Quarta, 14 de novembro de 2012
Por uma razão ou por outra, muitos candidatos deixam para iniciar os estudos faltando apenas um mês para a prova da 1ª fase.
A pergunta mais comum neste momento é: dá para se preparar e passar?
E a resposta é sim, é possível se preparar, mas isto depende de 2 fatores:
1 - O lastro do candidato. Se ele tem uma boa bagagem de estudos;
2 - A metodologia de estudo a ser empregada.
Vamos ser honestos: com apenas um mês de preparação não dá para tirar um coelho da cartola...
...mas dá para fazer um estudo competente e dar uma boa chance a sorte.
E como fazê-lo?
Vamos abordar, passo-a-passo, uma estratégia de estudos para este último mês antes da prova.
1 - Mapeamento de desempenho
Mapear o desempenho é o passo inicial óbvio dentro deste curto processo de preparação.
O mapeamento segmentado por disciplina é de grande importância na delimitação daquilo que deve ser estudado a mais dentro do espectro de estudo.
Vamos partir de uma premissa: não é preciso saber tudo para extrair a pontuação necessária na prova. Apenas é preciso dominar bem algumas disciplinas e delas retirar a aprovação.
A lógica, simples, é uma só: o candidato precisa fazer 50% da prova.
Presumindo isso, em termos absolutos, o candidato precisaria saber 50% de cada disciplina para ser aprovado. Hoje, no atual formato de 80 questões, assim seria essa lógica:
Direito do Consumidor: 2 questões na prova. Metade: 1
Direito Ambiental: 2 questões na prova. Metade: 1
Estatuto da Criança e do Adolescente: 2 questões na prova. Metade: 1
Direito Internacional: 2 questões na prova. Metade: 1
Direitos Humanos: 3 questões na prova. Metade: 2 (arredonda para cima)
Direito Tributário: 4 questões na prova. Metade: 2
Direito Processual do Trabalho: 5 questões na prova. Metade: 3
Direito Processual Penal: 5 questões na prova. Metade: 3
Direito Empresarial: 5 questões na prova. Metade: 3
Direito Administrativo: 6 questões na prova. Metade: 3
Direito Processual Civil: 6 questões na prova. Metade: 3
Direito Penal: 6 questões na prova. Metade: 3
Direito do Trabalho: 6 questões na prova. Metade: 3
Direito Civil: 7 questões na prova. Metade: 4
Direito Constitucional: 7 questões na prova. Metade: 4
Ética Profissional: 12 questões na prova. Metade: 6
A soma das metades acima declinadas é igual a 43.
Agora....qual é o candidato que vai para a prova com a convicção de que acertará ao menos metade de cada disciplina?
Nenhum, creio eu.
Claro! Temos os candidatos muito preparados que farão 60 ou mais pontos na prova e não estão muito preocupados com esse cálculos. Mas quem vai começar a estudar agora precisa, e muito, ter esse feedback.
O ponto é: em algumas disciplinas o desempenho irá além da metade, e em outras, ficará aquém.
Agora faço duas perguntas essenciais dentro dessa lógica:
1 - Vocês sabem qual a média de pontuação por disciplina?
2 - Essa média de pontuação está acima dos 50%, ou 40 pontos?
Esse mapeamento é FUNDAMENTAL para vocês definirem o que efetivamente estudar faltando um mês para a prova.
O examinando agora tem um lastro. O importante é delimitá-lo e depois identificar onde estão as lacunas no conhecimento, em quais disciplinas o desempenho o impede de chegar aos 40 pontos.
Diagnóstico de sucessivas reprovações no Exame da OAB: um caso prático
E aqui vamos ao ponto 2.
2 ? Determinação de conteúdo
Quantos pontos vocês querem fazer?
50? 60? 70?
Não rola, né?
A grande pergunta é: o que estudar na reta final?
Essa pergunta suscita grandes questionamentos, ainda mais quando o candidato tem a perfeita noção da absoluta impossibilidade de esgotar todo o conteúdo programático até o dia da prova, isso combinado com a identificação de suas fraquezas.
É um fato! O tempo é muito curto para estudar tudo agora. Logo, escolher o foco de estudo para a reta final é extremamente importante.
E como priorizar os estudos?
A prova da OAB guarda suas particularidades, entre elas o número de questões por disciplina. Assim sendo, o candidato pode eleger as matérias mais relevantes dentro do contexto da prova, e a importância está diretamente relacionada com o número de questões cobradas.
Nas últimas provas, na média, foi assim:
2 questões: Direito do Consumidor, Direito Ambiental, Estatuto da Criança e do Adolescente e Direito Internacional
3 questões: Direitos Humanos
4 questões: Direito Tributário
5 questões: Direito Processual do Trabalho, Direito Processual Penal e Direito Empresarial
6 questões: Direito Administrativo, Direito Processual Civil, Direito Penal e Direito do Trabalho
7 questões: Direito Civil e Direito Constitucional
12 questões: Ética Profissional
Agora vejam alguns detalhes muitíssimo interessantes:
1 - O número de questões da prova caiu de 100 para 80 desde o IV Unificado, mas o número de questões de Ética Profissional passou de 10 para 12, aumentando. Se antes Ética era responsável por 20% do caminho para a aprovação (10 questões entre as 50 necessárias) agora é responsável por nada mais, nada menos do que 30% das questões necessárias para a aprovação (12 em 40).
