensino superior públicas que ofertam vagas integralmente pelo Sisu e que não atribuíram bonificação às notas dos estudantes.
Diariamente a classificação parcial e notas de corte são divulgadas pela internet para consulta dos estudantes. Até o último dia das inscrições os candidatos podem alterar as suas opções de curso de acordo com as notas de corte.
O número de inscritos é de cerca de 2 milhões somente nos dois primeiros dias. Até o momento, o estado com maior número de candidatos é Minas Gerais, seguido por São Paulo. Ao todo, estão sendo oferecidas 205 mil 514 vagas, em 5.631 cursos de 128 instituições públicas de educação superior. As inscrições vão até as 23h59 desta quinta-feira.
Fonte: MEC
Beleza! E o que isto quer dizer, exatamente?
Trata-se apenas da percepção da amplitude do prestígio que o curso de Direito tem. Nós temos plena noção das dificuldades quer a profissões jurídicas apresentam hoje, em especial em relação ao quesito "conseguir um lugar ao sol", mas isto, aparentemente, impacta de forma muito atenuada no universo daqueles que ainda vão entrar na graduação.
Ter um curso de Direito possuindo a maior nota de corte significa, tão somente, que ele é o mais concorrido entre os candidatos que fizeram o ENEM e agora usam o SISU para poderem escolher suas respectivas faculdades.
Os números do ensino jurídico no Brasil são hiperlativos!
Durante a XXII Conferência Nacional dos Advogados Brasileiros, ocorrido em outubro último, o décimo painel do evento, cujo tema era "o Ensino Jurídico, Advocacia e Sociedade" e, naquela oportunidade, o ex-presidente da OAB, Dr. Ophir Cavalcante, tratou da expansão do número de faculdades de Direito no Brasil desde 1995. A evolução foi traçada desta forma:
1995 ? 165 faculdades de Direito
2001 ? 505 faculdades de Direito
2014 ? 1284 faculdades de Direito
Isso representou um crescimento de 778,18% no período, algo verdadeiramente assombroso considerando que a qualidade do ensino médio no país não melhorou para o ensino superior acomodar tantos novos universitários.
Só o estado de São Paulo tem 300 faculdades de Direito - o maior número no país inteiro, mais do que no Estados Unidos, que tem 212 faculdades.
Isso representa, em termos práticos, o seguinte contingente de estudantes e examinandos:
1 - 282 mil novos estudantes por ano
2 - 125 mil examinandos por ano.
A diferença entre ingressantes e examinados se dá pelas desistências ao longo do curso e em razão de que nem todos fazem o Exame de Ordem.
Já a segunda informação, de que 125 mil examinandos fazem a prova por ano, quando cada edição tem aproximadamente 110 mil inscritos, pode parecer estranha em um primeiro momento, mas ela faz sentido.
Final do ano passado publiquei um post tratando dos atuais percentuais de reprovação no Exame de Ordem:
"Mais de 8 em cada 10 estudantes que fizeram o Exame de Ordem da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) foram reprovados nos últimos quatro anos. A estatística (82,5%) consta na segunda edição do relatório ?Exame de Ordem em Números?, ao qual O GLOBO teve acesso com exclusividade. Feito pela FGV Projetos, que organiza a prova, o estudo faz uma análise do II ao XIII exames, de 2010 a 2014.
Nesse meio tempo, dos mais de 1,3 milhão de inscritos, apenas 234 mil (17,5%) receberam a tão sonhada carteira de advogado, que permite ao bacharel em Direito exercer a profissão. Desde 2010, a OAB federal organiza provas unificadas, que antes ficavam a cargo de cada seccional da organização."
Os dados acima derivam de um estudo publicado pela FGV abrangendo as estatísticas do Exame de Ordem de 2010 até 2014.
E com essa notícia dada pelo MEC, podemos ver que o prestígio do curso continua firme e forte.