Enjoado de estudar para o Exame da OAB?

Quarta, 11 de abril de 2012

Alguns candidatos, após um número "x" de reprovações, experimentam um fenômeno relativamente conhecido: o enjoo do Exame de Ordem.

É a mesma rotina, o mesmo tipo de material de estudo, as mesmas expectativas, o mesmo ritual, as visitas ao mesmo Blog...tudo de novo.

O problema do enjoo é seu efeito colateral mais funesto: a desmotivação. E ela, a desmotivação, é a responsável por fazer os candidatos desistirem da prova. Ela os transforma em estatísticas, as tristes estatísticas do Exame.

É fácil escrever palavras, frases, teorias inteiras sobre não desistir. Todo mundo é capaz de escrever litros sobre isso, sobre como fazer as coisas darem certo e que ao final do caminho haverá um arco-íris lindo de felicidade (com ursinhos carinhosos e tudo o mais).

Mas a verdade é que a dor, essa companheira inseparável do gênero humano, é personalíssima. Cada um sabe como dói e o quanto dói. Palavras, motivações e assemelhados produzem, certamente, seus efeitos, mas é o indivíduo, sozinho, responsável por impulsionar a mola da própria vontade.

Nossas vidas estão permeadas de pequenos e grandes fracassos. Todos nós enfrentamos mais de uma derrota em nossos projetos e sonhos.

Conheço várias histórias de candidatos esmagados por sucessivos fracassos no Exame de Ordem, mas, de tanto insistirem, ao fim conseguiram. Uma vez, na antiga comunidade do Orkut, uma menina se abriu e contou que conseguiu passar no seu oitavo Exame.

Oito Exames até conseguir o sucesso. Provavelmente persistência era o sobrenome dela.

Ao fim, ela conseguiu.

Conheço pessoalmente pessoas que levaram 5, 6 ou mesmo 7 Exames para se tornarem advogados.

Sei de uma história, verídica, de um candidato em São Paulo que estava, pasmem, na sua 17ª tentativa de ingressar nos quadros da Ordem. Ele estava tentando há mais tempo do que ficou na faculdade. Isso foi em 2007 ou 2008. Não sei se ele conseguiu ao fim, mas tentar 17 vezes não é para qualquer um.

É preciso ter muita garra, uma perseverança de aço.

Mas não é assim para todos.

A vida é por demais complexa para se declinar aqui a miríade de circunstâncias pessoais que atrapalham sonhos e projetos: necessidade de trabalhar, filhos, pouca grana, educação deficitária, pouca força de vontade e mais um longo e amplo etc., apresentável de forma isolada ou concomitante para cada um que almeja o sucesso no Exame de Ordem ou em um concurso qualquer.

O Exame de Ordem aprova, em média, uns 20% dos candidatos, levando-se em conta as últimas edições.

A OAB diz que existe um universo de 4 milhões de bacharéis sem carteira. Outros dizem que são 2 milhões. Ambos os cálculos possuem inconsistências, mas não são aparentam ser exagerados.

A verdade é que não existe um número oficial, se existir algum levantamento, mas não tenho dúvidas de que são muitas centenas de milhares de bacharéis sem carteira.

Uns por que não querem, outros, por que não podem, e a grande maioria por que não conseguiu.

Desistiram.

Desistir ou ficar pelo caminho é a regra.

Por que vocês acham que o Exame de Ordem desperta tantas polêmicas? Por que ele tem opositores tão ferozes, armados de todos os argumentos e ações para derrubá-lo?

Porque o Exame de Ordem é um elemento de exclusão do mercado de trabalho.

Vejam, não entro aqui no mérito dele ser justo ou não. Apenas exponho um fato: ele exclui bacharéis em Direito do exercício da advocacia.

Exclui quem passou 5 anos na faculdade, pagando uma soma que imagino girar em torno de 70 mil reais para conseguir o diploma.

Esperar uma indignação contra o Exame é algo natural.

Mas como escrevi, não vou aqui adentrar no mérito dele ser necessário, justo ou injusto. Não é o foco.

Apenas quis mostrar uma realidade: sucumbir ao Exame de Ordem é a regra.

Quando então seria a hora de desistir? Quando o enjoo da prova torna-se insuperável?

Você só deve desistir quando, APÓS aprender a estudar, não conseguir o sucesso.

