Fim dos recursos para novos contratos do FIES impactará fortemente na graduação de Direito

Quarta, 6 de maio de 2015

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Como foi amplamente anunciado nos dois últimos dias, ACABOU o dinheiro para novos contratos do FIES. Ou seja, o governo não tem mais como estabelecer novos contratos com os estudantes neste e, talvez, no próximo semestre.

A informação foi passada no Jornal Nacional:

MEC anuncia: acabou o dinheiro para contratos novos do Fies

E ainda foi passada a seguinte informação: o curso de Direito foi o 2º mais procurado para financiamento neste semestre. Em primeiro ficou Engenharia e em terceiro enfermagem.

Isso para financiamentos pelo FIES. A informação faz sentido porque o curso de Direito foi também o 2º mais procurado no SISU:

Administração é o curso mais procurado no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), informou o Ministério da Educação (MEC). O curso recebeu, até as 16h08, 291.282 inscrições. Em seguida, aparecem direito, com 251.987, e medicina, com 227.894. No total, 2.614.635 candidatos inscreveram-se no sistema. As inscrições podem ser feitas até 23h59 de hoje no site do Sisu.

Fonte: Direito é o 2º curso mais procurado no SISU 2015

Aproximadamente 30% das vagas na graduação superior hoje são preenchidas por estudantes que usam este financiamento, sendo que algumas instituições o percentual é maior.

Se o dinheiro acabou, impedindo a abertura de novos contratos, o impacto na entrada de novos estudantes de todas as graduações, incluindo aí o Direito, será severo. Tão severo que as ações das maiores mantenedoras do Brasil, extremamente dependentes deste financiamento, foi bem pesado:

O buraco de 4 bilhões do Fies

Em meio às incertezas sobre o futuro do Fies, o financiamento estudantil do governo, as redes de ensino começam a contabilizar os prejuízos. Até o final de março, o Ministério da Educação não havia repassado um só real dos 15 bilhões previstos no orçamento para financiar o programa em 2015. São cerca de 3,7 bilhões com que as escolas estavam contando ? e que não entraram no caixa. Pelas contas da consultoria Hoper, especializada em educação, o arrocho põe em risco a sobrevivência de 61 instituições. Elas têm mais de 70% de dependência do Fies e, juntas, somam mais de 65 000 alunos. Os grandes grupos seguram os gastos para manter as margens dos anos anteriores. A Kroton, que prevê queda de 50% no número de novos alunos do Fies, deverá reduzir até 15% os custos em 2015. Dois vice-presidentes perderam o cargo, e a empresa está mais seletiva na abertura de novas turmas. A Kroton não comenta.

Fonte: Exame

E olhem que esta notícia é de abril, sem levar em consideração o fim dos recursos para o FIES.

Estamos diante da possibilidade do advento de uma QUEBRADEIRA no ensino superior, inflacionado durante anos por um financiamento fácil e sem critérios, que de uma hora para outra passou um um choque financeiro, cortando as facilidades que fizeram as mantenedoras lucrarem imensamente nos últimos anos.

Digamos que estamos diante da possibilidade de uma depressão nas estatísticas ligadas ao número de estudantes de Direito. Depressão esta que tem tudo para durar até mesmo mais de um ano, e que impactará todo o mercado jurídico. Mais dois ou três anos assim - em especial diante do atual quadro recessivo - e o estrago será bem considerável.