Quinta, 31 de janeiro de 2013
Muitos não gostam do atual presidente da OAB. Ele foi eleito como responsável por várias frustrações em seguidos Exame de Ordem.
Valor da inscrição alta? Culpa do Ophir!
Correções injustas? Culpa do Ophir!
Reprovação em massa? Culpa do Ophir!
Tudo culpa dele.
E isso decorreu em função de que em sua gestão o processo de unificação do Exame de Ordem foi concluído (o processo teve início na gestão do ex-presidente Cézar Britto), e também por conta, logo no início de sua gestão, da fraude ocorrida no Exame 2009.3, em que a 2ª fase foi integralmente anulada e reaplicada.
Ali começou tudo!
A partir daí os examinandos, quando precisavam apontar o dedo para alguém visando externar suas insatisfações, viam no presidente o culpado de tudo.
Na realidade, dentro da instituição, era o único com visibilidade. Era o alvo óbvio.
Para completar, já em sua gestão, a OAB retirou da relatoria do projeto do novo CPC o deputado Eduardo Cunha.
Pronto! O deputado ficou irritado, também elegeu o presidente da instituição como o responsável e passou a atacar o Exame de Ordem como forma de retaliação.
Servindo como catalizador e líder político dos bacharéis contrários ao Exame de Ordem (que não são poucos!), Eduardo Cunha não poupou ataques pessoais ao presidente Ophir, em especial após seu discurso na posse no então ministro do STF, Ayres Britto, em que ele chamou o Congresso Nacional de "pântano".
Foi a senha para Eduardo Cunha e sua retórica contra o Exame. Escrevi longamente sobre isto no post Possível ascensão política de Eduardo Cunha em 2013 pode representar o fim do Exame de Ordem na Câmara.
Hoje então Ophir Cavalcante deixará de ser o alvo dos Examinandos.
Ao meu ver, e falo isso com toda a sinceridade, ele não mereceu os ataques que sofreu ao longo dos últimos 3 anos. E não mereceu pelo simples fato de não tomar sozinho as decisões.
O Exame de Ordem não era conduzido por ele, mas sim pela Comissão Nacional do Exame de Ordem. Ele não se envolvia no processo de elaboração das provas, mas sim a Comissão e a FGV. Mas como disse acima, a Comissão e a FGV são, digamos, "entes despersonalizados", sem uma face visível, tangível. Não era o caso do Presidente, pessoa pública e presidente "encarnado" da OAB.
Não teve como fugir das críticas.
Hoje o Conselho Federal elegerá seu novo presidente. A disputa ocorre entre o Dr. Marcus Vinícius Furtado Coêlho e o Dr. Alberto de Paula Machado. Um dos dois passará a ser a representação da entidade, sua face mais visível, assim como ainda é o Dr. Ophir. Mas será que o vencedor receberá de herança a má-vontade daqueles contrários ao Exame ou os insatisfeitos com a condução de uma ou outra prova?
Não é impossível, mas é bem improvável. Eles estão chegando agora, sem as máculas do passado. Ficará esquisito simplesmente apontar o dedo para o novato, isento das "culpas" do passado.
E ambos, ao contrário de Ophir Cavalcante, não são muito chegados em redes sociais.
Ouso dizer, e muitos vão ficar com raiva do que falarei agora, mas acho que vocês vão sentir falta de Ophir Cavalcante.
Tendo feito uma boa ou má gestão, ele sempre deu a cara para bater e até onde consta, nunca amarelou.
Provavelmente, na próxima gestão, os bacharéis e examinandos não terão alguém muito óbvio para apontar o dedo. E se tal percepção se confirmar, estes vão sentir mesmo muita falta de alguém para tacar pedra.
Não deixa de ser, nessas alturas do campeonato, algo muito irônico.