Quarta, 14 de dezembro de 2011
O artigo Pesquisa revela tendências de estudante de Direito fez referência, na forma de contraponto, a um trabalho chamado "Ausência de vocação e as "necessárias" adaptações mercadológicas: A derrocada do ensino jurídico" cujas autoras, Bárbara Valentim Goulart e Débora Nitz Ferreira Elias, abordam a crise no ensino jurídico e suas causas.
O trabalho, publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010, aborda a crise vocacional nos cursos de Direito e a incapacidade deste em oferecer uma formação adequada para propiciar o desenvolvimento de advogados atuantes, críticos e preparados para atender às necessidades da sociedade.
Um trecho do texto chamou a atenção:
" A transformação do ensino jurídico em mercadoria, considerando a necessidade de atendimento da demanda de alunos desprovidos de vocação e ao mesmo tempo interessados em assumir cargo público, fica demonstrada pela análise das grades curriculares, e verificando o grande número de disciplinas dogmáticas propostas, em contraposição ao número de disciplinas propedêuticas existentes. Assim, o Direito que se escolheu ensinar hoje é apenas o legalista, positivado na lei, o modelo central do ensino jurídico caracterizase pela descontextualização, dogmatismo e unidisciplinariedade e este é diretamente responsável pela crise vocacional."
Não por um acaso, o Exame de Ordem, hoje, é um reflexo desse dogmatismo estéril, retroalimentando os próprios cursos de Direito. Os cursos são dogmáticos, a prova também é. Ou, se a prova é dogmática, os cursos também devem ser.
Se para a OAB a excelência do ensino jurídico está em seu selo...
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...o que imaginar de uma prova que projeta apenas a parte mais pobre da formação universitária?
A resposta é simples: o balizamento por baixo da qualidade do ensino.
Os cursos preparatórios para a OAB são populares, e mesmo necessários, em função de serem, na essência, "intensivões" de dogmatismo jurídico aplicado.
Têm um propósito e se encaixam bem nele, porquanto são apenas o reflexo da sistemática imposta pela lógica educacional sancionada pelo MEC e pela lógica de seleção criada e mantida pela OAB.
É um circuito fechado. E funciona bem, visto em si mesmo.
Cliquem no link abaixo e leiam este interessante trabalho:
Ausência de vocação e as "necessárias" adaptações mercadológicas: A derrocada do ensino jurídico