Terça, 22 de dezembro de 2020
O cobrador Caio César Silveira Soares superou as adversidades do caminho e se tornou bacharel em direito. Durante os cinco anos da graduação, feita em uma faculdade particular de Vitória, ele dividiu o tempo entre os estudos e o caixa do ônibus da linha 730, onde trabalha.
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"Hoje é um dia diferente para mim, um dia que estou esperando há cinco anos. É muita emoção", disse o cobrador. É um gostinho inexplicável que só quem consegue chegar aqui sabe. É uma guinada na minha vida. Para quem saiu lá de baixo e para quem não dava nada para minha esposa, hoje estar aqui concluindo meu curso em direito é muito gratificante", afirmou Caio.
Caio conta que o caminho até se formar em direito não foi fácil e pensou em desistir várias vezes.
"Teve um tempo que a minha condição financeita tava muito ruim. Para eu arcar o compromisso com aluguel, faculdade, trabalhos acadêmicos, acabei entrando no cheque especial. Tinha dias que o banco já estava cobrando mais de R$ 300, R$ 400 de juros, então eu já tava todo enrolado com o cheque especial", lembrou.
O bacharel disse ainda que chegou a pensar em trancar um semestre do curso para reorganizar a vida financeira, mas foi quando veio uma surpresa.
"A minha amiga Jéssica, colega de faculdade, tinha feito uma vaquinha e consegui pagar uma mensalidade. Depois o diretor da faculdade me chamou e disse que me daria uma bolsa para seis meses de curso. Aí consegui terminar", contou.
O motorista Fábio de Cássio Faria Santos, que trabalha todos os dias com Caio, disse que se sente muito orgulhoso do colega.
"Uma pessoa que pega no trabalho às 4h, para 12h, vai para estágio, depois ainda vai estudar, tem uma rotina muito difícil. Das 24 horas do dia dele, acho que ele tem umas três pra descansar. Isso é para poucos, tenho muito orgulho dele", falou.
Trajetória
Caio contou que nunca lidou com facilidades na vida. Ele é mineiro, de Governador Valadares, e começou a trabalhar aos sete anos de idade. Vendia picolé, engraxava sapatos e lavava carros para ajudar a mãe, que ficou tetraplégica depois de levar um tiro do marido, padrasto de Caio.
Durante o curso, sempre se dividiu entre trabalho, estágio e faculdade, além de dar atenção à família.
Agora, ele estuda para passar no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Fonte: G1