Deputado contrário ao Exame de Ordem quer PROIBIR a importação de livros e revistas por órgãos públicos!

Quarta, 4 de junho de 2014

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E quando vocês acham que nada mais pode piorar, vem alguém para provar que esse raciocínio nunca é válido.

O líder do PT na Câmara Fe­­deral, o deputado Vicen­­tinho (SP), apresentou um projeto que proíbe a compra de livros e outras publicações estrangeiras por órgãos públicos brasileiros.

Acreditam nisto?

Imaginem as universidades federais sem poder adquirir IMPORTANTES publicações estrangeiras! E isso considerando que a pesquisa científica no Brasil ENGATINHA, enquanto no exterior...bom, vocês podem intuir a diferença entre o Brasil e outras nações nesta área.

Vejam as razões usadas para justificar o projeto:

A necessidade de crescimento da economia nacional obriga-nos a voltar as atenções aos produtos produzidos internamente. É impressionante o número de publicações gráficas que são utilizados nas administrações de órgãos públicos brasileiros, de forma que tais órgãos constituem-se em potenciais compradores, não devendo o poder público favorecer o mercado externo em detrimento das produções nacionais.

Objetivando minimizar a constante evasão de divisas, este projeto vem contribuir para que haja o compromisso do poder público para com a economia nacional. Necessitamos de adoção de restrições à importação de livros e demais publicações gráficas comumente adquiridas.

A justificativa mostra a visão do deputado. Ao invés de FOMENTAR a entrada de livros e revistas estrangeiras, pelo simples fato de representarem conhecimento e cultura, como, por exemplo, criando políticas para aumentar traduções, reduzindo tributos ou estimulando a publicação diretamente no território nacional, para facilitar o acesso ao conteúdo, ele, sob um pretexto pueril de ordem econômica, tenta proibir a entra de cultura e conhecimento no país.

Isso é reflexo de uma visão estatista e reguladora de mercado. O Brasil sofre com essa visão míope de que se protege a indústria nacional fechando mercados, quando é o contrário: abrir os mercado e estimular as empresas nacionais a ganharem terreno lá fora. Mas como nossa carga tributária é imoral, elevadíssima para sustentar um Estado inchado, aparelhado e ineficiente, vivemos um círculo vicioso que trava nosso desenvolvimento.

Daí dá para ver bem a visão de mundo de um parlamentar que é contra o Exame de Ordem, único instrumento sério de avaliação dentro de um sistema educacional sucateado, sem fiscalização, onde 38% dos universitários brasileiros são ANALFABETOS FUNCIONAIS.

No Brasil, 38% dos universitários são analfabetos funcionais

Sim! Esses 38% de analfabetos funcionais dentro das universidades NÃO CAUSAM nenhum furor.

Interessante, né? Ninguém questiona isso, que é um dos maiores escândalos na área da educação. É de se perguntar as razões para tamanho silêncio.

Melhorar a educação, fiscalizar as faculdades e aumentar o acesso a material de qualidade que é bom, nada.  O importante é sucatear tudo para atender o interesse de segmentos ao invés de olhar para o contexto e atender o interesse da coletividade, da educação e do desenvolvimento.

Deputado Vicentinho defende o fim do Exame de Ordem

Pelo fim do Exame de Ordem

O jornal Gazeta do Povo tentou entrar em contato com o deputado, mas só conseguiu falar com a assessoria parlamentar do PT. Vejam só a desculpa usada:

A reportagem da Gazeta do Povo tentou entrar em contato com o deputado federal Vicentinho (PT-SP) para que ele explicasse o projeto e as razões para sua apresentação. Mas o parlamentar não deu resposta. Mas a assessoria da liderança do PT disse ter havido um ?mal-entendido? sobre o escopo do projeto: o que o deputado buscava proibir era a compra de publicações produzidas no Brasil, porém impressas em outros países, como a China, por razões econômicas. Com isso, informou a assessoria de Vicentinho, seria possível proteger as gráficas brasileiras. Essas informações, porém, não constam nem no texto tampouco na justificativa do projeto de lei.

A assessoria do líder do PT ressaltou também que o projeto prevê a compra de publicações estrangeiras que não tenham similares no Brasil. No entendimento de Vicentinho, isso possibilitaria a assinatura de periódicos acadêmicos, por exemplo.

Ditadura

Porém, o professor de Filosofia Política Roberto Romano, da Unicamp, observa que já se tentou usar esse conceito de ?similaridade? para livros durante a ditadura militar, por razões econômicas, com resultados desastrosos. ?Não há como existir uma ?publicação similar?. Pode até existir uma revista brasileira nos moldes da Nature [publicação científica internacional], mas os conteúdos são diferentes. Até porque pesquisar é trazer algo novo?, afirma Romano. ?Não podemos retirar da comunidade científica fontes de informação.?

Fonte: Gazeta do Povo

Confiram agora o texto do projeto:

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Vamos rezar para essa abominação virar pó dentro das comissões, ou esperar a queda de um facho de luz na cabeça do deputado, iluminando-o, e ele resolva tirar esse PL da tramitação na Câmara.

Mas, sinceramente, acho que isto não vai acontecer. Afinal, se o partido do deputado Vicentinho, via Governo, tem a coragem de simplificar os textos de Machado de Assis, por que não massacrar um pouco mais a educação neste país?