Constatação: Ética deve ser foco absoluto para os candidatos.
O que fazer? Estudar muito, mas muito mesmo Ética Profissional. Tem que gabaritar!!
2 - Quando eram 100 questões eu aconselhava a descartar os estudos de Direito Civil e Direito Processual Civil em razão do grande volume de conteúdo dessas disciplinas. Compensava mais dedicar esse tempo a outras disciplinas, pois isso permitiria apreender um conteúdo maior a ser cobrado na prova. O descarte dessas duas disciplinas não implicaria em maiores prejuízos para o candidato, pois ele compensaria em outro extremo.
Compensaria...
Direito Civil e Processo Civil agora respondem por 13 questões em 80. Ou, tirando a obrigatória Ética, seriam 13 questões em 68: sobrariam apenas 55 questões das demais disciplinas para o candidato estudar. Muitíssimo pouco para quem quer o mínimo de 40.
Fica a pergunta: a regra do descarte deve ser aplicada?
Depende!
Se o candidato tem tempo de sobra para estudar, ele não deve descartá-las!
Se o candidato não tem tanto tempo assim (e aqui a avaliação é pessoal, considerando a percepção do aproveitamento dos estudos e de termos somente um mês para a prova) deve descartá-las e focar em outras disciplinas.
3 - É possível eleger um grupo de disciplinas para receberem PRIORIDADE nos estudos.
O candidato pode eleger um núcleo de disciplinas cuja afinidade seja maior, ou, de forma inversa (e mais inteligente) priorizar disciplinas que não entende bem, visando GANHAR pontos que possivelmente seriam perdidos na prova.
As disciplinas mais relevantes, afora Ética, seriam Direito Constitucional e Administrativo (ganharam importância com a redução do número de questões), e também Direito do Trabalho e Penal, porquanto o estudo do direito material acaba convergindo com o estudo do respectivo direito processual.
Direito Civil e Processo Civil, gigantes por natureza, de qualquer forma demandarão do candidato ao menos, no mínimo, uma revisão. É inevitável.
3 - Cursos
Muitos criticam os cursos preparatórios, chamando-os de "exploradores" dos candidatos.
Muito bem....
Neste blog existe o registro de milhares de agradecimentos de examinandos aprovados na OAB, elogiando o curso e creditando uma parcela da vitória a preparação específica.
Vamos quebrar os mitos: curso preparatório ajuda PRA CARAMBA na aprovação! Em alguns casos, são fundamentais.
Falta um mês para a prova e o candidato quer uma orientação específica, uma complementação ou adotar um curso como linha principal de estudo.
Pode e DEVE fazer isso. O desempenho na hora da prova será, sem dúvida, melhor.
E aqui tomo a liberdade de sugerir que o candidato faça um curso de dicas ou de revisão, adequados para o curto lapso temporal antes da prova. O Portal Exame de Ordem oferece 3 alternativas interessantes neste caso:
O Projeto UTI, específico para dicas (as dicas seriam os conteúdo com maior probabilidade de serem cobrados na prova);
O Curso de Resolução de Questões, no qual os professores do Portal explicam a sistemática de resolução da prova, em todas as disciplinas, e;
O Curso de Disciplinas Isoladas, em que o candidato pode dar uma aprofundada em uma ou outra disciplina em que seu desempenho não é tão bom.
Naturalmente existem outros cursos preparatórios, em outras modalidades, como a presencial ou satelitária, e o candidato é livre para escolher o que for mais adequado.
Mas dado o atual grau de dificuldade da prova, fazer um curso, mesmo que para revisar ou para pegar dicas, é muito, mas muito recomendável.
O conteúdo já vêm delimitado e preparado para o candidato. E isso é um ponto de grande relevância na hora de estudar.
4 ? Interpolação de conteúdo e técnicas
Em uma análise sobre sua forma de estudar, como você conduz o processo de aprendizagem? Lê apenas a doutrina? Apenas resolve exercícios? Assiste às aulas e anota tudo, achando que compreendeu o conceito e o conteúdo e não precisa mais fixá-lo na memória?
O que eu vou escrever aqui poderia ser enquadrado no campo das obviedades, mas é tão óbvio que por muitas vezes é ignorado ? o estudante NÃO PODE utilizar apenas uma forma de estudo!
Vejam só esta notícia do Universia Brasil:
"Uma hora ou outra, você terá que ler um livro na escola ou para sua faculdade. Depois, é provável que você tenha de fazer uma prova sobre ele. Então, você tem um desafio e deve se perguntar: ?qual a melhor maneira de garantir que eu entendi o livro e vou saber responder a todas as questões do teste??. Pesquisas mostram que você não deve exagerar na leitura. Entenda.
