Sexta, 19 de janeiro de 2018
Na 2ª fase do XIX Exame, há 5 edições atrás, tivemos um impressionante número recorde de reclamações de candidatos quanto a correção da prova subjetiva.
Foi algo absolutamente fora do normal!Foi a pior prova em termos de correção de peças considerando todas as provas do Exame Unificado. E muita gente ficou pelo caminho, em que pese o prazo recursal.
Já no XX Exame a qualidade das correções melhorou sensivelmente. Mas melhorou comparando com a prova do XIX. No XXI tivemos uma flexibilização significativa nos critérios de correção das provas, por conta da terrível 1ª fase, coisa que não se viu no XXII Exame, pois a primeira fase foi bem generosa.
Mesmo assim, a 2ª fase do XXII foi normal, dentro dos parâmetros esperados. No XXIII, a expectativa era de uma prova "normal" também, o que acabou se materializando. E agora, no XXIV Exame, em que pese a ansiedade dos candidatos, a minha expectativa é também de uma prova regular, tal como suas antecessoras. Mas em todas as edições a correção das provas representa o ponto fraco do Exame de Ordem: estão longe da perfeição.Essa é, sem dúvida, a grande preocupação hoje dos candidatos: ir bem na prova e não ser injustiçado na correção da prova subjetiva.
Seria perfeito se pudéssemos eliminar as injustiças completamente, mas a correção da prova subjetiva depende de seres humanos, e estes erram.
Antes, um detalhe: tem gente que acha que são poucos os corretores em cada disciplina. Não são!
Cada disciplina tem dezenas de corretores envolvidos, e todos, por óbvio, são responsáveis por muitas provas.
Levando em conta termos apenas 3 semanas entre a prova e o resultado preliminar, imagem a logística apra corrigir todas as provas. Vocês podem se dar conta do mega trabalho envolvido neste processo, além de ser um pequeno pesadelo logístico.
Bom, isso não importa: eles têm de corrigir direito cada prova e pronto! Certo?
Bem...essa é a teoria.
Como falhas acontecem, vamos então tratar aqui de estratégias para minimizar as chances dos corretores de suas provas meterem o pé na jaca.
Como?
Já pararem para olhar com calma como os padrões de resposta são estruturados? Eles, obviamente, seguem uma sequência, uma ?fórmula?, de acordo com a práxis do nosso Direito Processual e das regras do CPC.
Toda as peças tem uma sequência lógica de apresentação.
E aí vem o pulo do gato, e o problema também.
Vocês sabem como é feita a correção da peça e das questões?
Todas as provas são digitalizadas e enviadas para a banca corretora. Cada corretor trabalha com 2 telas, uma com a prova outra com os critérios de correção. Ele vai lendo a peça ou as questões em uma tela, e em outra vai atribuindo a pontuação.
Não raro, o candidato não apresenta sua peça dentro de da sequência apresentada pelo problema, e o corretor, que olha centenas de provas, acaba passando batido pelas respostas. Como o corretor está em uma maratona de análise de peças, seu raciocínio naturalmente acaba ficando meio robotizado, e falhas tendem a ocorrer.
Perguntem para um injustiçado da correção passada se ele havia apresentado a resposta corretamente e a banca deixou de atribuir a nota correta. Essa é uma das causas!
Logo, procurem seguir a sequência lógica da peça e a sequência do enunciado. Pensem em como poderá vir o espelho da prova.
?Ah, mas a banca é obrigada a corrigir direito!?
Sim, eu concordo! Mas na prática essa obrigação não tem sido levada ao pé da letra. ?Ajudar? o corretor a corrigir sua prova, no fundo, representa vocês ajudarem a si mesmos.
Sempre escrevo sobre a estética da prova e a apresentação dos parágrafos.
O motivo é óbvio: quanto mais estruturada a apresentação de um texto, mais fácil de compreendê-lo.
E vocês anseiam ardorosamente serem compreendidos pelos corretores. Não é luxo algum: trata-se de uma medida para evitar confusão com o corretor.
Parágrafos de um tamanho padrão e claramente separados um do outro, grafia clara e legível, indicação explícita dos fundamentos legais, respeito às margens das folhas. Tudo isto conta na hora da verdade.
E aqui o raciocínio é simples: coloquem-se no lugar de quem vai corrigir as provas olhando em uma tela. Imaginem um corretor lendo uma letra horrorosa e tendo que fazer força para INTERPRETAR o significado de uma frase ou de uma palavra.
Imagem a quantidade de provas escritas com letras ininteligíveis.
Façam diferente: apresentem uma peça fácil de ser lida.
Aqui é um belo de um desafio para muitos candidatos. A própria redação nada mais é do que um desdobramento do raciocínio, e a explicitação da resposta nem sempre é feita da melhor forma possível.
Já cansei de ver respostas para uma das questões de uma peça que poderiam ter sido apresentadas em 3 linhas, mas o foram em 6 ou 7. Ou mesmo mais do que isto...
Uma redação prolixa é um verdadeiro problema para quem a lê e atrapalha a correção da prova subjetiva. E muitas respostas certas, por não serem dadas de forma objetiva, acabam sendo ignoradas.
Aliás, eu diria que essa é a principal causa de não atribuição de nota para muitos, mas muitos candidatos.
De um modo geral, a resposta tem de se parecer com o que está no padrão de resposta. O candidato narra de forma breve, muito breve, o fato, depois ele narra qual a solução jurídica aplicável ao caso, fundamenta com a lei e/ou jurisprudência e faz o pedido em função do interesse do seu cliente.
Muitos candidatos se perdem neste momento, tentando explicar a própria lei, estendendo-se demasiadamente na narrativa do enunciado e se perdendo na redação.
Em suma: não tenham medo de serem objetivos. A correção da prova é feita de forma a se encaixar a redação com o espelho. Se os elementos da redação encontrarem eco no espelho, a nota será deferida.