Determinando a correta ordem de resolução da prova da 2ª fase da OAB

Quarta, 12 de junho de 2013

On-the-Highway

Vamos abordar um tema muito importante para a prova do domingo: a ordem de resolução da peça e das questões. Pensar nisso agora é importante pois vocês precisam refletir bem sobre essa questão. E além da reflexão, treinar um pouco também!

E aqui fica a preciosa percepção do historiador judeu romanizado, Flávio Josefo, sobre a preparação do exército romano para a guerra: "seus treinos parecem batalhas sem derramamento de sangue e suas batalhas parecem treinos com derramamento de sangue."

Ou seja: para o exército romano, treinar e combater eram a mesma coisa. E por isso Roma foi o que foi.

A máxima vale para todos vocês: o treino, a adoção prévia de estratégias e a certeza do que fazer ANTES de chegar na prova poupará tempo e elidirá dúvidas.

E a hora para isto é agora!

E então? Como resolver a prova? O que priorizar?

Uma vez recebi um mail bem interessante sobre o tema:

"Boa tarde Maurício

Esta é a terceira segunda fase seguida que vou realizar. Quase passei nas outras oportunidades. Fui freado pelas correções da banca. Ocorre que de outras vezes realizei a peça primeiro tirando 4, mas pequei nas questões. Você postou em fazer primeiro as questões.

Seria no meu caso, agora a hora de inverter a ordem de realização da prova ou mantenho?

Qual sua opinião? Fico no aguardo. Abraço"

Sim, sempre escrevi que resolver as questões primeiro era melhor, desde que obedecidos certos parâmetros. Vou explicar o porquê disto.

Antes, precisamos definir alguns parâmetros úteis para pensarmos com clareza:

1 - A identificação da peça prático-profissional correta é o ponto mais importante da prova. Se o candidato errar, estará irremediavelmente reprovado.

Exemplo mais do que recente: a prova de Direito Tributário do VIII Exame. A banca exigiu como resposta um inédito recurso de agravo de instrumento e a maioria dos candidatos sequer sabiam fazê-lo, pois tal peça nunca antes havia sido exigida.

Moral da história: a maioria reprovou, pois apresentaram um monte de peças, menos o agravo de instrumento.

Constitucional e Administrativo também cobraram um alto tributo de quem errou as respectivas peças (RE e Agravo de instrumento).

Não adianta acertar todas as questões ou desenvolver uma ótima petição. Se errar na identificação da peça, um abraço, tchau, até a próxima.

2 - A peça é determinante para não ser reprovado de plano, mas acertá-la sem desenvolver direito as 4 questões subjetivas pode ser desastroso.

O e-mail do nosso amigo acima é emblemático: tirou 4 pontos na peça, desempenho formidável, mas foi tão mal nas questões que sequer dois míseros pontos foram obtidos. Resultado: reprovado em 3 oportunidades.

Lembro-me de uma prova do VII Exame que uma candidata pediu para eu dar uma olhada. Ela teve um desempenho excepcional na peça prática, mas, tal como seu colega do e-mail, o desempenho nas questões foi pífio. Acabou reprovando também.

Isso, na essência, decorre de uma visão equivocada do candidato: a de achar que a peça prática é tudo.

Não é!

Uma coisa é não poder errar o tipo da peça, outra, a de dedicar todo o foco em resolvê-la.

O correto é ver  prova HOLISTICAMENTE!

Uau!!! E o que é holístico? Nada mais é do que se ter a compreensão integral de um determinado fenômeno e não apenas das suas partes separadas.

A prova é um todo. Vocês não podem priorizar uma parte em detrimento de outras. Tudo tem de ser abarcado para produzir o melhor resultado. Emprestar o foco somente uma parte pode prejudicar as demais, pois o tempo é LIMITADO!

Partindo deste princípio, o candidato tem de ter uma visão prévia do todo EXATAMENTE para poder balizar a equação do TEMPO.

Aí ele não se complica!

Qual é o caminho a ser seguido?

1 - Leiam primeiro a prova inteira

Leiam tudo! Entendam o que é a prova e estabeleçam de plano a compreensão dela e o grau de compreensão de sua dificuldade.

2 - Foco na identificação da peça prática.

Terminaram de ler a prova toda, partam para a identificação da peça prática. Muito provavelmente isso correrá já na primeira leitura, o que será muito bom.

Se não, leiam o enunciado da peça prática e determinem qual é a peça correta para o problema apresentado.

