Diploma utilizado por professora investigada por plágio pode ser falso

Segunda, 28 de setembro de 2020

Diploma utilizado por professora investigada por plágio pode ser falso

O diploma de bacharel em Direito usado pela professora Cátia Regina Raulino, investigada por plagiar trabalhos de alunas e por exercício ilegal da advocacia em Salvador, tem indícios de ser falso. A informação foi revelada nesta quinta-feira (24) pelo delegado Antônio Carlos Magalhães Santos, titular da 9ª Delegacia (Boca do Rio) e responsável pelas investigações do caso.

O diploma apresentado por Cátia Raulino teria sido emitido pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em 2007. No entanto, o delegado contou que falou com a instituição, que negou que ela tenha sido aluna da instituição.

"A base da investigação é saber se ela é ou não bacharel de direito. Nós oficiamos a UFMA, onde ela informou em seu interrogatório inicial, que teria se formado lá. E eu recebi um ofício do reitor da UFMA, que disse que não existe nenhum vínculo da universidade, seja de excluído, ativo cadastrado, concluído, trancando, cancelado [...]. De modo que eles podem afirmar que ela jamais foi aluna da faculdade", contou o delegado.

"Claro que eu consegui o documento que ela usou para se candidatar a um emprego em uma universidade. O que me leva a crer que esse documento entregue por ela, segundo esta faculdade aqui em Salvador, é um documento falsificado. Hoje, fizemos um outro interrogatório com ela, e ela preferiu, digamos assim, se pronunciar desse documento em juízo, que é um direito dela", completou.

O delegado disse ainda que conseguiu o diploma depois de solicitar documentos para as instituições onde Cátia trabalhou, na Bahia. A previsão é que inquérito seja concluído em até uma semana.

"Demos um passo muito largo na conclusão das investigações. A partir do momento que ela não é bacharel, basicamente todas as outras investigações sobre ela, que ela não pôde refutar, passam a ter um caráter de veracidade. Sendo assim, ela deve responder por vários crimes, como estelionato e falsidade de documento público. É claro que a gente necessita de alguns documentos para poder ter uma comprovação, digamos assim, mais eficiente para o Ministério Público. A gente definiu prazo de uma semana", contou o delegado.

Investigações

Em seu currículo, Cátia Raulino alega ser formada em Direito e que tem mestrado, doutorado e pós-doutorado, mas as universidades em que ela diz ter concluído os cursos negam que ela possua as formações.

Raulino chegou a apresentar documentos ao delegado Antônio Carlos Magalhães Santos, que investiga o caso. No entanto, a professora nunca apresentou comprovação das graduações e títulos que ela afirma ter.

Cátia Raulino começou a ser investigada no mês de agosto, depois que ex-alunas do curso de Direito de uma faculdade particular de Salvador a denunciaram por plágio.

No começo das investigações, ela chegou a informar ao G1 que estava recolhendo documentos e que depois iria se pronunciar sobre o caso. Entretanto, depois disso, ela não falou mais com a imprensa.

Segundo as ex-alunas, que já estão formadas, quando ainda eram estudantes, elas tiveram os trabalhos de conclusão de curso incluídos em livro e revista e, nas publicações, a professora assinou os textos como dela, sem citar as então alunas.

O Ministério Público Estadual (MP-BA), que apura ao menos seis denúncias: duas referentes a suposta prática de exercício ilegal da advocacia e quatro referentes a suposto crime de violação de direito autoral.

Neste mês, outro ex-aluno dela entrou com ação no TJ-BA e pedindo indenização de R$ 30 mil, alegando danos morais causados por Raulino.

A suspeita já atuou como professora e coordenadora de faculdades particulares da capital baiana. Cátia Raulino divulgava o trabalho dela nas redes sociais, mas um dos perfis, que tinha mais de 180 mil seguidores, foi desativado.

A Universidade Federal da Bahia (Ufba) chegou a refazer duas bancas de mestrado que tiveram a participação dela.

A mulher já trabalhou por cerca de um ano no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). Através de nota, o TJ-BA informou que ela trabalhou no local entre fevereiro de 2013 a janeiro de 2014, no cargo temporário de supervisor. Não foi informado, entretanto, quais as atividades desempenhadas por Cátia Raulino no local.

Fote: G1