Segunda, 12 de março de 2012
Não são poucos os candidatos que fazem algumas vezes o Exame de Ordem e sempre morrem na praia, sempre ficando com 37, 38 ou 39 pontos.
Esse é um drama recorrente para muitos.
E o termo correto é esse mesmo: drama.
Reprovar de forma sistemática tem um potencial destrutivo sobre a vontade de qualquer candidato.
Eu sinceramente admiro que consegue continuar na luta após colher tantos insucessos. É preciso uma força de vontade descomunal para continuar na luta.
Mas um dia, a força acaba...
Considerem o tempo gasto para concluir o curso, o dinheiro investido na faculdade, o direcionamento da vida em função dos estudos e do sonho de se ter uma profissão, o ego e a própria dignidade envolvidos em todo esse processo.
Se um candidato chega ao ponto da desistência, é porque a saturação mental chegou ao limite: o fracasso anda de mãos dadas com a frustração.
E isso, meus caros, é a regra e não a exceção...
Como então superar esse drama? Como sair da fila e finalmente fazer os 40 pontos?
Como conseguir, finalmente, acertar 50% da prova?
Segue aqui uma proposta de estratégia para finalmente os 50% serem finalmente atingidos.
1 - DIAGNÓSTICO
Por que o candidato sempre fica no zona limítrofe, acertando 37, 38 ou 39 pontos?
O primeiro passo deve ser direcionado para se descobrir as razões, as causas do insucesso.
Então eu pergunto: vocês já fizeram uma avaliação estatística de desempenho no Exame?
Certamente vocês tem um desempenho melhor em algumas disciplinas, sendo que em outras seu desempenho deixa a desejar.
Mas quais? Em que proporção?
Essa pergunta é FUN-DA-MEN-TAL para se desenhar uma solução!! Sem uma clara noção de suas virtudes e deficiências a dificuldade em se buscar soluções é imensa.
Pior, seus esforços serão direcionados na base do empirismo e do achismo: "acho isso", "devo fazer aquilo", sem um fundamento claro do que se fazer. Assim você perde tempo e foco, a receita correta para colher mais uma reprovação.
Se você fez 3, 4 ou 5 provas certamente terá um mar de dados para traçar seu desempenho estatístico por disciplina, e assim obter um diagnóstico de desempenho.
Como montar o diagnóstico?
Primeiro separe as provas, uma por uma, e em cada veja quais e quantas questões foram destinadas pra cadas disciplina.
Você vai encontrar as seguintes disciplinas, por ordem de IMPORTÂNCIA (a ordem de importância é determinada pelo número de questões cobradas em cada disciplina):
Primeiro Grupo
Direito Civil,
Direito Processual Civil
Direito do Trabalho
Direito Processual do Trabalho
Direito Penal
Direito Processual Penal
Segundo Grupo
Direito Constitucional
Direito Administrativo
Direito Empresarial
Terceiro grupo
Direito Tributário
Direito Internacional
ECA
Direito Ambiental
Direito do Consumidor
Direitos Humanos
4 - Disciplina especial
Ética Profissional
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Em cada prova você terá de determinar os percentuais atingidos em cada disciplina. Pode parecer um trabalhinho muito chato (e é um trabalhinho chato mesmo!) mas ele é fundamental para vocês SE CONHECEREM.
Não o despreze!
É impossível achar uma solução sem antes identificar o problema. O preço a pagar até finalmente achar a aprovação pode ser caro demais.
Vejamos um exemplo!
Em uma determinada disciplina, nas últimas provas, foram cobradas 7 questões. Vamos fazer uma análise hipotética do desempenho de um também hipotético candidato nas últimas 3 provas:
IV Unificado - 7 questões / 3 acertos - 43% de aproveitamento
V Unificado - 7 questões / 4 acertos - 57% de aproveitamento
VI Unificado - 7 questões / 2 acertos - 28% de aproveitamento
Média percentual total de acertos - 42%
Isso deve ser feito com todas as disciplinas em todas as provas passadas.
