Exame da OAB: SP fica abaixo da média nacional

Quinta, 16 de fevereiro de 2012

O Estado de São Paulo aprovou 20,74% de seus candidatos no V Exame Unificado da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), referente à prova de dezembro de 2011, e ficou abaixo da média nacional de aprovação, de 24,52%. A Universidade de São Paulo (USP) é a única instituição paulista que aparece na lista das 20 melhores do País. E, ainda assim, caiu quatro posições no ranking em um ano: passou do quarto lugar, obtido com o exame de dezembro de 2010, para o oitavo.

Para o secretário-geral da OAB Nacional, Marcus Vinicius Furtado Coelho, isso se deve à quantidade excessiva de cursos de Direito abertos no Estado. São Paulo teve o maior número de inscritos neste exame: 23.081, entre os 106.086 presentes. ?A multiplicação que ocorreu no País inteiro se verificou de forma muito forte em São Paulo. O Estado continua com faculdades de excelência, mas contém várias faculdades criadas sem critérios e contra o parecer da OAB.?

Na análise do advogado Ricardo Castilho, diretor-presidente da Escola Paulista de Direito, o mau desempenho de São Paulo não surpreende, já que é o Estado em que a ?massificação? do ensino é mais evidente. ?Não é possível ensinar esse tipo de ciência em uma sala com 120 alunos?. Esse fato, acrescido à baixa qualificação dos professores, ajudam a explicar o resultado ruim.

O advogado Oscar Vilhena Vieira, diretor da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a quarta melhor colocada do Estado, resume: ?São Paulo concentra quase metade das vagas do Brasil: tem um grupo de boas escolas em um universo muito grande de escolas menos privilegiadas.?

As melhores

Depois da USP, com 72,05% de aprovação, o ranking paulista traz a Universidade Presbiteriana Mackenzie, que aprovou 60,03% de seus inscritos e quase dobrou sua taxa de sucesso em relação a dezembro de 2010 (36,12%). Além delas, a Universidade Estadual Paulista (Unesp), atingindo 56,52% de aprovados, seguida pela FGV, que aprovou 52,17%, são as únicas instituições paulistas em que a maioria dos alunos inscritos passou.

A grande vantagem da USP, para Castilho, é ter alunos mais selecionados pelo vestibular. ?O aluno já vem com o espírito de estudar muito?, diz. No caso da FGV, o diferencial é o ensino integral. ?É uma tendência do Direito de vanguarda. Assim, é possível ver muitas disciplinas que não são vistas nas faculdades tradicionais?, diz.

Vieira, que dirige a Escola de Direito da FGV, acrescenta que a instituição inova também ao focar o ensino na resolução de problemas a partir do Direito, enquanto ?a tradição no Brasil é o ensino que valoriza a memorização das leis.?

Já o segredo do Mackenzie foi uma reformulação no currículo nos últimos dois anos. O coordenador do curso, Fabiano Del Masso, diz que as modificações não têm o objetivo direto de treinar os alunos para o Exame da Ordem, mas sim de melhorar a formação integral.

Além de uma mudança no sistema de avaliação, foram criadas algumas disciplinas que ganharam importância recentemente, como direito ambiental, direito eleitoral e direitos humanos. Outros formatos de disciplinas também estão sendo experimentados, como uma série de matérias de estudos avançados que abrangem atualidades de tribunal e atualidades legislativas. Os alunos também recebem fortes incentivos para ingressar em bons estágios.

Fonte: Estadão