Hora de questionar os porquês da reprovação na OAB

Quinta, 6 de junho de 2019

Hora de questionar os porquês da reprovação na OAB

Reprovar no Exame, e vocês sabem muito bem disto, é algo particularmente desagradável e emocionalmente desgastante. Nem é preciso abordar muito o tema porque a sensação é óbvia e é bem fácil de ser compreendida por todos.

Da reprovação vem então o desejo de se superar e vencer de uma vez por todas o desafio, e um novo processo de estudo tem início. Ao fim, mais uma vez, vem uma nova reprovação.

E o ciclo se repete...

Chega então o ponto em que o candidato atinge o ponto da descrença e a força emocional encontra seu limite.

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Este é um ponto perigoso.

Muitos candidatos me procuraram trazendo um mesmo problema: estudam de fato e mesmo assim reprovam. Não conseguem superar o desafio por mais que se esforcem e não sabem mais o que fazer.

O que fazer?

Mesmo problema, mesma resposta

Identifiquei um detalhe interessante no comportamento de todos os candidatos que me procuraram: uma vez apresentado o problema, a resposta foi sempre a mesma.

Qual o problema? Reprovar!

Qual a resposta? Estudar mais!

E este é o ponto: estudar mais do MESMO jeito!

Nenhum destes examinandos se perguntou, ou colocou como problema, o fato de usarem a mesma metodologia ou estratégia de estudos.

Este é um ponto decisivo dentro do processo de repetição: a utilização de uma mesma fórmula de preparo, fórmula esta já anteriormente testada e também reprovada.

Hora da autocrítica real

Por que o candidato reprova? Essa é uma pergunta basilar!

Por vezes a autocrítica é tão severa que a descrença quanto a capacidade pessoal é minada. Não raro o candidato vê os colegas de faculdade serem aprovados, aqueles mesmos colegas para quem ele passava cola ou, nos trabalhos em grupo ele mesmo resolvia tudo, e ainda assim, ele, o candidato que na faculdade era bem melhor que os demais, os vê sendo aprovados.

Algo está errado!

A prova da OAB tem suas peculiaridades, entre as quais destaco duas:

1 - privilegia a mnemotécnica;

2 - oferece pouco tempo para a preparação.

De 70 a 75% da prova é pura repetição da letra da lei, ou seja, quem tem mais facilidade para decorar os textos legais, ou melhor ainda, os "bizus" passados pelos professores, tem mais chances de obter sucesso.

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Aqui faço uma observação interessante. Inteligência é um conceito muito amplo e imaginar que o fracasso é decorrência da "falta" de inteligência pode ser bastante errôneo.

Podemos falar de dois conceitos interessantes sobre o que é inteligência . Um decorre de um relatório condensado por uma equipe da Associação Americana de Psicologia, publicado em em 1995 -  Intelligence: Knowns and Unknowns:

Os indivíduos diferem na habilidade de entender ideias complexas, de se adaptarem com eficácia ao ambiente, de aprenderem com a experiência, de se engajarem nas várias formas de raciocínio, de superarem obstáculos mediante o pensamento. Embora tais diferenças individuais possam ser substanciais, nunca são completamente consistentes: o desempenho intelectual de uma dada pessoa vai variar em ocasiões distintas, em domínios distintos, a se julgar por critérios distintos. Os conceitos de "inteligência" são tentativas de aclarar e organizar esse conjunto complexo de fenômenos.

A segunda definição foi explicitada no relatório Mainstream Science on Intelligence, assinado por 52 pesquisadores em 1994:

Uma capacidade mental bastante geral que, entre outras coisas, envolve a habilidade de raciocinar, planejar, resolver problemas, pensar de forma abstrata, compreender ideias complexas, aprender rápido e aprender com a experiência. Não é uma mera aprendizagem literária, uma habilidade estritamente acadêmica ou um talento para sair-se bem em provas. Ao contrário disso, o conceito refere-se a uma capacidade mais ampla e mais profunda de compreensão do mundo à sua volta - "pegar no ar", "pegar" o sentido das coisas ou "perceber" uma coisa.