Na verdade, o que você deve fazer é evitar ler muitas vezes o mesmo conteúdo. Ao invés disso, é recomendado uma única leitura e, depois, escrever um resumo, segundo o livro The Little Book of Talent: 52 Tips for Improving Your Skills, pertencente ao autor mais bem-vendido do The New York Times, Daniel Coyle.
As pesquisas mostram que as pessoas que escreveram um resumo lembram 50% mais do que aquelas que leram o livro muitas vezes. Isso acontece porque, para aprender, não se pode permanecer ?apático?. A leitura é um processo passivo, você só deixa as palavras entrarem no seu cérebro. Para fixar, de fato, um conteúdo é necessário transformar o processo da leitura em algo ativo. Portanto, é preciso transformar o conteúdo em algo concreto, como um resumo, uma resenha, etc.
A produção de algo após a leitura força você a descobrir os pontos-chaves da trama, processar e organizar essas ideias no seu cérebro para que elas façam sentido. Escrevendo, você aumenta o alcance da leitura e, portanto, aprende mais."
Fonte: Universia Brasil
O Estudo para o Exame de Ordem pode ser estruturado da seguinte forma, sem no entanto pretender excluir nenhum outro ou considerar este como o melhor:
1 - Leitura da doutrina (específica para o Exame) ou acompanhamento de uma aula acompanhado da leitura SIMULTÂNEA ou imediatamente POSTERIOR da legislação correlata na medida da evolução da leitura ou aula. Aqui o candidato estabelece os vínculos entre os conceitos, as teorias e a norma;
2 - Elaboração pequenos resumos ao término de cada tópico do livro que está sendo estudado. A elaboração de resumos, feitos DE CABEÇA, não só ajuda a delimitar o que não foi apreendido com a leitura inicial como é uma importantíssima etapa de fixação do conteúdo. Se você lembra, o conteúdo, ao menos naquele momento está fixado;
3 - Revisão do conteúdo estudado dentro de um período em específico, de preferência, como estamos em uma reta final, logo após esgotar a doutrina da disciplina escolhida. Essa medida atende à preocupação em se avançar no estudo do conteúdo sem perder a informações previamente estudadas. Ou seja, avançar nos estudos sem esquecer o que ficou para trás. É uma ação basilar.
Todo estudante almeja a chamada "memória profunda", ou a fixação definitiva de uma informação em sua memória. Tal processo não acontece por milagre, uso de técnicas mirabolantes ou sistemas mágicos. É preciso ler, compreender, reforçar o conteúdo e disponibilizá-lo com constância, seja dando aulas (para si mesmo até), elaborando resumos sem efetuar nenhuma consulta ou resolvendo exercícios.
A revisão tem o fito de evocar um conteúdo anteriormente estudado e reforçar a fixação deste no cérebro.
4 - A resolução de exercícios é a última etapa desse processo, e ela é FUNDAMENTAL. Primeiro porque ela se enquadra como um processo ao mesmo tempo de revisão do conteúdo, de desafio ao raciocínio, em razão da adaptação do conhecimento a um problema hipotético, ajudando no desembaraço mental, como também representa uma etapa de adaptação ao sistema de enunciado da banca, e tal adaptação é VITAL!
Simulados online para o Exame de Ordem
Notem que o processo de estudo não pode ser trabalhado de forma estanque - Você deve se inteirar da doutrina, confrontá-la com a lei, elaborar resumos e resolver exercícios. Essas etapas, distintas entre si, mas consideradas como um processo global, certamente produzirão ótimos resultados como método de aprendizagem.
Não incorra no erro de optar por apenas uma dessas abordagens em detrimento das demais. Pode ser que um candidato tenha sido aprovado apenas escolhendo uma sistemática, mas é muito provável que isso represente uma exceção, e não a regra.
O professor Rogério Neiva, em seu livro Como se preparar para concursos públicos com alto rendimento, cita o neuropsicólogo Vitor da Fonseca, cuja percepção do processo de aprendizagem "compreende um processo funcional dinâmico que integra quatro componentes cognitivos essenciais: input (auditivo, visual, tácilo-quinnestésico etc.); cognição (atenção, memória, integração, processamento simultâneo e sequencial, compreensão, planificação, autorregulação etc.); output (falar, discutir, desenhar, observar, escrever, contar, resolver problemas etc.); retroalimentação (repetir, organizar, controlar, regular, realizar, etc.).
Assim, o examinando deve estabelecer etapas dentro do processo de aprendizagem para reter com mais qualidade e por mais tempo a informação estudada. Assistir uma aula, compreender seu conteúdo, explicar a si mesmo o que apreendeu, externar o que aprendeu escrevendo, conversando, resolvendo problemas, e, repetir o processo para o reforço do objeto de aprendizagem tende a produzir efeitos muito positivos para a fixação do conteúdo. Melhor dizendo, estabelece-se uma rotina para a criação da chamada memória de longo prazo.
Essa é, ao meu ver, a melhor lógica de estudos. Na hora da prova seu valor será percebido sem muita dificuldade por quem adotar essa metodologia.
Aproveitem este feriadão para fazerem o mapeamento e entrarem de cabeça nos estudos. FAlta um mês para a prova e o foco agora deve ser somente um.
Vocês sabem qual...