(NOTA: é fácil fazer um cálculo percentual. Considerem, por exemplo, que 8 (ou 6, ou 3 ou qualquer outro número) representa 100%. A partir daí faça uma regra de 3 simples: se 8 é igual a 100% (das questões de determinada disciplina em uma prova, X (que representa o número de acertos) é igual a Y (o percentual de acertos daquela disciplina percentualmente)
8 - 100%
X - Y%
Pode parecer preciosismo meu "ensinar" a fazer uma regra de três aqui, mas é só para ajudar na agilização do processo.)
Ao concluir o trabalho, prova por prova, você terá um quadro do seu desempenho, e também informações muito úteis para iniciar uma reflexão.
Aqui você pode constatar duas coisas:
1 - As disciplinas cujo desempenho é sempre ruim, ou seja, estão sempre abaixo dos 50% de acertos, tal como no exemplo acima;
2 - As disciplinas em que vocês se julgam bons, mas não são.
Essa descoberta, essencial como fator de autoconhecimento, permite a escolha do caminho para a adoção da solução mais adequada.
E qual seria ela?
2 - ESTRATÉGIA
E agora, com o diagnóstico, é possível traçar a melhor estratégia para conseguir a aprovação na 1ª fase.
E como defini-la?
Vamos considerar que vocês já possuam um LASTRO. O lastro seria aquele volume de conhecimento já apreendido e absorvido, o resultado dos seus estudos até agora. E é esse lastro, ao longo de várias provas, que sempre te conduziu ao resultado de sempre: 37, 38, 39 pontos.
Estudar TUDO não é uma solução adequada visando a obtenção daqueles pontinhos finais. O ideal é estudar certo.
Do diagnóstico, vocês irão definir com precisão exatamente quais disciplinas deverão ser estudadas.
Primeiro vocês vão atacar as disciplinas sempre consideradas como boas, mas cujo diagnóstico mostrou-se negativo.
Aqui temos dois detalhes:
1 - Ser bom em uma disciplina no Exame de Ordem significa gostar dela e, ao menos, ter acertado 80% das questões nas provas anteriores. Menos de 80% não representa ser bom em determinada matéria.
2 - Dessas disciplinas escolha aquelas que fazem parte dos dois primeiros grupos apontados aqui no post. Descarte as disciplinas dos demais grupos (exceto Ética).
DESCARTEM também dos seus estudos o Direito Civil e o Direito Processual Civil, exceto se estas forem disciplinas de predileção e você goste delas. São muito extensas para receberem, agora, sua atenção.
Quanto a Ética Profissional, todo candidato tem de acertar pelo menos 80% delas na prova, independente de gostar ou não delas. Elas representam 30% do necessário para a aprovação (se atingir 40 pontos). E, pelo pouco volume de conteúdo que representam, devem ser integralmente absorvidas.
PRESTE ATENÇÃO!!! Vocês NÃO vai estudar TUDO dos grupos mencionados logo acima! Vocês vão reforçar SOMENTE as disciplinas em que você se julgam bons e que fazem parte dos grupos.
A meta aqui é estudar o que já gosta, reforçando o conhecimento em áreas estratégicas, pois certamente o estudo será mais rápido e eficiente; afinal, há predileção pelo(s) tema(s).
Claro! Se o diagnóstico apontar para isso. Se o desempenho nestas sempre foi bom, não há porque agora priorizá-las.
O segundo passo, mais importante ainda, é dar atenção para as disciplinas, também dos dois primeiros grupos em que o desempenho sempre foi péssimo.
Aqui, exatamente aqui, vocês conseguirão extrair a maior parte dos pontos restantes para os 50%.
"E devo estudar todas as disciplinas em que sou ruim?"
NÃO!
A sugestão de estudo aqui é tópica, estratégica, visando um resultado específico em função do TEMPO!
Escolham apenas 2 disciplinas desses dois grupos para estudar. Se vocês arrancarem na prova ao menos umas 6 questões de ambas atingirão o objetivo.
Prestem atenção no que eu acabei de escrever: ""A sugestão de estudo aqui é tópica, estratégica, visando um resultado específico em função do TEMPO! Escolham apenas 2 disciplinas desses dois grupos para estudar. Se você arrancar na prova ao menos umas 6 questões de ambas atingirá seu objetivo.""
Não é o objetivo de ninguém abraçar o mundo e virar doutor em Direito. Vocês querem passar, apenas isso! O esforço visa combinar o fator tempo com o fator otimização dos estudos.
