Como o Governo Federal se posicionaria na questão do fim Exame de Ordem? O "exame para medicina" pode dar pistas!

Segunda, 29 de outubro de 2012

A proposta de um novo plano de avaliação de cursos de Medicina feita pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, com três provas durante a graduação, provocou na terça-feira (23) uma crise na Esplanada e deu mostras do clima de disputa com o colega da Educação, Aloizio Mercadante.

Preferido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para disputar o governo de São Paulo ? e, portanto, virtual adversário de Mercadante no PT ?, o ministro falou sobre o Exame Progressivo, que seria aplicado em alunos dos 2º, 4º e 6º anos de Medicina. Uma proposta feita por sua pasta que, de acordo com sua equipe, está em fase de negociação com o MEC.

Avaliação em SP: Cremesp institui exame obrigatório para formados em Medicina  Reação de alunos: 

Mercadante reagiu imediatamente: em nota da assessoria, desmentiu o colega. "O MEC desconhece qualquer proposta do ministro da Saúde de fazer uma prova de progressão dos estudantes dos 2º, 4º e 6º anos de Medicina", informou o texto.

Padilha rebateu, afirmando que a proposta formal não foi feita, mas que esta é a defesa de sua pasta. O titular da Saúde argumenta que exames periódicos, feitos ao longo do curso, poderiam corrigir a tempo algumas distorções ? um fator que, em sua avaliação, traria mais segurança aos estudantes.

Polêmica: 

Atualmente, a avaliação é feita pela Lei do Sinaes, por meio do Enade, uma prova nos 1.º e 6.º anos da graduação de Medicina. Numa entrevista concedida na terça-feira (23), Padilha afirmou que, na nova avaliação, cursos que apresentassem desempenho inadequado poderão receber como punição a redução de novas vagas ou até mesmo a suspensão de vestibulares, até que o problema seja solucionado.

O secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mozart Sales, disse que alguns encontros já foram realizados com a equipe do MEC para discutir o novo formato. "Ele avaliaria o aluno e, por consequência, o curso", afirmou. Segundo Mozart, a proposta havia sido bem recebida pela equipe do MEC. "Com uma avaliação contínua, cria-se mecanismos que permitem instituições reorientarem a rota, caso necessário."

Padilha defendeu o exame progressivo como uma forma de garantir a qualidade dos novos cursos de Medicina. A presidente Dilma Rousseff encarregou os dois ministros de aumentar a oferta de médicos ainda na sua gestão.  .

As informações são do jornal "O Estado de S.Paulo".

Fonte:

Vamos avaliar a informação contida na notícia acima para fazer uma ponderação interessante.

Independente do racha entra a pasta da saúde e a da educação, há no Governo (ao menos em parte dele) o interesse em implementar um exame de avaliação para os estudantes de medicina. Não será como o Exame de Ordem, mas será, de uma forma ou de outra, um sistema de avaliação.

E aqui entra a discussão sobre o fim do Exame da OAB. O Governo, agora que esboça a criação de um sistema avaliativo para uma classe profissional (ao menos em tese poderíamos falar do Governo como um todo), apoiaria o fim do exame de uma outra classe?

Na teoria não faz sentido.

No jogo do Congresso uma série de equações, não explicitadas, pesam na hora de uma definição quanto a manutenção do Exame de Ordem, e uma das variáveis é exatamente o apoio, ou não, dos partidos da base governista ao PL contra o Exame.

Até agora o PL não despertou nenhum interesse do Governo em si, mas em algum momento, a depender da evolução do tema, a OAB pode apelar para instâncias políticas maiores e pedir apoio, garantido assim a manutenção da sua prova.

Claro, em política impera o princípio franciscano do "é dando que se recebe." A OAB teria que pagar a fatura deste eventual apoio no futuro, de alguma forma, mas dentro da lógica política e do contexto, é uma alternativa possível e talvez já cogitada.

Tudo aqui, evidentemente, está no campo da especulação (especulação possível). Ainda nesta semana, ao que parece, teremos uma nova tentativa na Câmara para acabar com o Exame de Ordem. Vamos ver como as coisas se desenrolarão.