Controlando o stress durante a preparação para a OAB

Segunda, 12 de março de 2018

Controlando o stress durante a preparação para a OAB
Vamos falar sobre o clichê dos clichês quando o assunto é Exame de Ordem: o stress!

São poucos, muito poucos que passam incólumes pela prova, e, sinceramente, acho que nenhum candidato fica sem ter um pouco, no mínimo, de medo em algum momento durante todo o processo.

Vivo citando um estudo implementado pela Drª Tânia Loricchio, do Departamento de Psicobiologia da Unidade de Medicina Comportamental da UNIFESP, sobre os índices de ansiedade e stress pré-Exame de Ordem.

Foram analisados 237 bacharéis em Direito inscritos em cursos preparatórios em diversas regiões do estado de São Paulo, com idade entre 21 e 74 anos (32,9 anos, em média), sendo 46% homens e 54% mulheres. Destes, 80% já haviam prestado o Exame anteriormente, sendo que alguns em mais de uma oportunidade.

Desse universo de candidatos analisados, 70% apresentaram sintomas de stress, sendo que 41% com níveis de stress mais severos.

Ou seja: é cientificamente provada a incidência severa de stress e a ansiedade entre os candidatos.

A pressão pela aprovação, seja interna, seja oriunda de fatores externos, como amigos, família ou necessidades profissionais, atrapalham o desempenho de numerosos candidatos - posso dizer dezenas de milhares - podendo facilmente ser incluído como uma das causas de reprovação, seja principal ou secundária.

E o que pode ser feito para mudar esse quadro?

Como alinhar a mente de forma positiva, elidindo a ansiedade?

Ser resiliente, suportar os medos e a ansiedade e vencer as próprias fraquesas é algo possível, e pode ser trabalhado pelo próprio candidato.

Como?

O senhor da imagem acima chama-se Aaron Beck, psiquiatra norte-americano e professor emérito do departamento de psiquiatria na Universidade da Pensilvânia. Ele é conhecido como pai da Terapia Cognitiva e considerado um dos cinco psicoterapeutas mais influentes de todos os tempos, tendo transformado a psiquiatria e psicologia ao redor do mundo.

Beck acreditava que a depressão é causada devido a visões negativas irrealistas sobre o mundo. Pessoas deprimidas tem uma cognição negativa em três áreas, que são tidas como a tríade depressiva. Elas desenvolvem visões negativas sobre elas mesmas, o mundo e seu futuro. Ele chamou esses pensamentos de ?pensamento automático?, pois não precisam de uma motivação para surgirem.

Tais pensamentos decorrem da forma como interpretamos o nosso cotidiano, o nosso dia-a-dia. Ou seja: o pensamento negativo é derivado da forma como vemos a realidade e não da forma como a realidade é em si mesma. Trata-se de uma derivação interpretativa sobre os fatos, gerando o que ele entendeu como distorções cognitivas da realidade vivida.

O medo, a ansiedade e o stress em relação à prova derivariam deste estado.

E como enfrentar essa situação?

Uma das técnicas iniciais da terapia cognitiva exige que as ideias disfuncionais sejam substituídas por crenças e outras ideias que alterem o comportamento do indivíduo diante da adversidade enfrentada.

Na prática seria moldar o pensamento, adotando uma visão positiva sob 3 prismas distintos, mas intrinsecamente interligados:

1 - Visão positiva sobre si mesmo

2 - Visão positiva do mundo

3 - Visão positiva do futuro

Essa tríplice abordagem daria o substrato necessário para transformar o aspecto emocional e possibilitar a mitigação das sensações negativas, ou mesmo superá-las de forma total.

Como funciona?

A visão positiva de si mesmo

Crer em si mesmo, acreditar no próprio potencial, desenvolver a autoconfiança seria a abordagem inicial. Oras, para enfrentar a prova somente você, e mais ninguém, poderá estar lá para superar o desafio. Crer no próprio potencial faz parte do conceito de ser resiliente, incluindo aí situações complexas e estressantes.

Aqui, neste ponto em específico, devemos mudar o que é chamado de "discurso interno", tirando-o do prisma negativo (não posso, não consigo) e revertendo-o para um viés positivo (posso, consigo) promovendo a autoconfiança.

É também importante trabalhar o fato de que a própria capacidade não está vinculada ao sucesso imediato em qualquer ação a ser tomada. Uma reprovação ou mais podem surgir pelo caminho, mas isso por si só não tem o condão de representar o fracasso absoluto, e sim uma etapa a ser cumprida: sim, é possível, e o objetivo será atingido de qualquer maneira!

Visão positiva do mundo

Confie nos outros, acredite nas pessoas, acredite que o mundo é um bom lugar e que merece uma chance de assim ser. Crer nos outros, crer nos elementos do mundo, e mesmo crer no plano espiritual, seja ele qual for (questão de crença) ajuda a criar um quadro positivo que leva também ao estado de resiliência.

Essa postura tem a propriedade de nos fazer buscar novos caminhos, novas experiências e oportunidade em nosso benefício, aumentando nossa capacidade de interação e nos fortalecendo internamente.

Estamos inseridos no mundo e não podemos fugir dele, desta forma, vê-lo como algo bom e desejável nos compele a nos desenvolvermos e interagirmos, e isso compõe um quadro benéfico.

Talvez seja difícil ver o Exame de Ordem como algo legal, mas ao menos deve ser visto como algo necessário, ou ao menos inevitável, e como tal enfrentá-lo torna-se um desdobramento natural da vida. Outras tantas pessoas estão passando pela mesma situação e olhar para elas, compreendê-las e se sentir junto dentro deste processo, com compaixão, é a postura mental mais adequada.

Ser resiliente aqui implica em encontrar elementos no meio circundante para implementar de forma satisfatória os próprios objetivos.

Visão positiva do futuro

De repente a aprovação pode não vir, mas não acabou: outra chance há de vir. De repente, a mudança de postura éo suficiente para que nenhum obstáculo IMEDIATO tenha força suficiente para para o candidato: a vitória virá.

Ter fé, crer em um futuro melhor, SABER que o melhor está por vir, são condições elementares para se desenvolver a resiliência.

Aliás, o resiliente é, acima de uma, alguém com ESPERANÇA. E, de forma conjunta, alguém com motivação e força de vontade para, através da çaõ, transformar o próprio futuro, dirigindo-o para onde a sua vontade determina.

Crer no melhor e lutar por ele é a peça-chave dentro deste processo.

Crer em si mesmo, crer no mundo e acreditar em um futuro melhor. Três abordagens distintas mas convergentes para ajudar a mudar, de forma decisiva, o estado de espírito e acabar com o stress, o medo ou quaisquer temores em relação à prova.

A solução está dentro de cada um, e todos têm este potencial.

Basta acreditar!