Quinta, 1 de março de 2018
Vamos ser claros logo de cara: a vida para quem é do Direito não está fácil. Nem um pouco fácil!
Se vocês quiserem seguir na advocacia, saibam que o mercado está complicadíssimo! Já ultrapassamos há mais de um ano a marca de 1 milhão de advogados. Na realidade, precisamente, hoje nós somos 1.066.061 advogados regularmente inscritos na OAB. Levamos bem mais de um século para atingir tamanho patamar, e vamos levar no máximo mais 12 anos para chegar a marca dos 2 milhões.
E se por acaso o Exame de Ordem acabar chegaremos aos 3 milhões da noite para o dia, e aos 4 milhões em no máximo 6 anos.
Quem está pensando em concursos públicos também não vai ter facilidades. O nível da concorrência é, SEGURAMENTE, o maior de todos os tempos, desde quando Cabral pisou nestas terras.
Nunca antes tantos procuraram os concursos públicos, e nunca antes tantos estão tão bem preparados.
Isso sem contar a crise econômica, que é outro componente fortíssimo de mercado.
Essa é a verdade, sem nenhum tipo de atenuantes.
Conheçam o Jus21.Mas, ainda assim, é possível triunfar no mercado, INDEPENDENTEMENTE de suas condições.
E é possível porque os números são enganosos em vários aspectos.
Primeiro porque quantidade não significa necessariamente qualidade, e nós sabemos que boa parte dos atuais formandos não saem bem preparados da faculdade, e não investem em capacitação e estudo após a formação.
E, para quem está estudando, formação ainda durante a graduação é FUNDAMENTAL para se diferenciar depois. Ou seja: fazer um estágio é um elemento crucial para o futuro.
Por quê?
A resposta é simples: o Direito envolve o aspecto teórico, evidentemente, mas sua operacionalização, ou como servidor público, magistrado ou advogado é na prática, e a prática só funciona se ela estiver devidamente alinhada com a teoria.
E isso, não se enganem, não é executado por todos. E muitos executam de forma insatisfatória, sem reflexos no aprendizado.
O preço a se pagar é grande no futuro. Nunca um futuro imediato, diga-se de passagem.
Como então fazer um estágio com qualidade e proveito?
Regra 1 ? O objetivo do estágio não é a bolsa
Se vocês estão estagiando só por causa da grana, e não ao menos da salutar junção da grana com o aprendizado, então vocês estão se enganando.
Sei que a vida não está fácil para ninguém, e um troco para ir tocando as coisas é muito importante, mas o objetivo do estágio é aprender. Se você comodamente aceita a bolsa e não gosta do estágio e nem do aprendizado obtido nele, e fica somente pela comodidade, está fazendo um imenso desserviço a si mesmo.
Estágio não é emprego, não dá direito a carteira assinada (existem exceções, resolvidas pela Justiça do Trabalho) e não dura por muito tempo.
O objetivo primário do estágio é aprender.
Regra 2 ? Se vocês acham que aprenderam o suficiente, troquem de estágio
Existe em muitos estágios um limite de aprendizado, em especial naqueles em que não são oferecidas muitas opções.
Se o estágio não representa um desafio, ele perde o sentido.
Não tenha amor por estágio nenhum: ele está lá para SERVI-LOS, e não o contrário.
Regra 3 ? Não deixem que abusem de vocês
Sobrecarga de trabalho não é algo raro em estágios. Aliás, é bem comum. Pode ser algo interessante se isto representar constantes desafios intelectuais, mas para tudo há limite.
Se te transformarem em um empregado, com obrigações que vão além das de um estagiário, caia fora.
Regra 4 ? Estágio é para aprender! Esforce-se!
Não levem seus estágios nas coxas. Ele tem uma função muito clara para o seu próprio futuro. Se ele apresenta desafios intelectuais, sejam responsáveis e tratem tudo com o devido comprometimento.
Isso terá um reflexo claro no futuro.
Regra 5 ? Construam, se possível, uma boa rede de contatos
O Direito é uma profissão da sociedade para a sociedade. É uma profissão de interação. Cada chefe, cada professor, cada colega pode ser a porta para um projeto ou oportunidades futuros. Este é o momento para vocês montarem o network de cada um.
Valorizem este aspecto! Não sejam como muitos, que estão ali só para bater o ponto. Estes terão dificuldade de inserção no mercado futuramente.
Eu, tal como vocês agora, também fui estagiário. Estagiei de graça na Defensoria Pública, para aprender, estagiei no TST, no MPDFT e em escritórios, além, por fim, nos estágios obrigatórios da faculdade.
Tive a sorte de ter estagiado apenas em bons locais, ou seja, a experiência e os desafios foram reais.
Por causa do meu estágio no TST passei com facilidade no Exame de Ordem, pois eu trabalhava fazendo minutas de despachos e votas em Recursos de Revista. Adivinhem o que foi cobrado na minha 2ª fase da OAB? Um recurso de Revista. Foi uma mamata!
Também graças a esse estágio que arrumei meu primeiro emprego em um escritório trabalhista. No MPDTF eu aprendi, e muito, a argumentar e a criar teses de acusação.
Nos demais estágios coloquei em prática muito do que via na faculdade, e transformei em ação aquilo que via na teoria.
Em larga medida os meus estágios foram significativos em vários momentos profissionais. Passei por portas que, sem eles, eu não teria conseguido passar.
O estágio é a base, o alicerce do futuro profissional.
Sejam comprometidos e sérios neste momento: o futuro de vocês agradecerá!