Quinta, 15 de dezembro de 2016
Em meio a tantos movimentos no Congresso Nacional para desvirtuar projetos de lei e blindar parlamentares citados na delação dos executivos da construtora Odebrecht, a maior delação de todos os tempos, envolvendo centenas de parlamentares, o deputado federal Rogério Rosso (PSD-DF), entre outros, apresentou ontem uma PEC cujo objetivo é o de convocar uma nova Assembléia Nacional Constituinte.
Apresentada exatamente em um dos piores momentos da nossa democracia, essa PEC vem completamente fora de tempo. Nâo é em momentos de crise que se discute uma nova constituição, mas sim em momento de transição.
O atual parlamento, que não se constrange em votar em plena madrugada projetos para livrar seus membros das garras da Lava Jato, não pode, nunca, ter nas mãos o poder de alterar a Constituição por inteiro. Obviamente trata-se de uma manobra para livrar muitos de eventuais e futuras punições, entre outras coisas. Uma nova constituição só pode ser pensada se for proposta após as eleições de 2018, quando o povo terá a chance de afastar de seus mandatos muitos dos parlamentares que aí estão. A atual legislatura é a PIOR desde a redemocratização e NÃO TEM legitimidade moral para deliberar sobre uma nova Constituição.
Os tempos são difíceis, nós sabemos. Todos os poderes da União estão desmoralizados, mas é na crise que o império da lei deve fazer sentir sua força. Seria inimaginável ver uma Assembléia Consituinte usada para freiar uma ampla investigação como a promovida peça Lava Jato, e nós, o povo, queremos ver a Lava Jato chegar aos tribunais e punir quem tiver de punir, EM ESPECIAL os agentes políticos envolvidos com corrupção.
Assembléia Constituinte agora tem cheiro de impunidade! Ou alguém aqui acredita no puro e sincero coração do atual parlamento?
Eu não!