Eduardo Cunha agride a Ordem: "OAB é cartel e não tem credibilidade"

Segunda, 6 de julho de 2015

Ao comentar pesquisa encomendada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que aponta 74% dos entrevistados contrários ao financiamento empresarial de partidos e políticos, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criticou a entidade. Cunha, que é favorável ao financiamento privado, disse que a OAB é um cartel e que não tem credibilidade.

"A OAB não tem muita credibilidade há muito tempo. As minhas críticas à OAB são constantes", afirmou Cunha. "A credibilidade deles, que não têm eleição direta, que não prestam contas como autarquia que eles são, esse roubo do exame da Ordem, com aqueles que não conseguem ter o direito a exercer a profissão pela qual eles prestaram vestibular, exerceram a faculdade e se formaram, a OAB tem uma série de questionamentos", afirmou.

"A OAB é um cartel, é um cartel de uma eleição indireta, de uma série de poder feito com movimento de milhões sem fiscalização. Então, a OAB tem que ser questionada em muitos pontos dela, a OAB precisa ser mais transparente", disparou Cunha.

O presidente da Câmara também direcionou seus ataques ao presidente da OAB, Marcus Vinicius Coêlho. Cunha criticou Coêlho por ele ter se manifestado contra a redução da maioridade penal e por ser próximo ao deputado petista Alessandro Molon (PT-RJ), que deve questionar no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta semana a sessão em que a redução foi aprovada.

"Se você pegar os folhetos de campanha pela eleição do Molon no Rio de Janeiro, ele (Coêlho) faz parte dos folhetos de campanha do Molon. Ele é um agente do Molon, é um apoiador do Molon", afirmou.

Sobre a pesquisa, Cunha disse que avaliará o "grau de legitimidade" do levantamento.

Fonte: Uol

Eduardo Cunha precisa se informar melhor antes de falar impropriedades. Pega mal para ele sair vociferando assim sem ter subsídio nenhum para seus argumentos.

No máximo só consegue impressionar eleitores desavisados e desinformados.

As críticas dele são facilmente rebatidas, e talvez ele devesse ler isto aqui para parar de falar sem antes fazer uma pesquisa. O google ajudaria ele:

1 - A OAB não tem eleição direta

Sim, eu também acho que deveria ter, mas antes, para isto, seria preciso encontrar uma fórmula que evitasse a prevalência do capital no processo eleitoral!

Sim!!! É isso mesmo! Cunha, que defende o financiamento privado, parece que não vê problema em receber doações de empresas, mas isto dentro de um órgão de classe seria extremamente problemático.

Algum advogado por acaso acha que processo eleitorais são vencidos SEM dinheiro? Como então implementar eleições diretas sem que interesses econômicos, EM ESPECIAL de empresas e de agentes estranhos a própria advocacia não interfiram no processo?

Se alguém achar uma resposta, favor passá-la adiante: o CFOAB ainda não encontrou.

2 - Não prestam conta como autarquia

A OAB é autarquia e também não é. A OAB é diferente de tudo o mais que existe por aí em termos de natureza jurídica.

Qual a definição da natureza jurídica da Ordem? Alguém sabe dizer? Não existe consenso nisto, e nem mesmo decisões do STF que abordaram o tema para chegar ao mérito servem para o caso: a questão é estritamente conceitual.

Por isso chamam a Ordem de ente "sui generis".

E é porque NÃO se submete ao controle do Estado e nem pode se submeter, EXATAMENTE para não ter sua independência maculada.

A Ordem é fiscal da sociedade e fiscal do Estado também! Se for submetida a controle, perde seu poder. Aliás, este poder é praticamente uma projeção das garantias dos advogados, só que transposta para o ente em si.

Cunha certamente nunca parou para estudar isso.

3 - O Exame de Ordem é um roubo

Eu me lembro, e lembro porque fui o primeiro a noticiar isto, quando a OAB fez um lobby para retirar Eduardo Cunha da presidência da Comissão do Novo CPC. Inconformado, ele foi no twitter esbravejar contra a Ordem e o "corrupto" Exame de Ordem.

Antes ele nunca havia dito nada sobre o Exame.

Será que passou a fazê-lo por ressentimento da Ordem?

Pode até não ser, mas fica difícil dissociar uma coisa da outra.

Ademais, Cunha não sabe nada da natureza do Exame, da sua importância, do contexto da atual conjuntura da educação jurídica superior, da expansão irresponsável das faculdades de Direito e, provavelmente, da própria Constitucionalidade da prova, definida pelo STF em 2011.

Cunha também nunca parou para pensar nas consequência do fim da prova da Ordem, que criaria de imediato uma séria convulsão no Poder Judiciário como um todo, levando-o a paralisação, em função da hiperlitigação que tomará de assalto os tribunais.

Pior, a custo da destruição dos Direitos de MILHÕES de pessoas, entregues a profissionais que não conseguem demonstrar um mínimo de capacidade jurídica.

MÍ-NI-MO!

A liberdade, o patrimônio e até mesmo a vida de milhões sob severo risco.

Mas isso não importa para ele.

Eduardo Cunha é responsável por uma agenda ultraconservadora e reacionária, cujas consequências ele mensura em votos, e não em benefícios reais para todo o conjunto da sociedade.

Ele não consegue pensar em nada além do PODER.

Parece que é do feitio dele, mais preocupado em jogar para seu eleitorado do que para a nação como um todo.

A OAB tem seus defeitos, evidentemente, mas ela, como instituição, tem MIL VEZES mais credibilidade comparada com a Câmara dos Deputados ou o Congresso.

A OAB é um ente SÉRIO, e ser atacada deste modo apenas expõe o que vai por dentro da cabeça de Cunha. Não preciso discorrer aqui o que a opinião pública nacional, quase uníssona, pensa dos políticos deste Brasil.

Pergunta para ele responder: o que você ganha atacando a OAB? Por que lhe interessa ver uma OAB fragilizada?

Certamente, o país como um todo só perde com a Ordem nas cordas, e é isso que Eduardo Cunha vem tentando fazer há anos. Por que ele quer isso?

Está na hora de abrir esse jogo! E de preferência sem bravatas, por favor.