Grupo Anhanguera promove mega demissão de professores

Quinta, 22 de dezembro de 2011

Maior rede de ensino superior do país, a Anhanguera Educacional demitiu neste final de ano cerca de 680 professores de três instituições adquiridas recentemente na capital paulista e no ABC.

Somente na Uniban da capital, foram cortados por volta de 400 docentes, o que representa metade do quadro. A instituição foi comprada pelo grupo em setembro.

Segundo o Sinpro-SP (sindicato dos docentes), é o maior corte numa instituição em ao menos 20 anos. E boa parte dos demitidos são mestres e doutores, ou seja, com salários maiores.

Também houve cortes de professores no campus ABC da Uniban, na UniABC e na faculdade Senador Fláquer. Juntas, elas possuem pouco mais de 60 mil estudantes.

Nas escolas circula a informação que a Anhanguera contratará docentes para suprir parcialmente o corte, mas com titulação menor e com hora-aula mais baixa.

Segundo professores, um mestre da Uniban ganha R$ 38 por hora. A Anhanguera pagará R$ 26 aos novatos.

Os dados sobre as demissões foram levantados pelos sindicatos dos docentes. Em nota, a Anhanguera confirmou que houve ?desligamentos?, sem informar o volume nem como será a reposição.

CRÍTICAS

?A demissão não teve a ver com a minha aula, foi só por causa da titulação?, disse uma docente de psicologia.

?Eles estão fazendo uma reengenharia econômica, com prejuízo às condições de trabalho e de ensino?, afirma o presidente do sindicato paulistano de professores, Luiz Antonio Barbagli.

Outra mudança para 2012 é que os mestres e doutores que permanecerem terão de reduzir suas cargas de trabalho, diminuindo os salários.

Legalmente, as universidades precisam ter ao menos 1/3 de professores com mestrado ou doutorado. Mas há o entendimento de que a porcentagem diz respeito ao número de docentes, não à quantidade de aulas dadas.

Mesmo antes dos cortes, a Uniban já enfrentava problemas de qualidade de ensino.

Na última avaliação federal, a escola teve nota 2 (numa escala de 1 a 5) e foi considerada reprovada pelo governo.

Segundo o sindicato dos docentes do ABC, outra alteração é a diminuição de aulas presenciais. No caso da UniABC, os alunos tinham 20 por semana e passarão a ter 9. Os estudantes receberão aulas à distância.

Fonte: Portal Aprendiz

Em setembro último o Grupo Anhanguera comprou a rede Uniban de ensino por módicos 510 milhões de reais, no até entáo maior negócio na área de educação no Brasil.

Agora, demite 600 professores de graduação de uma só vez, dando ênfase aos professores com mestrado e doutorado, exatamente aqueles que custam mais caro.

São os negócios em detrimento da educação.

O Grupo anhanguera é uma S.A., e como tal precisa gerar dividendos para os acionistas. Alguém desavisado pode achar que a queda no grau de titulação do corpo docente prejudicaria os negócios, mas esse raciocínio não é verdadeiro.

O fator de atração está na massificação (mais de 400 mil alunos, ficando com 15% do total de universitários no Brasil) em razão das baixas mensalidades cobradas.

A escolha é feita em função da capacidade econômica e não da qualidade do ensino.

Querem saber as consequências disso? Vejam os dados abaixo relativos ao Exame de Ordem 2010.3 do grupo Uniban e Anhanguera.

A Uniban, no Exame 2010.3, inscreveu 979 examinandos, e destes apenas 40 lograram aprovação (4,19%)

Já algumas faculdades do Grupo Anhanguera obtiveram desempenhos não muitos melhores. Vejamos dados de algumas dessas instituições:

Faculdade Anhanguera de Bauru: 24 inscritos e 4 aprovados (17,39%)

Faculdade Anhanguera de Campinas: 158 inscritos e 5 aprovados (3,21%)

Faculdade Anhanguera de Jacareí: 13 inscritos e 4 aprovados (30,77%)

Faculdade Anhanguera de Osasco: 26 inscritos e 0 aprovados (0,00%)

Faculdade Anhanguera de Valinhos: 75 inscritos e 3 aprovados (4,05%)

Fonte: Desempenho das faculdades no Exame de Ordem 2010.3

A expressividade dos números do negócio, do business educação superior, em uma primeira análise, não encontra reflexo no desempenho dos egressos daquelas instituições no Exame de Ordem, corroborando com a lógica agora explicitada do negócio em detrimento da qualidade.

Ao se analisar os dados das instituições que mais fornecem egressos para o Exame de Ordem, verifica-se que TODAS apresentam desempenhos pífios na prova:

Nenhuma consegue aprovar mais de 17% de seus egressos, mas todas despejam milhares de bacharéis no mercado por ano. O desempenho é MUITO ruim.

E aqui podemos estabelecer um paralelo: a massificação do ensino tende a prejudicar os alunos, ao menos sob a análise de desempenho no Exame de Ordem.

A lógica na educação superior é a do lucro, e a contrapartida é a entrega do diploma, manifestação tangível da prestações de um "serviço". O serviço educacional.

Tiram os mestres e doutores e entregam o que de volta? No curso de Direito, ao menos, uma reprovação em massa no Exame.

Culpa dos alunos?

Longe disso...

Pergunto para vocês: a culpa é de quem?