Segunda, 25 de junho de 2018
Ontem eu testemunhei algo inédito: os candidatos indignados com as provas da 2ª fase porque elas estavam fáceis demais.
Logo após a divulgação dos padrões de resposta das provas da reaplicação de Porto Alegre, a indignação entre os candidatos que fizeram as provas da 2ª fase do XXV Exame no último dia 10/06 não conseguiram esconder a frustração pela nítida discrepância no grau de dificuldade entre a primeira prova e a reaplicação de Porto Alegre.
E, de fato, a banca foi muito, mas muito condescendente nesta reaplicação.
As provas de Tributário, Administrativo, Constitucional e, especialmente Civil, estavam muito fáceis.
Aliás, ouso dizer que a prova de Civil foi a mais fácil de toda a história do Exame de Ordem Unificado. Uma ação de alimentos despida de qualquer complexidade. Os candidatos que fizeram a prova do dia 10, e tiveram de enfrentar um Resp, estavam inconformados.
Penal e Empresarial não foram prova fáceis, mas não estavam impossíveis.
Já a prova de Trabalho veio mais difícil se comparada com a prova do dia 10.
Padrão de respostas (Direito Administrativo) ? Porto Alegre/RS
Padrão de respostas (Direito Civil) ? Porto Alegre/RS
Padrão de respostas (Direito Constitucional) ? Porto Alegre/RS
Padrão de respostas (Direito do Trabalho) ? Porto Alegre/RS
Padrão de respostas (Direito Empresarial) ? Porto Alegre/RS
Padrão de respostas (Direito Penal) ? Porto Alegre/RS
Padrão de respostas (Direito Tributário) ? Porto Alegre/RS
E aí vem a pergunta: isso é justo?
Injusto, sob o ponto de vista de uma reaplicação organizada em tão pouco tempo, efetivamente não é. A FGV fez o possível para permitir que os candidatos de Porto Alegre resolvessem a vida o quanto antes, e neste aspecto a banca desempenhou bem sua tarefa.
O problema da discrepância entre as duas edições não é algo, contudo, incomum.
Na realidade reflete uma antiquíssima falta de estabilidade no grau de dificuldade do Exame de Ordem, tanto na primeira fase como na segunda.
A tradicional pergunta dos examinandos "a próxima prova vai ser mais ou menos difícil" na verdade revela uma falta de estabilidade no grau de dificuldade do Exame de Ordem. As diferentes edições do Exame deveriam ser homogênas, estáveis, para que os candidatos tivessem uma baliza clara sobre como se preparar.
Podemos pegar por exemplo a nítida diferença entre a prova do XXII Exame e a do XXIII. Pareciam oriundas de processos seletivos completamente distintos, tamanha a assimetria entre o grau de dificuldade de uma e de outra.
Depois, no XXIV, mais uma prova completamente distinta daquela que foi o XXIII.
Qual o sentido disto?
Na segunda fase também vemos o mesmo problema: a última prova subjetiva destoou fortemente das edições passadas, sendo bem mais complicada, e a reaplicação de Porto Alegre foi tão mais fácil que causou irritação em quem fez a prova do dia 10.
Na verdade, essas oscilações apenas servem para gerar um sentimento de injustiça entre os candidatos, que sabem distinguir perfeitamente tais assimetrias.
E, claro, isso é ruim para o Exame.
Não se questiona o grau de dificuldade do Exame. Este é definido pela FGV e a fundação tem sim liberdade para determinar o que a prova deve ser. Mas as oscilações quanto a dificuldade atrapalham os candidatos desde sempre. Aliás, desde quando a própria FGV ingressou no Exame de Ordem, isso em 2010.
Vamos torcer, pelo menos, para que os candidatos de Porto Alegre tenham um bom desempenho nas provas e consigam a aprovação de uma vez por todas.
E fica o alerta para a FGV encontrar de uma vez por todas a "fórmula" certa quanto ao grau de dificuldade do Exame de Ordem: seria o melhor para todo mundo, exatamente porque evitaria surpresas entre os candidatos.