Como a banca de Empresarial vem DESTRUINDO esta disciplina na 2ª fase da OAB

Quinta, 4 de dezembro de 2014

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Eu costumo dizer, e crer, que para uma tendência se formar no Exame de ordem é preciso que um determinado parâmetro ocorra em 3 edições seguidas, para assim termos clara a percepção de que a banca está impondo um determinado padrão.

Essa lógica nasceu da observação dos parâmetros estatísticos em relação aos percentuais de aprovados edição após edição, dados estes que eu sempre salvei e analisei, em especial para ajudar na projeção do futuro grau de dificuldade das edições seguintes.

Até o início de 2013 era possível, com certa margem de segurança, projetar se uma prova viria mais fácil ou mais difícil, mas a Ordem andou quebrando um pouco essa lógica e hoje é mais complicado fazer uma projeção.

Por outro lado, por exemplo, nas últimas 3 edições do Exame a banca não anulou nenhuma questão na 1ª fase, e é bem provável que não anule nada no próximo dia 16. Não é uma certeza, mas é inegável que a postura da banca influencie a análise. Se antes, com questões claramente viciadas, não tivemos anulações, é RAZOÁVEL projetar o mesmo para o futuro.

De toda forma é muitíssimo raro encontrar no Exame, dentro de seus diversos parâmetros, a cristalização de uma determinada sequência ou padrão. Desde o início do Blog que acompanho, até como uma curiosidade, a formação de padrões e dá para contar nos dedos de uma mão quando algo assim ocorre.

E os padrões, por certo, não são fruto da causalidade. Ao contrário, quando um padrão é identificado dá para ter CERTEZA de que alguém responsável pela prova tem uma determinada visão das coisas, ou vontade, e a imprime na prova.

A ausência de anulações nas edições recentes é uma amostra disso: uma má-vontade em anular deriva de uma deliberação consciente e racional. O grau de dificuldade da prova não é resultado de um algoritmo, e sim da montagem obedecendo critérios prévios de catalogação das questões em fáceis, medianas ou difíceis, de acordo com os critérios dos responsáveis por criar as questões.

Em regra o acaso não tem vez no Exame de Ordem.

Dito isso, observem bem a imagem abaixo:

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Não precisa ser nenhum gênio para perceber que os dados de aprovação na 2ª fase de Empresarial destoam de forma ACENTUADA das demais disciplinas.

Enquanto TODAS as demais disciplinas têm pelo menos dois dígitos em termos de percentuais de aprovação, Direito Empresarial fica com apenas um.

No XIII Exame então a situação é simplesmente patética: apenas 1,8% de aprovação na prova subjetiva. Foi simplesmente o MAIOR MASSACRE da história da 2ª fase de todo o Exame de Ordem, unificado ou não.

2

Imaginemos que no XIII Exame uns mil candidatos tenham optado por Empresarial. Apenas 18 dos mil então teriam sido aprovados.

Simplesmente ridículo!

Os candidatos que fizeram a prova de Direito Empresarial no XIII ficaram INDIGNADOS com a desproporcional extensão da prova. O enunciado da peça tinha todo o feitio de ter sido construído para não ser respondido dentro do prazo de 5 horas dado para se resolver a prova, isso sem considerar a necessidade de se responder as questões também.

Para se ter uma ideia, foram exigidas a resolução de QUATRO PRELIMINARES processuais, UMA PRELIMINAR DE MÉRITO, dois temas de mérito e os pedidos.

Lembro-me inclusive do que escrevi no Blog à época exatamente sobre esta prova:

"Não se trata, e é preciso deixar isso muito claro, de meramente se endossar uma reclamação genérica dos candidatos. Eu estive no local de prova em Recife esperando os candidatos saírem da prova para saber o que foi cobrado e não encontrei NENHUM candidato que tenha feito empresarial. Como precisava correr para o CERS para poder trabalhar aqui no Blog acabei saindo antes do término da prova.

TODOS os candidatos que fizeram empresarial só saíram no toque do sinal, assoberbados com o excesso de informações e com o volume de conteúdo a ser escrito em suas respectivas provas, enquanto os candidatos de todas as demais disciplinas saíram normalmente.

A prova, tecnicamente, NÃO TINHA FALHAS e não há o que se questionar neste sentido. Aqui, mérito da banca.

Entretanto, quando a resolução da prova NÃO cabe dentro do lapso temporal destinado a sua resolução,algo está errado. Isso só remete a um objetivo da banca: reprovar pela exaustão e pelo consumo do tempo.

Isso é desproporcional e, acima de tudo, injusto."

Fonte: Prova de Direito Empresarial e arte de reprovar por meio da EXAUSTÃO!

Acontece que naquela oportunidade não tínhamos acesso aos percentuais de reprovação.Agora, com a publicação de um estudo da OAB, temos a exata dimensão do estrago que aquela prova produziu.

Apenas, e tão somente apenas 1,8% de aprovação.

Risível!!!!

No XII Exame e XI a complexidade da prova não foi tão feroz como no XIII, mas foram difíceis o bastante para reprovar de forma muito mais aguda se compararmos com as demais disciplinas.

As estatísticas estão aí e não me deixam mentir.

E agora vem a pergunta: o que a banca de Empresarial quer?

Reprovar de forma impiedosa até esgotar o interesse dos candidatos em optar  por esta disciplina?

Mostrar que sabem fazer uma prova difícil?

Provar para a comunidade jurídica que são bons em reprovar?

Pode ser qualquer uma das opções acima, ou até outras que não dá sequer para projetar, mas a verdade é que qualquer que seja a razão ela DESTOA completamente do objetivo do Exame de Ordem: avaliar minimamente a capacidade do candidato em exercer a profissão.

Em Empresarial o objetivo primeiro do Exame de Ordem NÃO está sendo observado.

As estatísticas não mentem!

É de se perguntar se alguém da OAB para, senta e analisa os dados de aprovação dos candidatos e pondera sobre os resultados obtidos. Alguém que tenha um mínimo de espírito crítico para perceber que há algo de errado em uma ou outra disciplina.

Eu acho que não, pois já temos 3 edições seguidas em que Empresarial DETONA os candidatos, formando o tal do padrão, e nada é feito dentro da Comissão do Exame de Ordem.

A banca de Empresarial é boa, muito boa! Nessas 3 últimas edições, até onde eu me lembre, não temos do que reclamar em termos de correção técnica. Até aí tudo perfeito!

O problema está nas provas DESPROPORCIONAIS em termos de extensão e dificuldade técnica para os candidatos. Basta comparar as estatísticas do II até o VIII Exames para ver que o padrão de aprovação era um, correlato com as demais disciplinas, para depois ver que essa correlação desapareceu, com o surgimento de percentuais de reprovação elevadíssimos.

Algo está errado!

E aqui a segunda e última pergunta: o que a banca de Empresarial quer? Seria Acabar com a disciplina? 

Por que se continuar assim certamente ninguém mais vai optar por Empresarial.

E esse movimento já está acontecendo...

É preciso estabelecer um equilíbrio entre as diferentes disciplinas em termos de dificuldade. Quem opta por Empresarial o faz por uma questão de vocação, e tem o direito a uma prova equivalente, em termos de dificuldade, com com os candidatos de Constitucional, Civil, Administrativo, etc, etc, etc...

Isso é o mínimo a ser feito.