Terça, 11 de março de 2014
Deu no Blog do Servidor:
Gari vai ganhar mais que médico
Os médicos peritos da Prefeitura do Rio em início de carreira, com até quatro anos de atividade, vão ganhar menos do que os garis a partir do próximo mês, quando os salários deste grupo de funcionários da Comlurb receber o reajuste de 37%. O novo vencimento básico dos garis é de R$ 1.100.
Os médicos peritos com até dois anos de carreira têm vencimento mensal de R$ 933,67. Até quatro anos, R$ 991,48. As duas classes ainda recebem gratificação de insalubridade da Secretaria Municipal de Administração (SMA) de R$ 337,35 e auxílio transporte. Os médicos peritos são ligados à SMA e atuam em perícias médicas dos servidores.
Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio, Jorge Darze, o valor pago ao médico perito é uma ?violência inaceitável para uma categoria que estudou pelo menos 10 anos para se formar e se especializar?. Ele defendeu que há uma ?inversão de valores? da política salarial praticada pela Prefeitura do Rio.
Para Darze, o fato de os médicos peritos atuarem na Secretaria de Administração e não em hospitais, não faz da classe menos importante. ?Isso não é justificativa, é tratar de forma desigual quem tem a mesma formação. O valor do vencimento base é essencial, pois as gratificações são calculadas em cima desse parâmetro?.
Fonte:
Pergunto! Faz sentido um médico, que passa por todo um processo longo - e caro - de formação profissional venha a receber menos do que um gari, cujo investimento em educação (de tempo e estudo) é muito menor?
Surpreendam-se com a resposta: sim, faz sentido!
Sempre faz sentido quando as regras do mercado, a oferta e a procura, impõe esse balizamento, MESMO que o investimento para se formar entre um e outro profissional seja diametralmente oposto.
Neste sentido, a prefeitura do Rio não está errada, pois ela abriu concurso para médicos peritos oferecendo essa remuneração e teve quem aceitasse...
Como já escrevi antes aqui, o que regula os preços do mercado é a lei da oferta e da procura - Lex Mercatoria. Ela, de certa forma, também pode servir de parâmetro para balizar a remuneração no serviço público, que no Brasil costuma ser, na média, bem maior do que os valores oferecidos pela iniciativa privada.
A regra é simples: muitos profissionais no mercado = remunerações mais baixas.
Se os médicos aceitam, em um momento da carreira e em função de suas circunstâncias pessoais, o valor oferecido, a equação que rege o mercado se completa e o sistema progride. Uma carreira é uma progressão, e cada passo, cada subida de patamar depende em boa parte do CONTRATADO e não do contratante.
Quanto mais qualificado e apto é o contratado, mais oportunidades entre os mais diversos contratantes ele terá. Essa é a lógica do sistema.
O mercado nunca está errado.
Isso vale não só para os médicos peritos como para qualquer outro tipo de profissional. Na advocacia essa realidade é tão ruim quanto a dos médicos, fruto da mesma origem, guardadas a devidas proporções: saturação de profissionais em função de uma expansão irresponsável do ensino superior e ausência de forte desenvolvimento da economia para absorver os novos profissionais que a cada ano chegam ao mercado.
Governo de Sergipe abre concurso para advogado e oferece salário de FOME!
O problema é ESTRUTURAL, e não propriamente só da prefeitura do Rio de Janeiro, e o mercado - incluindo o serviço público - se adapta à realidade.
Repito: não há nada de errado com os salários oferecidos, e sim com o contexto, que é desfavorável em todo o país.
Empregabilidade NECESSARIAMENTE anda de mãos dadas com a economia e com as políticas públicas educacionais.
Pergunto: a economia do país está bem? o MEC tem cumprido direitinho com seu papel?
Vocês respondem...