Se a auto-estima estava abalada, os conceitos acima mostram que a reprovação pode ter uma série de causas, menos a própria percepção de inteligência.

Ora, se a prova é texto de lei, DECORAR, que é uma habilidade, não prejudicaria o próprio conceito de inteligência, que está mais associado a uma capacidade de COMPREENDER  e PROCESSAR informações, e não puramente decorar.

Isso é importante!

Logo, a incapacidade do candidato em passar muitas vezes está mais correlacionada com a adoção de uma metodologia de estudo equivocada do que com a própria inteligência tomada em si mesma.

Ou seja: há solução!

De quem é a culpa?

É tentador dizer que a banca pegou pesado e forçou a reprovação.

E sim, a banca pode apelar mesmo!

Mas...isso é aquilo que chamamos de "variável", ou seja, é algo que pode acontecer dentro do campo das possibilidades. A OAB joga pesado com os candidatos edição sim, edição não, e estar pronto para essa variável é fundamental.

Não raro as primeiras fases de certas edições aprovam milhares de candidatos, como a do XXIV, por exemplo, passando a impressão de que não é tão difícil assim.

Mas quem espera de verdade indulgências da banca?

Sim, a banca apelou, mas na hora do exercício da autocrítica a CULPA pela reprovação não pode ser jogada nos ombros da banca.

Se a responsabilização pelo fracasso não for assumida pelo próprio candidato, a autocrítica não servirá para nada, e as mudanças que ela deveria patrocinar não ocorrerão.

É preciso chamar a responsabilidade para si.

Justo ou injusto, certo ou errado, quem deseja mudar precisa atribuir a si a culpa pela reprovação, mesmo que tenha estudado muito, mesmo que isto soe como algo injusto.

A mudança não depende da banca. Dela não podemos esperar nada, exceto o pior. A mudança para melhor só depende do candidato.

Aceitem isso.

Sobre a metodologia de estudo

Qual é a metodologia de estudo CORRETA?

Não existe uma resposta pronta e acabada para esta pergunta, em especial porque as pessoas têm formas potencialmente distintas de apreender conteúdo.

Uma metodologia útil para um estudante não seria tão eficiente para outro.

Mas o ponto é: qual é a melhor metodologia de estudo para quem já reprovou várias vezes no Exame?

Uma certeza: NÃO é a mesma utilizada até agora!

Se a mesma metodologia produziu um mesmo resultado, um resultado distinto só será obtido se uma nova metodologia de estudo for usada.

Já refletiram sobre isso?

Não falo aqui em estudar mais, e sim em estudar de forma diferente!

Eu desde sempre sugiro o seguinte método:

1 - leitura de doutrina específica para a OAB + leitura simultânea do texto legal;

2 - Elaboração de resumo, feito de cabeça, logo após o período de estudos;

3 - Resolução de exercícios para evocar o conteúdo de uma forma distinta;

4 - Retroalimentação, ou, revisão do conteúdo estudado após um determinado tempo e por determinadas vezes.

Mas esse é um modelo que não só aceita em si uma série de variações como pode ser trocado por alguns outros modelos diferentes. Depende da particularidade de cada um.

Depende também de tentativas e erros, de experiências e avaliações.

Existe inclusive uma abordagem específica sobre isto: a metapreparação, que é o estudo sobre a forma como aprendemos.

Como saber se um método de estudo é eficiente?

Só há única forma de saber se um determinado método é eficiente: pelo resultado final!

Ou seja, se depois de algum tempo a informação estuda está retida e o estudante consegue lidar com ele de forma desembaraçada e correta, ele aprendeu, e assim o método usado é validado.

