Sexta, 5 de outubro de 2012
Segundo o filme, o sistema atual de educação gera uma série de problemas sociais e psicológicos nas pessoas. Isso se dá por conta de um dogma, estabelecido ao longo do tempo, que pressupõe que só podemos quantificar o quanto aprendemos sobre um assunto através de exames e notas.
Essa forma de medir o aprendizado gera enormes conflitos cognitivos nas crianças e nos adolescentes, por impor um exagerado grau de competição entre eles. Invariavelmente, SEMPRE se termina comparando o melhor com o pior, de forma que SEMPRE, alguém vai ter que se sentir diminuído frente aos demais. Deste modo, como regra, SEMPRE haverá ganhadores e perdedores. Como consequência disso, o rendimento escolar acaba determinando a qualidade de uma pessoa na sociedade e seu acesso a muitos cargos e funções (privadas ou públicas).
Assim, considera-se um fracassado aquele que não consegue entrar ou terminar uma boa faculdade ou que não consegue encontrar um bom emprego (um emprego que pague bem). Por outro lado, considera-se uma pessoa de sucesso aquela que consegue tirar boas notas, terminar muitos estudos e obter um bom emprego (que pague bem).
Na realidade, o sistema está simplesmente medindo o quão adaptável uma pessoa se torna ou não ao próprio sistema. Quem não se encaixa é praticamente descartado à força. Assim, o sistema educacional atual gera pessoas ?de sucesso? que se autoenganam desde jovens, forçadas a estarem felizes com coisas que não as fazem realmente felizes. Terminamos por gerar classes dominantes formadas por pessoas frustradas.
Gostei muito do comentário do Professor Pablo Lipnizky, do colégio colombiano Mundo Motessori (no minuto 9 do filme): ?Todo mundo fala de paz, mas ninguém educa para a paz. As pessoas educam apenas para a competição e a competição leva à guerra.?
O mais paradoxal disso tudo é que todas as iniciativas educacionais de governos e escolas se dizem educar para a igualdade, a cooperação, a liberdade, a paz, a solidariedade, etc. Mas na realidade, a estrutura básica do sistema educativo ocidental promove justamente o contrário: a competição, a desconfiança, o desrespeito, a violência emocional, o individualismo, etc.
Por quê isso? Bem, segundo o filme, talvez por causa da origem do sistema educacional atual. Nascido na Prússia do século 18, a educação infantil obrigatória foi criada propositalmente inspirada no modelo militar. O objetivo era gerar uma massa de pessoas obedientes e competitivas, dispostas a ir para à guerra a qualquer momento. E para facilitar sua administração, as escolas se desenvolveram à imagem e semelhança de uma fábrica ou até mesmo de um presídio, com sirenes, filas e castigos diversos por ?mau comportamento?.
Ou seja, o sistema educacional vigente reflete antigas estruturas políticas ditatoriais no lugar de apontar para uma sociedade democrática de fato. Infelizmente, esse foi o modelo que se espalhou pela Europa e depois pelas Américas. E aqui estamos agora, com este problema enorme nas mãos.
Assim, fracassados somos todos os que compactuamos direta ou indiretamente com esta verdadeira máquina de subjugar crianças e adolescentes inocentes.
Parabéns a todos que produziram e colaboraram com o filme. Fica aqui meu grãozinho de areia ao divulgá-lo nas páginas do blog.
Não vi o filme, pois tomei conhecimento dele agora, mas já programei minha sessão para este final de semana. De toda forma, pela sinopse, as observações e conclusões tiradas são estarrecedores. Mais estarrecedoras ainda por que NUNCA havia pensado o sistema dessa forma. Pior! Não só não havia pensado o sistema dessa forma como também não consegui imaginar uma alternativa ao modelo vigente. O reflexo desta lógica é familiar, em especial quando falamos do Exame de Ordem e de sua alta capacidade de gerar exclusão. As conclusões tiradas demolem o conceito do Exame da OAB, assim como muitos outros. Claro, a culpa não é da OAB ou do Exame, pois este é resultado do modelo vigente, e como tal e dentro dele, faz sentido. Pergunto-me agora como quebrar esse modelo, mas ele está tão arraigado nas nossas vidas que a resposta não seria, de nenhuma forma, simples ou fácil de implementar. Impressionante!