Exclusivo: e se eu dissesse que a 1ª fase do XVI Exame de Ordem não foi a pior de todos os tempos?

Quarta, 22 de abril de 2015

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O título deste post pode causar muita perplexidade em quem estava jurando de pés juntos que a 1ª fase do XVI Exame de Ordem havia sido o maior apocalipse de todos os tempos (no Exame de Ordem o apocalipse é um evento cíclico...)

Causou perplexidade em mim, certamente! Que a prova passou a impressão de ser catastrófica disso ninguém teve dúvida, o problema é que, tirando os subjetivismos e olhando exclusivamente pelo viés estatístico, a prova não foi a pior de todas.

E aqui vem o problema: como avaliar o grau de dificuldade da prova?

Eu trabalho com as estatísticas do Exame, salvando todas as informações que vocês veem por aí, desde quando criei o Blog, há 7 anos. Número de questões anuladas por edição, estatísticas da 1ª fase, 2ª fase, repescagem, etc, etc, em sua maior parte colhidas por mim por meio de fontes seguras, especialmente nos momentos em que a OAB deixou de publicá-los, e preservadas para análises posteriores.

E, para mim, como a dificuldade se apresenta sempre como um conceito subjetivo, o ideal é analisar essa questão sob o prisma estatístico para podermos afastar achismos, meras suposições e subjetivismos.

A ideia é ficar tão somente com a fria matemática. Não é o ideal, mas evita dúvidas.

Pois bem!

Neste XVI Exame de Ordem nós tivemos 111.816 inscritos (consegui essa info, em primeira mão, hoje), com 26.836 aprovados, o que dá um percentual de aprovação de 24%.

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Este percentual de 24% está um pouco longe das piores edições da prova.

No XII o percentual de aprovados na 1ª fase foi de 21%.

No IX Exame o percentual foi de 16,67%, e aqui precisamos mencionar que tivemos 3 anuladas na 1ª fase! Sem elas a aprovação teria sido de 10,3%. Tanto é que nesta edição, pela 1ª vez, a OAB não publicou a lista de aprovados, certamente temendo um exacerbamento extremo das críticas (que na época foi imensa).

Estatisticamente, portanto, a 1ª fase do IX Exame foi a mais devastadora de todas as provas objetivas.

No IV Exame de Ordem o percentual foi de 18,48% na 1ª fase.

No 2010.1 o percentual foi de 19,95%, e isso porque tivemos 5 anulações. Sem elas o percentual teria sido de 10,43%.

No 2009.1 o percentual de aprovação na 1ª fase foi de 21,88%.

Ou seja: Tivemos 5 edições onde os candidatos tiveram desempenhos piores comparadas com a atual, além de outras duas cujos percentuais também ficaram na casa dos 24%.

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E foi mesmo!

Aqui surge o paradoxo: a prova foi uma unanimidade quanto a sua dificuldade, mas mesmo assim não foi a pior de todas? Como isso pode ser possível?

Sim, a prova foi, agora indo para um plano mais subjetivo - o meu - tecnicamente mais difícil do que as demais, até mesmo do que a do IX Exame, com muitas questões de elevada complexidade e enunciados atipicamente mais complexos.

Só consigo ver uma explicação!

Ao longo desses últimos anos a qualidade dos examinandos, ou seja, o preparo técnico deles, subiu consideravelmente, e, por consequência, o nível técnico da prova também.

Se a prova do XVI tivesse sido aplicada no IX Exame, talvez a reprovação naquela edição tivesse sido maior ainda. Ou, se ela tivesse sido aplicada nos tempos do CESPE, a catástrofe teria sido ainda maior.

Não tenham dúvidas que o grau de dificuldade da prova, edição após edição, tem crescido. Eu já inclusive demonstrei isso em uma postagem recente do Blog, com o parelhamento de questões de uma mesma disciplina em edições diferentes da prova. A diferença quanto a complexidade é notável:

A resolução de questões para 1ª fase da OAB deve ser somente com provas da FGV?

E o post acima é de janeiro deste ano!

O seja: existe sim uma tendência no Exame de Ordem do aumento no grau de dificuldade das questões, muito possivelmente seguindo o aumento no nível técnico dos examinandos.

E o nível técnico dos examinandos cresceu em função dos cursos preparatórios. Disso não tenham dúvidas!

O grau de dificuldade da prova não é estático: ele oscila para cima e para baixo, edição após edição, mas mantendo, em regra, uma tendência de crescimento. Tratei disto logo após a prova objetiva, demonstrando o que para mim, após longos anos de observação estatística, não passa de um controle arbitrário de percentuais de aprovação:

Sua reprovação na prova do domingo não é resultado do acaso: ela foi friamente planejada!

A única lição a ser retirada do dia de hoje: o Exame da OAB é efetivamente regido pelos números!

Moral da história: para ser aprovado na OAB precisa estar MUITO BEM preparado. Quem faz a prova acompanha o mercado e analisa tudo detidamente.

O candidato que não dá a devida importância ao Exame tende a pagar com a reprovação. Quanto antes os estudos tiverem início, melhor.