Aprender a estudar?

Exatamente!

Não se trata aqui de se ficar horas e horas em frente a um livro, assistir inúmeras aulas e resolver uma infinidade de exercícios.

Isso inegavelmente é estudar.

Mas mesmo assim muitos sucumbem.

Não é uma questão de tempo e sim de apreensão do conhecimento com qualidade.

Saber de fato. Estudar com eficiência.

E creio que para começar a aprender de fato, adquirir o conhecimento com consistência para disponibilizá-lo na hora da prova e superar o desafio imposto pela banca examinadora, o candidato, antes, precisa conhecer a si mesmo como estudante.

O que você  efetivamente sabe sobre si como estudante? Quais são suas deficiências de aprendizado? Há estratégia de estudo? Há uma estratégia para conciliar estudo e a vida pessoal? Há entrega de tempo em um estudo eficiente? Por quanto tempo você mantém a informação estudada? Ele sedimenta na memória ou acaba se dispersando?

Falo por mim e creio que posso falar por muitos, mas nunca me ensinaram corretamente como estudar.

Meus pais usaram comigo técnicas de estudo que hoje tenho a convicção de que eram até prejudiciais para o aprendizado. Claro! Não posso culpá-los, pois eram leigos no assunto desejando ver o filho aprender e vencer na vida. Todo pai quer isso.

Mas eram leigos.

Pergunto: Quantos livros de preparação para os estudos você já leu? Já discutiu técnicas de estudo antes?

Enfim...sabe estudar?

Coloco a questão sob este prisma pois me recuso a acreditar que as pessoas sejam tão diferentes umas das outras ao ponto de que umas conseguirem o sucesso e outras não.

Há o fator inteligência envolvido? Com certeza! Mas, na média, somos muito iguais para que uns poucos consigam o sucesso enquanto a maioria fracassa.

Talvez, e apenas talvez, pois trata-se de uma especulação, um candidato que reprova no Exame de forma sucessiva apenas conhece esse fracasso por ter, uma vida inteira, estudado de forma errada.

E por ter parâmetros errados, acaba enjoando de estudar, pois parece não absorver devidamente o conhecimento e o desafio se apresenta de forma insuperável.

E como o Exame de Ordem é uma prova difícil, as deficiências que até então eram ocultas se manifestam na forma de reprovação.

Não se trata de ser inteligente ou não, trata-se de uma questão de metodologia.

Claro! Pode ser outro fator ou fatores. Pode ser uma infinidade de problemas. Impossível declinar todos.

Mas tenho a convicção de que a desistência só pode ocorrer APÓS você ter a integral noção de si mesmo como estudante. Afinal, você sabe estudar de verdade?

Se a resposta for não, NÃO desista.

Aprenda a estudar. Procure livros, converse com colegas, busque informações. Quem tem a internet em casa não tem o direito de falar que não sabe por onde ou como começar.

Digite no google "como estudar" ou "como passar em concursos". Fuçe, faça pesquisas, saiba o que existe sobre o tema.

E depois de descobrir, simplesmente aprenda a aprender.

E depois de aprender a aprender, estude para o seu real objetivo, com técnica e empenho.

Só aí o fracasso, se ele ocorrer, será um fracasso REAL!

E mesmo assim, só depois de você tentar bem mais de uma vez.

Tenham em mente que essa é apenas uma abordagem do assunto. E de certa forma ela é simplista, pois não sou pedagogo.

Ademais, é impossível esgotar o tema em apenas um texto, quando existem inúmeros livros tratando do assunto.

Mas ao menos que sirva para MOTIVAR você a estudar, a buscar uma solução REAL sem que eu precise escrever "você pode", "você é capaz", "acredite nos seus sonhos que tudo será possível", "você é do tamanho dos seus sonhos"...

A busca pela solução é racional, é técnica.

E você pode? Claro que pode! Isso é óbvio!!!

Apenas busque trilhar o caminho correto, do autoconhecimento e das técnicas de estudo adequadas.

Só desista depois disso.

Desistir antes apenas representará um imenso desperdício de tempo, dinheiro e de você mesmo, pessoa tão capaz quanto as demais.

Se você está enjoado de estudar, provavelmente há algo de errado na sua metodologia. Aceite isso e busque uma solução. Ela existe!