É óbvio que não dá para estudar tudo até o dia da prova. Mas atacando disciplinas importantes que historicamente vocês sempre foram mal, com certeza um extra na pontuação será obtido.
E esse extra no dia da prova fará a diferença, junto com o reforço nas disciplinas cuja crença de ser bom revelou-se infundada.
Tudo não passa de uma solução com base na análise de LACUNAS no conhecimento de vocês. É uma estratégia de estudo pontual.
3 - ESTUDANDO
E como estudar as disciplinas eleitas para essa reta final?
Vou repetir aqui a fórmula de estudo que costumo recomendar. Lembrem-se que o estudo é um processo global, exigindo uma série de etapas para o candidato efetivamente ficar preparado.
O Estudo para o Exame de Ordem pode ser estruturado da seguinte forma, sem no entanto pretender excluir nenhum outro ou considerar este como o melhor:
1 - Leitura da doutrina (específica para o Exame) ou acompanhamento de uma aula acompanhado da leitura SIMULTÂNEA ou logo POSTERIOR da legislação correlata na medida da evolução da leitura ou aula (na aula online o aluno pode parar a aula, ler o que quiser, e depois continuar do ponto onde parou. Isso representa uma imensa vantagem em termos de estudo que a aula presencial ou satelitária não podem acompanhar). Aqui o candidato estabelece os vínculos entre os conceitos, as teorias e a norma;
2 - Elaboração pequenos resumos ao término de cada tópico do livro que está sendo estudado. A elaboração de resumos, feitos DE CABEÇA, não só ajuda a delimitar o que não foi apreendido com a leitura inicial como é uma importantíssima etapa de fixação do conteúdo. Se você lembra, o conteúdo, ao menos naquele momento está fixado;
3 - Revisão do conteúdo estudado dentro de um período em específico, de preferência, como estamos em uma reta final, logo após esgotar a doutrina da disciplina escolhida. Essa medida atende à preocupação em se avançar no estudo do conteúdo sem perder a informações previamente estudadas. Ou seja, avançar nos estudos sem esquecer o que ficou para trás. É uma ação basilar.
Todo estudante almeja a chamada "memória profunda", ou a fixação definitiva de uma informação em sua memória. Tal processo não acontece por milagre, uso de técnicas mirabolantes ou sistemas mágicos. É preciso ler, compreender, reforçar o conteúdo e disponibilizá-lo com constância, seja dando aulas (para si mesmo até), elaborando resumos sem efetuar nenhuma consulta ou resolvendo exercícios.
A revisão tem o fito de evocar um conteúdo anteriormente estudado e reforçar a fixação deste no cérebro.
4 - A resolução de exercícios é a última etapa desse processo, e ela é FUNDAMENTAL. Primeiro porque ela se enquadra como um processo ao mesmo tempo de revisão do conteúdo, de desafio ao raciocínio, em razão da adaptação do conhecimento a um problema hipotético, ajudando no desembaraço mental, como também representa uma etapa de adaptação ao sistema de enunciado da banca, e tal adaptação é VITAL!
Notem que o processo de estudo não pode ser trabalhado de forma estanque - Você deve se inteirar da doutrina, confrontá-la com a lei, elaborar resumos e resolver exercícios. Essas etapas, distintas entre si, mas consideradas como um processo global, certamente produzirão ótimos resultados como método de aprendizagem.
Não incorra no erro de optar por apenas uma dessas abordagens em detrimento das demais. Pode ser que um candidato tenha sido aprovado apenas escolhendo uma sistemática, mas é muito provável que isso represente uma exceção, e não a regra.
Não vou vender nenhum tipo de ilusão para vocês: traçar o diagnóstico das reprovações será, sem dúvida, um trabalhinho MUITO chato.
Muito chato mesmo: repetitivo e enfadonho.
Mas as descobertas e constatações dessa avaliação serão extremamente reveladoras, e, bem além disso, valiosas.
Compensa passar um tarde descobrindo as virtudes e deficiências no conhecimento. É muito pouco tempo gasto comparando com o tempo (e dinheiro) a serem gastos após mais uma reprovação por dois ou três pontos.
Não percam tempo e façam o diagnóstico.