Evidentemente, a metodologia e sua eficiência devem ser balizados pelo fator tempo. Se você usa um método e ele só vai produzir resultado daqui 1 ano para a abordagem de um tema, se demonstra eficiente considerando o resultado final, mas não eficiente considerando o fator tempo.

Ambos tem de ser eficazes!

Vejo candidatos que passam após 5, 6 ou 7 edições depois de baterem na parede com o mesmo método em todas as oportunidades. Foram aprovados mais em função do longo tempo usado do que pela eficiência da forma de estudar. Entretanto, depois de verem e reverem um mesmo conteúdo por tantas vezes, seria difícil não colher o resultado positivo.

O pior é saber que o método equivocado será usado ao longo da vida. Se este candidato resolver se tornar um concurseiro, ele vai levar consigo uma série de vícios de estudo, consubstanciados em uma metodologia equivocada, que o colocará em desvantagem diante dos futuros concorrentes.

Aqui faço uma importante ressalva: falei do tempo de aprendizado, mas isso não significa dizer que a eficiência está ligada a uma velocidade absurda.

Aprender é um processo complexo e demorado por si mesmo. Duvidem de facilidades, de "aprendizagens aceleradas" e coisas semelhantes. O cérebro de todos nós é parecido, e "milagres" cognitivos não existem.

Ler e apreender demanda atenção, foco e concentração. Fazer resumos é algo que eu particularmente considerado enfadonho, mas é eficiente. Resolver exercícios, errar e aprender com o erro demanda tempo também. Repetir esse processo em um sistema de revisão também cansa, mas é necessário.

Duvidem dos milagres!

Há um "ajuste fino" na questão do tempo, e tempo dedicado aos estudos, complexidade do conteúdo, volume de estudos e tempo de apreensão do conteúdo com segurança devem ser levados em consideração. Não tem uma fórmula do que é ideal, depende de cada um, e uma reflexão séria sobre isto precisa ser feita.

Estratégia

A estratégia tem uma clara vinculação com escolhas e ações, e ambas precisam ser as melhores visando a produção de um resultado final eficiente.

Isso envolve, entre outras coisas:

1 - estudar sozinho ou em grupo;

2 - ler doutrina, fazer cursinho ou ambos;

3 - Definir o tempo ideal de preparação para se sentir pronto para a prova e, via de consequência, escolher a edição correta do Exame a ser feita. Isso quer dizer que o próximo exame não precisa ser, necessariamente, o exame alvo;

4 - a escolha da metodologia de estudo;

5 - a escolha do material didático;

6 - gestão dos fatores emocionais;

7 - escolha do local ou locais de estudo.

Estratégia é um conceito diferente do de metodologia de estudo, e ter uma, um planejamento, também é importante, pois o candidato não desperdiça energias com o que não é relevante e ele pode seguir um roteiro com segurança, sabendo o que escolheu e por que escolheu.

O candidato vai estudar no curso barato ou no curso caro? Isso faz diferença? Qual diferença?

Curso ou doutrina? Por que um e por que outro? Qual se amolda melhor a minha metodologia de estudo?

Eu prefiro ler ou ver uma aula? Prefiro fazer um resumo escrevendo ou recitando?

Quanto tempo devo dispor para estudar? Do que vou abdicar par isto?

Estudo finais de semana ou deixo eles para descansar?

São muitas variáveis, que podem ser pensadas sem grandes dificuldades, mas que são ao mesmo tempo importantes para a estruturação final da ESTRADA que levará o candidato até a aprovação.

IMPORTANTE!

Esse texto é para quem já reprovou!

Neste caso, aceite o fato de que uma REFORMULAÇÃO é necessária. De que o que vinha sendo feito antes não é adequado. Pare, pense, reflita e trace um roteiro sobre um PROJETO!

Sim! Passar na OAB é um projeto, e ao menos um ou dois dias planejando a aprovação devem ser usados. Isso é sério, e se feito de forma adequada a aprovação tão almejada ficará, sem a menor sombra de dúvida, bem mais próxima.