E agora? Como ficarão as anulações no Exame de Ordem?

Sexta, 1 de junho de 2012

A grande pergunta agora é quantas e quais questões a OAB anulará após a descoberta de que ao menos três questões na última prova objetiva foram copiadas na integralidade de Exames passados.

Mas antes de adentrar nest mérito preciso fazer uma pequena ponderação.

Alguns candidatos entendem que as questões não precisam ser anuladas pois, se elas são repetidas, apenas beneficiariam os examinandos, tornando tudo mais fácil.

Não é uma questão aqui de abraçar todo ou qualquer procedimento que favoreça os candidatos. Não é um "vale-tudo" em favor de A, B ou C.

O Blog tem uma linha editorial clara e uma postura definida, e os têm desde sempre.

Quantas vezes vocês não leram aqui críticas contra a própria OAB? Por outro lado, certamente leram também manifestações em defesa da entidade e do Exame de Ordem.

A visão é clara, nítida, sobre como as coisas devem ser. A luta é por uma prova justa, uma prova que avalie de fato os candidatos e uma prova que atenda ao seu objetivo: selecionar os melhores para a advocacia.

Por esta razão mesmo já questionei a metodologia do Exame, o Selo OAB, as questões dogmáticas e burras, as falhas gritantes com os candidatos e a postura quase sempre distante da Ordem.

Mas também sou contra os projetos contrários ao Exame, assim como defendi por quase dois anos a constitucionalidade da prova, e fui muito atacado por isso, em especial pelos bacharéis contrários à constitucionalidade do Exame de Ordem.

A prova tem uma finalidade e não é porque eventual repetição de enunciados beneficiaria em tese os candidatos que eu serei a favor disso.

Isso é, nada mais, nada menos, do que um casuísmo oportunista e rasteiro.

A repetição de questões atenta contra os princípios da moralidade, da isonomia e do ineditismo das questões. Se queremos um Exame de Ordem melhor, correto, justo com os candidatos e útil para a sociedade, devemos apontar suas falhas, sejam elas quais forem.

Ficar calado só porque SUPOSTAMENTE beneficiaria os candidatos seria, para mim, um imenso exercício de hipocrisia. Não vou fazer isso comigo mesmo.

Defendo uma prova justa e, se isso implicar em eventuais prejuízos ou dissabores para os candidatos, paciência.

Em mais de uma ocasião os candidatos ficaram contra meus posicionamentos e nem por isso o Blog deixou de ser o que é, e não vai deixar de ser agora também.

Sou pioneiro na análise e orientação dos candidatos no Exame de Ordem, em várias oportunidades o Blog interferiu diretamente no Exame, mudando seus rumos, e não vou jogar 4 anos de trabalho sério e convicções formadas no lixo para agradar rigorosamente ninguém.

Repito: O Blog tem uma linha editorial clara e uma postura definida, e os têm desde sempre.

E a credibilidade dele não está a venda.

Não quer dizer, evidentemente, que juridicamente se tenha razão. Há quem veja, sob um ponto de vista estritamente técnico, a ausência de motivos  para quaisquer anulações. A discussão, nesse sentido, é totalmente salutar. Fora desse prisma ela não me interessa.

Muito bem...

O quadro agora das anulações ficou completamente nebuloso. Se é verdade que o número de anuladas guarda correlação com os percentuais de aprovação, a admissão de mais 3 questões anuladas, fora do contexto normal, geraria um desequilíbrio no número final de candidatos aprovados.

Antes escrevi que acreditava em 3 anulações. Agora, como 3 questões PRECISAM ser anuladas por conta do vício de serem iguais a questões de certames passados, não se pode mais projetar com alguma margem de segurança o rumo a ser tomado pela OAB.

Em primeiro lugar a OAB, inclusive para evitar perpetuação da polêmica, e, em especial, para evitar uma muito provável intervenção do MPF (e a publicidade negativa decorrente disso), deveria ainda hoje anular essas questões.

Deveria anulá-las e manter a postura em relação aos recursos. Ou seja, anular as questões impugnadas pelos candidatos pela via regular.

Isso não só demonstraria a seriedade na condução da prova mas também afastaria a impressão de que as anulações fazem parte de um jogo puramente estatístico.

Se isso vai acontecer ou não é outra história.

A falha na utilização de enunciados repetidos é exclusiva da FGV, e não da OAB. A Ordem deveria aproveitar o episódio para mostrar sua seriedade e mudança de postura na condução da prova.

Se assim agir, só terá motivos para ser elogiada.

Do contrário...

Agora teremos de esperar. O quadro, sem um posicionamento da OAB, ficou completamente nebuloso.

Anulações nós teremos, o problema é saber quantas.