Identificar a peça de plano é FUNDAMENTAL para suas pretensões. Ao identificar a peça vocês terão a  certeza de que não vão reprovar logo de cara e, consequentemente, vão tirar um ENORME peso das costas.

Falo sério! Isso é muito importante!

3 - Estruturando o esqueleto da prova

Desde quando surgiu a necessidade de se fazer o esqueleto?

Desde o Exame 2010.3.

Isso porque, no tempo do CESPE, dava para fazer um rascunho, pois os enunciados eram muito menores. Veio a FGV, e logo na 1ª prova a peça de Direito do Trabalho foi uma bomba, colossal.

A partir daí passei a sugerir aqui no Blog estruturação de um esqueleto, e tal ideia passou a ser adotada por outros cursos e candidatos.

Tenham em mente uma coisa: o esqueleto exige do candidato TODO o esforço intelectual. É nele que o examinando declinará os fundamentos e o sentido das respostas, de forma sintética, concisa.

Após estruturar o esqueleto direitinho, o trabalho daí em diante será braçal. O caminho já foi delimitado.

Não deixem de ler:

Preparando o esqueleto da prova subjetiva da OAB

Entramos na reta final! Como preparar (de verdade) o emocional para a prova?

Muito bem!

4 - Comecem pelas questões, terminem com a peça

Após o esqueleto, ataque primeiro as questões e, depois, façam toda a peça.

Aqui um ponto importante: as questões não deverão tomar mais do que uma hora e meia do examinando. Aconteça o que acontecer, independentemente da completude do desempenho nas questões, o lapso de uma hora e meia deve ser RELIGIOSAMENTE respeitado.

Por quê?

Apresento dois motivos. O primeiro é que uma hora e meia dá para fazer tudo. Se não der, e aqui surge o segundo motivo, ao menos o candidato se desincumbiu bem nas questões, e pode agora priorizar com calma a parte mais importante da prova: a peça.

Ao terminar a peça, se der tempo, volta para as questões, mas a prova como um todo foi atacada, sem que nada venha a ser neglicenciado.

DICA: não prenda a sua atenção em uma questão cuja resposta estão está aparecendo. Tá difícil, passa para a próxima e deixa o difícil para o final, quando tudo o mais estiver concluído.

O que escrevi aqui é uma sugestão baseada na experiência, na compressão da gestão do tempo e em experiências empíricas. Na prática, sem a menor dúvida, funciona.

Não descartem a possibilidade de outras estratégias, mas sempre tenham em mente de que a prova é um todo.

Compreendam primeiro o todo (tenham a tal da visão holística da prova) e depois escolham o que fazer.

O inimigo de cada examinando é o tempo, e se o tempo certo não for empregado em cda parte da prova, o todo pode ser comprometido.

Pegar a prova e ir resolvendo ela como se fosse um trator até pode funcionar, mas o risco de dar algum problema é bem maior.

E não se apavorem com a prova. Certamente tudo o que vocês precisam estará lá. Ela pode surpreender de início pela dificuldade e extensão mas, com frieza e calma, é quase certo que vocês acharão todas as respostas necessárias para resolver os problemas apresentados. O desespero oblitera a percepção, e vocês precisarão ter sangue frio: será exatamente a hora de mostrá-lo.

E aqui outra dica importante: Pode ser que a prova impressione por sua amplitude. Sejam pragmáticos nessa hora. Muita gente perde tempo se impressionando com o tamanho da prova e escolhendo o que vai fazer primeiro. Leiam a prova para saberem onde vão pisar, escolham por onde começar e façam!

É uma questão de determinação. Perder 20 minutos pensando demais nas ações a serem tomadas poderá custar caro ao final. Sigam um roteiro, seja ele qual for, ou o apresentado aqui ou um bolado por vocês mesmos, mas não percam tempo pensando em estratégias na hora da prova. Comecem a prova já sabendo o que fazer.

Vão com a estratégia pronta, o roteiro já na cabeça!

É extremamente improvável que a prova exija uma resposta que não possa ser encontrada nos códigos e na jurisprudência sumulada. As respostas estarão lá. Tenham calma e usem a abusem dos índices para localizar as informações necessárias hábeis a solucionar os problemas apresentados.

Lembrem-se: a grande tacada na prova é fazer pelo menos três e meio ou quatro pontos na peça prática. Com isso vocês só precisarão acertar no mínimo duas questões inteiras para lograr a aprovação.

Compreendam as partes, triunfem no todo!