Está na hora da OAB trocar a organizadora do Exame de Ordem

Sexta, 4 de maio de 2012

O que aconteceu ontem e o que foi exposto hoje aqui no Blog não me surpreendeu. Não é a primeira vez que vejo esse tipo de coisa, apesar de que agora tudo foi muito, mas muito escancarado.

Há, creiam-me, vontade da OAB em acertar, em evitar polêmicas e aplicar um Exame de Ordem com qualidade. Não se enganem quanto a isto.

Mas situações complexas, como a que agora estamos vivendo, expõem de tal forma a Ordem que soluções abrangentes são difíceis de tomar. Existe um calendário e existe uma imagem a ser protegida. Assumir uma falha é algo bacana, e até que vinha ocorrendo com alguma frequência, com a implementação das devidas e justas soluções em questões pontuais, mas reconhecer uma falha ampla e grosseira como as vivenciadas pelas milhares de reprovados nesta 2ª fase é algo muito mais complexo, inclusive do ponto de vista interno da OAB e de sua política.

É oneroso sob muitos aspectos.

Esta não é a primeira vez que um Exame apresenta problemas. Na verdade, desde que a FGV assumiu a condução da prova em 2010, somente em uma edição não tivemos polêmicas.

Nas outras, toda sorte de anormalidades apareceram, algumas até repetidos, como as constantes quedas no site em dias de resultado, as intervenções do MPF para reparar violações aos direitos dos candidatos, sem contar também os costumeiros erros nas correções e na formulação dos enunciados.

Essa é a tônica da FGV.

Já deu! Está na hora da OAB trocar de organizadora!

É horrível escrever isso, mas a constância dos problemas impele a essa conclusão.

E impele porque hoje, para passar no Exame de Ordem, não basta mais estudar muito: tem de ter SORTE! A sorte de ter uma correção justa, de ser avaliado por um enunciado racional e juridicamente lógico.

Oras! Se um candidato não pode mais contar consigo mesmo para ser aprovado, se ele depende do imponderável, então algo de muito grave está acontecendo! Não falo, e quem acompanha o Exame sabe disso, de falhas pontuais: as falhas são repetidas e atingem milhares de candidatos a cada edição.

Pedir a troca de organizadora dentro deste contexto não se afigura como uma medida radical ou irrefletida: é exatamente o contrário!

Trocar a organizadora é uma necessidade para proteger a imagem do Exame de Ordem como instituto legítimo e para proteger os próprios bacharéis e estudantes. E não falo aqui da legitimidade assegurada pela Lei; falo de legitimidade moral, da aceitação pelos candidatos e pela comunidade jurídica de uma prova realmente válida como processo seletivo para o ingressos nos quadros da OAB e para selecionar os efetivamente aptos ao exercício da advocacia.

Acompanho em toda prova o drama dos candidatos e vejo bem as sequelas que tantos dramas produzem, prejuízos de ordem moral, material e emocional afligindo milhares de candidatos.

A OAB não pode mais tolerar isso! Por menos, muito menos mesmo, o CESPE caiu.

Porque se tolerar ainda mais, passará a compactuar com todo esse quadro. E compactuar com isso não pode, não pode mesmo, representar o papel desempenhado e o espírito que conduz à Ordem dos Advogados do Brasil.

Já deu!