Cadê a força de vontade para os projetos de 2014? Um pouco sobre o conceito de plasticidade cerebral

Quarta, 15 de janeiro de 2014

1510959_632257323477949_1095780794_n

Hoje é dia 15 de janeiro! Já se passaram duas semanas desde o dia do ano novo e aqui estamos, ainda curtindo o verão, ainda sonhando com um ano diferente.

E aqui vem a pergunta: os planos para 2014 já saíram da gaveta?

Os meus já!

Desde o dia 1º resolvi voltar a correr. Umas semanas antes subi um lance de escada e percebi que meu condicionamento aeróbico parecia mais o de uma minhoca ou de uma barata. Um fracasso!

Então, no dia 1º, lá fui eu dar início ao meu projeto de recondicionamento físico.

Perguntem se estou gostando.

Zero! Nada de nada! Estou odiando fazer isso. Corro pensando no momento em que vou parar.

Mas, ainda assim, no mesmo "bat" horário lá estou eu correndo, goste ou não.

Estou então condenado a correr e sempre odiar o que vou fazer?

A resposta é não!

Isso não se aplica, diga-se de passagem, aos meus músculos. A percepção negativa sobre a corrida é algo que ocorre no cérebro, e não é a corrida em si que modificará o que sinto, e sim o próprio cérebro tratará e estabelecer as mudanças sobre o que sinto a respeito de correr em razão do estímulo oferecido, nada mais, nada menos, que o da própria corrida.

Estou falando de uma mudança de percepção, e ela se dá em razão de uma característica do nosso cérebro.

Estou falando da plasticidade cerebral!

Como assim? O que é isso?

A plasticidade cerebral é a propriedade do sistema nervoso que permite o desenvolvimento de alterações estruturais em resposta à experiência, e como adaptação a condições mutantes e a estímulos repetidos.

Se alguém resolve aprender uma nova habilidade, como por exemplo jogar tênis, certas áreas do cérebro ligadas ao desenvolvimento neuromotor passarão por um processo de adaptação, e serão mais desenvolvidas, ao longo de determinado tempo, em comparação ao cérebro de uma pessoa que não pratica este esporte.

E, caso o estímulo deixe de ser oferecido, as áreas cerebrais envolvidas no processo tendem a retornar ao estado anterior.

Por que eu estou odiando correr?

Em termos neuronais, retirar o cérebro da condição anterior, ou seja, de inércia, é bem mais doloroso, pois o cérebro tende a permanecer estável.

Ele já está condicionado!

Por isso que romper com atual estado é complicado, pois o cérebro terá de se aperfeiçoar para passar a utilizar áreas que até então não estão sendo usadas ou estão sendo pouco demandas.

Por isso que a plasticidade cerebral está vinculada ao processo de REPETIÇÃO DE ESTÍMULOS.

Em algum momento, após insistir na minha corrida de forma diária, a resistência que tenho irá ser mitigada até desaparecer, e correr não será mais algo desagradável.

E qual a correlação disto com os estudos?

Toda!

cegos

Já se deram conta de que dar início ao processo de estudos é a parte mais complicada de todas? Começar é, sem dúvida, a etapa mais difícil de qualquer processo de preparação.

Correr, estudar, tocar música, aprender uma língua, se recuperar de um AVC ou mesmo o processo de readaptação após a perda da visão envolvem o conceito de plasticidade cerebral, ou, uma adaptação dos neurônios a uma nova condição.

Com a oferta contínua de estímulos, ao longo do tempo o cérebro irá se adaptando a nova condição até se acostumar com ela. Uma vez adaptado, sair desta nova condição tornar-se-á enfim algo difícil,pois o cérebro tende a exigir o estímulo.

Com os estudos ocorre a mesma coisa: após certo tempo, com o estudante se obrigando a estudar, ou seja, forçando o estímulo "estudo", o cérebro passará por esse processo de adaptação e, ao fim, estudar será um hábito e, enquanto ato, deixará de ser incômodo.

Por isso o início é a parte mais complicada, e por isso falamos, exatamente, na força de vontade.

Uma vez cientes deste processo, resistir à tentação de desistir quando se dá o início de uma nova atividade é VITAL para assegurar, mais a frente, a adaptação e natural continuidade à atividade escolhida.

Estudar dói? Dói, mas dói até certo ponto. Depois, vira prazer, ou, pelo menos, algo que não incomoda.

Se vocês ainda não deram início aos projetos de 2014, reflitam sobre essa característica do nosso cérebro e enfrentem a resistência de sair da inércia. É complicado no começo, mas após certo tempo as coisas irão fluir naturalmente!

Desta forma vocês poderão garantir, desde agora, um 2015, 2016, 2017 em diante diferentes em suas vidas.