Exame da OAB: Por que a média de aprovação no Ceará é maior que a média nacional?

Segunda, 16 de janeiro de 2012

Média do Ceará maior que a do Brasil

O índice de aprovação dos cearenses no V Exame Unificado da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) foi de 26,49%, ou seja, 730 dos 2.755 bacharéis em Direito passaram na prova.

A média do Ceará superou, mais uma vez, a do Brasil, que foi de 24,05%, com 26.010 aprovados de um total de 108.335 inscritos. O resultado foi divulgado ontem pela OAB. As provas objetivas e subjetivas foram realizadas no ano passado, nos dias 30 de outubro e 4 de dezembro, respectivamente.

A participação do Estado no total de aprovados no País também foi maior que a da quantidade de inscritos. Enquanto 2,5% de todos os bacharéis inscritos no V Exame Unificado eram cearenses, 2,8% de todos os brasileiros que passaram na prova são do Ceará.

Para o presidente a OAB-CE, Valdetário Monteiro, o resultado demonstra uma melhoria na qualidade do ensino jurídico no Estado. "É motivo de alegria ver o Ceará, terra de grandes juristas como Clóvis Beviláqua e Paulo Bonavides, se destacando nacionalmente", ressalta.

Valdetário explica que, diferentemente de Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, no Ceará, o número de novas faculdades de Direito não cresceu tanto. "Aqui, temos em torno de 20 cursos de Direito, enquanto nesses outros Estados têm mais de 100", informa Valdetário, destacando que a existência de muitas faculdades geralmente dimunui a qualidade do ensino. "Além de destacar na prova da OAB, os candidatos cearenses vêm sendo aprovados em importantes concursos nacionais", afirma.

Dificuldades

Por outro lado, o presidente da OAB-CE chama atenção para as principais dificuldades enfrentadas pelos candidatos no momento do exame. De acordo com ele, o principal obstáculo ainda é multiplicidade dos assuntos tratados no prova. "É praticamente todo o conteúdo que eles veem na faculdade, mas, à medida que o ensino melhora, isso vai sendo superado", acredita.

O candidato Nogueira Júnior, 23 anos, por exemplo, se formou no fim de 2010 e já passou na prova da OAB. "O que vi na universidade foi fundamental para meu desempenho, mas também comprei apostilas para estudar em casa. A prova estava rigorosa e cheia de pegadinhas. Fico feliz por ter sido aprovado", comemora Júnior.

No último exame da Ordem, 18.223 dos 119.255 candidatos que fizeram a prova passaram, o que representa um índice de 15,28%, menor do que o registrado na exame recente.

Fonte: Diário do Nordeste

O Dr. Valdetário tocou em um ponto interessante: que a média de aprovação no estado do Ceará é ligeiramente maior comparando com a média nacional em função da pequena expansão no número de faculdades privadas naquele estado.

Em um primeiro momento pode parecer que o ensino jurídico no Ceará é melhor do que no resto do país, mas a explicação, de fato, está no número de faculdades em cada unidade da federação.

Lembro-me quando a seccional de São Paulo entrou no Exame Unificado (2009.1), o percentual de aprovação na 1ª fase havia sido de 15,76%, colocando o estado na 24ª colocação entre 26 seccionais (Minas Gerais ainda não fazia parte do Unificado).

Foi um fato que repercutiu bastante, principalmente porque no último Exame patrocinado por São Paulo o percentual na 1ª fase havia sido de 40%.

Mas a explicação nunca foi difícil de encontrar: o estado de São Paulo sozinho tem mais de um terço de todas as faculdades de Direito no Brasil. O reflexo desse volume de instituições acaba sendo sentido no Exame de Ordem, ou seja, baixos percentuais de aprovação.

A lógica é irrefutável: a expansão e o grande número de faculdades reduz os percentuais de reprovação.

A expansão gerou uma luta das faculdades para completarem suas turmas, gerando um imenso relaxamento nos processos seletivos. Vestibular hoje na maioria das faculdades é coisa para inglês ver.

Reprovação também! Afinal, a lógica do mercado não perdoa quem maltrata o "cliente".

O resultado?

O resultado vocês conhecem...