Quinta, 15 de julho de 2010
Cerca de 1.500 jovens de todo o país participam nesta semana do Encontro Nacional de Estudantes de Direito (Ened), na Universidade de Brasília (UnB).Eles promoveu na tarde de hoje (14/7) ato público, em frente ao Ministério da Educação (MEC).
Na manifestação, estiveram presentes aproximadamente 300 estudantes de universidades públicas e particulares de todas as regiões do país . A organizadora do encontro Gabriela Rondon, 19 anos , do 4º semestre de direito da UnB, explica que o tema do ato - Direito entre a razão e a sensibilidade - foi decidido em conjunto, com o objetivo de aproximar a formação acadêmica da realidade social.
Com oficinas, cartazes e teatro, os estudantes criticaram o atual currículo do curso e a falta de critérios na abertura de cursos de direito. ?Defendemos uma universidade que não forme operadores técnicos, mas pensadores do direito que estejam conectados com a realidade social. Queremos abrir os olhos do direito para um mundo fora da letra, dos códigos.?
A justiça não é cega
Durante o ato foi apresentada uma peça de teatro. No banco dos réus, o método de ensino das universidades atuais. Na acusação, os estudantes. E no meio, a justiça com vendas nos olhos e um juiz amarrado com cordas que mexia de acordo com a vontade alheia. ?O objetivo foi mostrar que juízes são manipulados também. Que por traz da justiça, tem, um sistema, o capitalismo, a educação mercantilizada. Como resultado final tirou-se a venda dos olhos da justiça, para mostrar que a justiça tem olhos e que deve olhar a sociedade ao aplicar as leis.?
O calouro Gabriel de Andrade, 21, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas elogiou a atividade. ?O ato foi uma forma de ultrapassar as barreiras da universidade e levar as discussões do movimento estudantil para o governo também.? Segundo ele, é preciso combater a mercantilização da educação. ?Atualmente ela é tratada como mercadoria mesmo. O curso de direito tem que ser mais humanizado e menos dogmático. O encontro está sendo muito produtivo nesse sentido.?
Germana Dalberto, 22, estudante do 9º semestre da Faculdade de Direito de Santa Maria (Fadisma) acredita que manifestações como essa são o início de uma mudança real nos currículos. ?Aposto que os alunos se sentiram parte da construção do método de ensino do direito no Brasil, responsáveis. É o primeiro passo para uma mudança, com debate e ato público, depois temos que pensar outras formas de atuação para dar continuidade.?
Diálogo com o MEC
Depois da manifestação, uma comissão de sete estudantes foi recebida pelo sub-chefe de gabinete do MEC, Angêlo Vínicius Roda . Eles apresentaram críticas ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), às limitações do currículo de direito e em defesa da valorização da pesquisa e da extensão na universidade.
No fim do encontro, neste sábado (17), será produzido um documento com as reivindicações estudantis. O MEC se comprometeu a receber as propostas e estabelecer um canal de comunicação direto com alunos de direito de todo o país.
Fonte: Eu, Estudante
O Exame de Ordem é só a ponta de máquina de moer sonhos. O pleito dos estudantes, em que pese ser integralmente legítimo e coerente, esbarra em uma realidade que tem uma enorme dificuldade em aceitar mudanças.
Sem uma vontade política maior, tudo fica como está.