Quinta, 23 de agosto de 2018
O Centro Universitário Univel, de Cascavel, no Oeste do Paraná, promete tomar providências contra estudantes do curso de Direito que trocaram mensagens machistas sobre o caso da morte da advogada Tatiane Spitzner.
A história começou quando um vídeo, que mostra as agressões do marido da vítima na rua e em um elevador foi disponibilizado em um grupo do Whatsapp de estudantes de Direito da faculdade. O vídeo foi compartilhado inicialmente como "tema para discutirmos na aula de direito penal".
Algumas pessoas questionam as imagens fortes do vídeo e depois são feitas graves afirmações: como "feminicídio não existe" e "se ela foi assassinada certeza que ela mereceu".
A conversa segue com mais absurdos como "se tivesse rezando ou estudando não morria"(sic). Um dos estudantes diz que "lugar de mulher não é em pé no parapeito [fazendo alusão ao fato de ela ter caído do quarto andar]" e sim "lugar de mulher é rezando, limpando a casa, lavando louça ou cuidando das crianças e ponto. Sem mais nem menos".
As mensagens foram divulgadas em redes sociais e provocaram uma reação de outros estudantes da instituição, que promoveram na quinta-feira passada (16) um ato público de repúdio contra as afirmações.
Em nota, a Univel afirma que lamenta e repudia qualquer conduta ou manifestação que envolva apologia ao crime, ofensa à honra, discurso misógino ou preconceituoso.
A OAB de Cascavel se manifestou sobre a polêmica envolvendo mensagens publicadas em um grupo de Whastsapp que une estudantes de direito de uma faculdade de Cascavel.
Nas mensagens, ao comentar a morte da também advogada Tatiane Spitzner, ocorrida no último mês, acadêmicos afirmam que feminicídio não existe, que mulheres são culpados por estupros, que se ela foi assassinada mereceu morrer e que lugar de mulher é rezando, lavando louça e cuidando dos filhos.
O presidente da OAB, Charles Duvoisin, entende que a postura dos acadêmicos foi imatura e prejudicial.
?Sabemos que o machismo está enraizado dentro de alguns lares, mas ele vai contra um direito fundamental, que é a liberdade da mulher. Quem fala isso não tem noção da vida em sociedade e da importância da mulher?.
Charles relata que os advogados precisam seguir um estatuto com diretrizes éticas, mas não é papel da OAB agir quando se trata de profissionais em formação. Ele lembra, no entanto, que os responsáveis podem responder criminalmente mediante representação ou que a própria instituição de ensino pode agir de acordo com suas normas internas.
Veja a nota emitida pela entidade:
NOTA DE REPÚDIO
Em atenção à matéria veiculada no portal de notícias CGN no dia 16 de agosto de 2018, a Subseção da Ordem dos Advogados de Cascavel vem a público manifestar e, de plano, repudiar o fato ocorrido envolvendo alguns alunos do curso de Direito de uma faculdade particular de Cascavel, os quais fizeram comentários eivados de preconceito, com conotações machistas e totalmente desarrazoados, em um grupo de WhatsApp, envolvendo o caso da advogada Tatiane Spitzner, cuja morte está sendo investigada junto à Comarca de Guarapuava, tendo como principal suspeito seu marido.
Os comentários ofendem não só a figura da mulher advogada, mas a todos que compõem nossa sociedade.
A OAB há muito hasteia a bandeira do respeito mútuo, da harmonia social e da preservação dos direitos fundamentais, inseridos no artigo 5º da nossa Constituição Federal. É lamentável nos depararmos com situações em que um estudante de Direito, em rede social, venha a tecer comentários tendentes a banalizar a violência sofrida pela advogada supramencionada, ou ainda, culpando-a pelos grotescos atos praticados pelo parceiro.
O desrespeito à condição de gênero é um ato de agressão a toda mulher, sendo ela advogada ou não, e merece o mais duro e veemente repúdio. Traduz-se em ato truculento, reacionário, que causa ultraje e fere o Estado Democrático de Direito, pelo qual tanto lutamos.
DIRETORIA DA OAB CASCAVEL
COMISSÃO DA MULHER ADVOGADA DA OAB DE CASCAVEL
Com informações do Pragmatismo Político e CGN.