Como garantir uma boa correção da prova subjetiva?

Sexta, 15 de setembro de 2017

Como garantir uma boa correção da prova subjetiva?

Na 2ª fase do XIX Exame tivemos um impressionante número recorde de reclamações de candidatos quanto a correção da prova subjetiva.

Talvez tenha sido a pior prova neste sentido considerando todas as provas do Exame Unificado. E muita gente ficou pelo caminho, em que pese o prazo recursal.

Já no XX Exame a qualidade das correções melhorou sensivelmente. Mas melhorou comparando com a prova do XIX. No XXI tivemos uma flexibilização significativa nos critérios de correção das provas, por conta da terrível prova da 1ª fase, coisa que não se viu no XXII Exame, pois a primeira fase foi bem generosa.

Agora, no XXIII, a expectativa é de uma prova "normal", nem "fácil" e nem arrepiando. Qual poderá ser o grau de dificuldade da 2ª fase da OAB?

A verdade é que as correções, hoje, representam o ponto fraco do Exame de Ordem: estão longe da perfeição.

Essa é, sem dúvida, a grande preocupação hoje dos candidatos: ir bem na prova e não ser injustiçado na correção da prova subjetiva.

Como garantir uma boa correção da prova subjetiva?

Seria perfeito se pudéssemos eliminar as injustiças completamente, mas a correção da prova subjetiva depende de seres humanos, e estes erram.

Antes, um detalhe: tem gente que acha que são poucos os corretores em cada disciplina. Não são!

Cada disciplina tem dezenas de corretores envolvidos, e todos, por óbvio, são responsáveis por muitas provas.

Levando em conta termos apenas 3 semanas entre a prova e o resultado preliminar, imagem a logística apra corrigir todas as provas. Vocês  podem se dar conta do mega trabalho envolvido neste processo, além de ser um pequeno pesadelo logístico.

Bom, isso não importa: eles têm de corrigir direito cada prova e pronto! Certo?

Bem...essa é a teoria.

Como falhas acontecem, vamos então tratar aqui de estratégias para minimizar as chances dos corretores de suas provas meterem o pé na jaca.

Como?

1 ? Sigam a sequência lógica do enunciado

Já pararem para olhar com calma como os padrões de resposta são estruturados? Eles, obviamente, seguem uma sequência, uma ?fórmula?, de acordo com a práxis do nosso Direito Processual e das regras do CPC.

Toda as peças tem uma sequência lógica de apresentação.

E aí vem o pulo do gato, e o problema também.

Vocês sabem como é feita a correção da peça e das questões?

Todas as provas são digitalizadas e enviadas para a banca corretora. Cada corretor trabalha com 2 telas, uma com a prova outra com os critérios de correção. Ele vai lendo a peça ou as questões em uma tela, e em outra vai atribuindo a pontuação.

Não raro, o candidato não apresenta sua peça dentro de da sequência apresentada pelo problema, e o corretor, que olha centenas de provas, acaba passando batido pelas respostas. Como o corretor está em uma maratona de análise de peças, seu raciocínio naturalmente acaba ficando meio robotizado, e falhas tendem a ocorrer.

Perguntem para um injustiçado da correção passada se ele havia apresentado a resposta corretamente e a banca deixou de atribuir a nota correta. Essa é uma das causas!

Logo, procurem seguir a sequência lógica da peça e a sequência do enunciado. Pensem em como poderá vir o espelho da prova.

?Ah, mas a banca é obrigada a corrigir direito!?

Sim, eu concordo! Mas na prática essa obrigação não tem sido levada ao pé da letra. ?Ajudar? o corretor a corrigir sua prova, no fundo, representa vocês ajudarem a si mesmos.

2 ? Clareza de apresentação

Sempre escrevo sobre a estética da prova e a apresentação dos parágrafos.

O motivo é óbvio: quanto mais estruturada a apresentação de um texto, mais fácil de compreendê-lo.

E vocês anseiam ardorosamente serem compreendidos pelos corretores. Não é luxo algum: trata-se de uma medida para evitar confusão com o corretor.

Parágrafos de um tamanho padrão e claramente separados um do outro, grafia clara e legível, indicação explícita dos fundamentos legais, respeito às margens das folhas. Tudo isto conta na hora da verdade.

E aqui o raciocínio é simples: coloquem-se no lugar de quem vai corrigir as provas olhando em uma tela. Imaginem um corretor lendo uma letra horrorosa e tendo que fazer força para INTERPRETAR o significado de uma frase ou de uma palavra.

Imagem a quantidade de provas escritas com letras ininteligíveis.

Façam diferente: apresentem uma peça fácil de ser lida.

3 ? Lógica na redação

Aqui é um belo de um desafio para muitos candidatos. A própria redação nada mais é do que um desdobramento do raciocínio, e a explicitação da resposta nem sempre é feita da melhor forma possível.

Já cansei de ver respostas para uma das questões de uma peça que poderiam ter sido apresentadas em 3 linhas, mas o foram em 6 ou 7. Ou mesmo mais do que isto...

Uma redação prolixa é um verdadeiro problema para quem a lê e atrapalha a correção da prova subjetiva. E muitas respostas certas, por não serem dadas de forma objetiva, acabam sendo ignoradas.

Aliás, eu diria que essa é a principal causa de não atribuição de nota para muitos, mas muitos candidatos.

De um modo geral, a resposta tem de se parecer com o que está no padrão de resposta. O candidato narra de forma breve, muito breve, o fato, depois ele narra qual a solução jurídica aplicável ao caso, fundamenta com a lei e/ou jurisprudência e faz o pedido em função do interesse do seu cliente.

Muitos candidatos se perdem neste momento, tentando explicar a própria lei, estendendo-se demasiadamente na narrativa do enunciado e se perdendo na redação.

Em suma: não tenham medo de serem objetivos. A correção da prova é feita de forma a se encaixar a redação com o espelho. Se os elementos da redação encontrarem eco no espelho, a nota será deferida.

Olhem o raciocínio contido no padrão, de cima para baixo. Segue a mesma ordem de apresentação do próprio enunciado:
correção da prova subjetiva - padrão administrativo XIX A redação, creiam-me, não precisa ir muito além disto não. Deve ser linear, evidentemente, mas a lógica é completamente esquemática na correção da prova subjetiva. A prova é subjetiva, mas os critérios de correção são, em larga medida, objetivos. Se a redação enquadra com o espelho, apresenta todos os seus elementos, ela satisfaz o corretor. Não é necessário bancar o Pontes de Miranda ou o Ruy Barbosa na explicação da resposta correta.
Muito bem!
Esse excesso de zelo e cuidados não deveria ser assim tão necessário (se bem que apresentar uma redação clara é o mínimo que se espera em qualquer prova subjetiva), mas as falhas nas correções, em especial na última prova, não podem ser ignoradas: a galera ficou irada com a quantidade de problemas. Facilitar a vida do corretor, portanto, é uma forma de reduzir riscos na correção da própria prova. É uma medida de ?sobrevivência?, por assim dizer.