Quinta, 27 de abril de 2023
A gestão do tempo na prova da 2ª fase da OAB! Trata-se de um fator primordial durante a prova subjetiva. O tempo e o conhecimento são os dois fatores decisivos neste momento.
Sim, existem outros elementos importantes, mas o tempo e o conhecimento estão acima de todos. O conhecimento vocês estão adquirindo neste exato momento, e ainda terão mais alguns dias para consolidá-lo. Já o tempo é imutável.
Não existe negociação nenhuma com o tempo: ele passa em seu próprio ritmo e nada vai mudar isso.
Essa percepção prévia é fundamental para moldar o comportamento de cada um de vocês na hora da prova. Como o tempo não é elástico, saber utilizá-lo torna-se VITAL no momento da prova.
Vital mesmo, pois não saber utilizá-lo pode levar o candidato a amargar a reprovação. E isso ocorre com bem mais frequência do que vocês imaginam.
Não são raros os examinandos que deixam de responder as questões, ou as respondem de forma açodada, porque dedicaram tempo demais à peça. E as questões são importantes para se lograr a aprovação.
Equilibrar o uso do tempo, portanto, é algo que precisa ser pensado, e trabalhado, antes da prova.
E como pensar o uso do tempo?
A longa prática nos diz como funciona a sucessão de eventos durante a prova. Aqui, é importante frisar, trata-se de uma percepção média, pois o uso do tempo depende diretamente da estratégia adotada. Mas, em regra e na média, conforme o modelo de estratégia que desenvolvemos há praticamente 9 anos, a sucessão dos eventos se dá da seguinte forma.
O enunciado nunca é lido apenas uma vez. Nunca! O enunciado deve ser, em regra, lido 3 vezes seguida, além de, é claro, ser consultado ao longo da elaboração total da peça.
Mas, de plano, o candidato deve ler o enunciado pelo menos 3 vezes para ter a convicção de que entendeu o seu sentido como um todo e, especialmente, para ter certeza quanto a peça correta, fator fundamental em toda a prova.
Logo após a leitura da peça o candidato deve ler as questões. Ele poderia se dedicar integralmente a peça, resolvê-la por completo, para depois fazer as questões, mas isto não é recomendável. É importante, logo de cara, tomar ciência da integral dimensão da prova e, em especial, estabelecer para si mesmo se as questões são passíveis de serem resolvidas ou não.
O candidato lê a peça, lê as questões e já "sente" se tem boas condições de ser aprovado ou não. Aqui entra o fator conhecimento: quem domina a matéria, ao ler o enunciado, já antecipa a própria capacidade de resolver o problema.
E, claro, já consegue dimensionar - aproximadamente - quanto tempo vai gastar resolvendo tudo. Vamos admitir a realização prévia de vários simulados e provas. Quem treinou antes consegue imaginar o uso do tempo de forma abstrata.
A peça, sempre, ficará com o maior quinhão do tempo, não só por ser decisiva na prova como também por ser mais extensa e complexa do que as 4 questões juntas.
Portanto, é razoável dividir o tempo da seguinte forma: 3 horas exclusivas para a peça e as 2 horas restantes para as questões e eventuais pausas.
Sim, pausas acontecem, como ir ao banheiro, por exemplo, ou comer e beber alguma coisa.
Após a divisão, a disciplina: é preciso respeitar a divisão do tempo efetivada.
Daqui surge o grande problema: a dedicação excessiva de tempo à peça e a negligência às questões. O respeito ao tempo dividido é fundamental para e elaboração com qualidade da prova como um todo.
É um pecado errar neste ponto por mera distração. não se permitam isto!
Mas também isso ocorre por um motivo totalmente involuntário: a definição da peça prática pode se tornar bem cascuda.
Vou dar 5 exemplos de casos que prejudicaram candidatos e os fizeram negligenciar involuntariamente as questões, porque perderam tempo demais na peça:
XXX - Prova de Constitucional
Muitos, mas muitos candidatos, por conta de uma pegadinha no enunciado, ficaram em dúvida entre o Recurso Ordinário e o Recurso Especial. Lembro-me de candidatos que relataram terem demorado mais de uma hora para escolher a peça que iria fazer.
E isso tudo por causa de uma pequena frase.
Saber identificar a peça certa é crucial.
XXVI - Prova de Trabalho
A banca cobrou um claro e manifesto Recurso Ordinário, REPLETO de preliminares e itens de mérito, o que tornou a prova extremamente difícil e cansativa. Isso atrapalhou o tempo de praticamente todos os candidatos, que se dedicaram demais para a peça e tiveram pouco tempo para as questões.
XX - Provas de Civil e Empresarial
Já na vigência do novo CPC, a banca cobrou duas peças situadas cronologicamente no tempo do antigo CPC. Ou seja, a conta não fechava.
Muitos candidatos perderam tempo tentando definir qual código deveriam usar, o novo ou o velho. A dúvida era pertinente, e isso atrapalhou o desenvolvimento do raciocínio de muita gente.
XIX - Prova de Penal
Mutis candidatos simplesmente não sabiam fazer a peça - contrarrazões de apelação - porque seus respectivos cursinhos não haviam ensinado a sua elaboração.
Um tempo imenso foi perdido pelos candidatos mal-treinados, incapazes de definir qual seria a peça correta. Muitos, por absoluta falta de opção, também fizeram uma apelação, mesmo que a lógica do enunciado não permitisse isso.
Mas as escolhas, entre outras peças, só ocorreram após muita dor de cabeça e indecisão.
E todos estes, sem exceções, reprovaram.
XVIII - Prova de Tributário
Um enunciado confuso gerou uma guerra danada. Muitos candidatos apresentaram como solução ao problema proposto um agravo de instrumento, quando a resposta correta era um agravo interno.
O problema principal estava na redação da peça, que deu a entender uma peça em detrimento de outra. Não era uma redação clara, e isto foi altamente problemático para os candidatos.
A dúvida na lógica do enunciado é o pior dos problemas.
Os casos acima revelam como a banca pode ser madrasta com os candidatos (exceto na prova de Penal) e como eventualidades podem atrapalhar o completo desenvolvimento da prova.
Mas os problemas em regra ficam adstritos a uma das provas. A regra é termos provas normais para a maioria dos candidatos. Todavia, se alguma intercorrência surgir, será impossível fugir dela. E a gestão do tempo na prova da 2ª fase da OAB terá de ser feita da mesma forma.
Como não é possível antecipar problemas, e nem adivinhar como eles poderão ser, a única orientação para este caso é, dentro do possível, manter a calma e achar a solução mas razoável possível dentro do problema apresentado.
Mas, claro, vamos torcer para as provas virem normais.
Uma verdade: as provas da 2ª fase, desde o XX Exame de Ordem, estão bem lineares. Tirando as questões pontuais, eu imagino que esse padrão será mantido na próxima 2ª fase.
Pois bem!
Reflitam muito sobre o uso do tempo. Ele será vital na hora da verdade.