Quarta, 16 de maio de 2012
Karl Marx deve ter se revirado no túmulo quando foram anunciadas, nesta quinta-feira, as mudanças no vestibular da Escola de Direito da FGV-SP. É que seu Manifesto do Partido Comunista está ao lado da música Burguesinha, de Seu Jorge, como duas obras de conhecimento obrigatório dos candidatos. Para a próxima edição do exame os estudantes vão precisar "estudar" dez canções e relacioná-las a temas da atualidade, na nova prova de artes e questões contemporâneas.
"Queremos alunos capazes de articular a realidade social à produção cultural", explica Adriana Ancona de Faria, uma das responsáveis pelo processo seletivo. A banca também mudou o cálculo da nota final, atribuindo mais peso à prova de português e diminuindo a importância da redação e do exame oral.
Agora, na primeira fase, o candidato fará questões dissertativas de língua portuguesa, língua inglesa, história, geografia, raciocínio lógico-matemático e artes e questões contemporâneas (e não mais artes visuais e literatura). A prova da segunda etapa é oral. As inscrições começam em 9 de julho e vão até 15 de outubro, no site www.fgv.br/processoseletivo. Serão oferecidas 50 vagas.
A novidade do exame são as músicas. O aluno terá de conhecer, além de Burguesinha, composições de Chico Buarque (Construção), Noel Rosa (Conversa de Botequim), Beatles (Revolution) e Amy Winehouse (Rehab), entre outras. A Direito-GV tem ainda uma relação de livros, como nos vestibulares tradicionais, e listas de filmes e obras de arte.
Já as questões contemporâneas trabalhadas na prova são a globalização e a transição da modernidade para a pós-modernidade. Para abordar os temas, a banca sugere a leitura de Marx e livros do sociólogo Anthony Giddens e do filósofo Emmanuel Kant.
Segundo Adriana, o objetivo não é verificar o conhecimento enciclopédico do candidato, mas a maneira como ele usa habilidades e competências para dialogar com a arte e as questões sociais. "O vestibular reafirma a proposta do curso: queremos alunos capazes de inovar e desenvolver suas capacidades intelectuais."
Obras Obrigatórias
Questões Contemporâneas
Manifesto do Partido Comunista
Karl Marx e Friedrich Engels
Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141998000300002&script=sci_arttext
Mundo em Descontrole: O que a globalização está fazendo de nós
Anthony Giddens
Resposta à pergunta: O que é o Iluminismo?
Emmanuel Kant
Disponível em:
http://www.lusosofia.net/textos/kant_o_iluminismo_1784.pdf ehttp://www.ufsm.br/gpforma/2senafe/PDF/b47.pdf
Literatura
Nacional e de língua portuguesa:
- Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida
- Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
- O Cortiço, de Aluísio Azevedo
- A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós
- Vidas Secas, de Graciliano Ramos
- Capitães da Areia, de Jorge Amado
- Sentimento do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade
Estrangeiros:
Metamorfose, de Franz Kafka
Galileu Galilei, de Bertold Brecht
1984, de George Orwell
História de Cronopios e Famas, de Julio Cortazar
O Estrangeiro, de Albert Camus
Artes Visuais
Nacionais:
Abaporu, de Tarsila
Caipira Picando Fumo, de Almeida Júnior
Bananal, de Lasar Segall
Bicho (1960), de Lygia Clark
Obras estrangeiras:
Mao Tse Tung, de Andy Warhol
Jogadores de Cartas, de Paul Cézanne
Guernica, de Pablo Picasso
Humanos Nascemos, de Quino
Bibliografia para obras brasileiras:
CARDOSO, Rafael. A arte brasileira em 25 quadros. Rio de Janeiro: Record, 2008.
AMARAL, Aracy. Arte para quê? A preocupação social na arte. São Paulo: Studio Nobel, 2003.
Bibliografia para obras estrangeiras:
ARAGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
CHIPP, Herschel. Teorias da Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
Cinema
Nacionais:
Tropa de Elite 1, de José Padilha
Cabra Marcado para Morrer, de Eduardo Coutinho
Para o Dia Nascer Feliz, de João Jardim
Central do Brasil, de Walter Salles
Estrangeiros:
Apocalipse Now, de Francis Ford Coppola
Babel, de Alejandro González Iñárritu
Blade Runner, de Ridley Scott
Persépolis, de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud
Bibliografia sobre cinema
XAVIER, Ismail. A experiência do cinema. Rio de Janeiro: Graal, 1983.
METZ, Christian. A significação no cinema. São Paulo: Perspectiva, 1972.
BUCHTER, Pedro. O cinema brasileiro hoje. São Paulo: Publifolha, 2005.
Música
Obras:
Construção, de Chico Buarque
Burguesinha, de Seu Jorge
Chega de Saudade, de Tom Jobim
Coisas do mundo, minha nega, de Paulinho da Viola
Conversa de Botequim, de Noel Rosa
Domingo no Parque, de Gilberto Gil
Englishman in New York, de The Police
O mundo é um moinho, de Cartola
Rehab, de Amy Winehouse
Revolution, de Beatles
Fonte: Estadão
Eu achei essa ideia da Direito-GV simplesmente fantástica. E o é por um motivo simples: exige dos estudantes uma visão abrangente do mundo e uma capacidade de estabelecer interconexões entre a arte e a realidade.
E aqui está o X da questão: essa capacidade de compreender os diálogos entre a arte e a realidade revelam os candidatos mais aptos dentro da filosofia escolhida pela GV.
Hoje é exigido cada vez mais dos profissionais, das mais diferentes áreas, a capacidade de serem multidisciplinares, de terem METACOMPETÊNCIAS, exatamente por isso permitir uma melhor interação com o mundo atual, dominado pelo fluxo gigantesco da informação.
Esse é o objetivo da GV e a estrutura acima revela-se muito interessante.
Acham bobagem? Leiam o longo texto a seguir sobre o filme Blade Runner. Vocês vão ficar surpreendidos com a dimensão real do filme e o que ele exatamente quis expor - Blade Runner - O Caçador de Andróides - Projeto Tela Crítica
A arte fala sobre a realidade, e quem o entende está mais apto e lidar com o mundo. A ideia da GV é excelente porque visa privilegiar quem pensa.
""I"ve seen things you people wouldn"t believe. Attack ships on fire off the shoulder of Orion. I"ve watched C-beams glitter in the dark near the Tannhauser Gate. All those moments will be lost in time, like tears in rain. Time to die.""