As revisões na preparação para concursos

Quarta, 14 de dezembro de 2011

O desenvolvimento do processo de preparação para o concurso público pode ser empreendido de maneira racionalizada e pautado pela busca de eficiência ou não. A racionalização do presente processo significa otimizar esforços, o que, no mínimo contribui para ou determina a conquista da aprovação.  Esta compreensão de natureza estratégica implica na preocupação com uma série de fatores, a começar pela estruturação do planejamento de estudos. Mas um elemento que não pode ser desconsiderado consiste no papel das revisões.

Existem diversos fundamentos que determinam a importância das revisões, enquanto meio de reiteração de contato com o objeto de conhecimento estudado.

Primeiramente, as revisões são fundamentais para a consolidação de memórias, inclusive por uma questão neurofisiológica. Ou seja, memórias consistem em formas de comunicação entre neurônios, por meio da atuação de neurotransmissores, consistindo num determinado padrão neural.

Assim, a reiteração do contato, por meio da repetição viabilizada pelas revisões, tende a reforçar os referidos padrões.

Outro fundamento importante, decorrente do anterior, consiste no automatismo, o que tende a contribuir inclusive no processo de realização de provas. Segundo a prestigiada psicóloga cognitiva e psicopedagogoa argentina Sara Paín, ?a automatização é fundamental para a aprendizagem. Se ficássemos pensando que temos de respirar, ou de abrir a pupila para entrar mais ou menos luz no olho, não poderíamos aprender. A automatização permite que uma parte já não seja pensada ? que esteja inscrita -, para que o pensamento possa se preocupar em adquirir novos conhecimentos?? (Subjetividade e Objetividade: Petrópolis, RJ, Vozes, 2009, p. 64/65).

Há ainda outro motivo relevante que determina a importância das revisões, envolvendo construção desenvolvida por Alexander Luria, clássico neuropsicólogo russo e não menos prestigiado. Trata-se da idéia de encurtamento da rota cognitiva inerente à percepção do estímulo. Isto é, quando temos contato com um objeto de conhecimento, quanto mais este se encontra consolidado, menor se torna o custo cognitivo e o tempo para domínio deste. É o que ocorre quando percebemos que o tempo para resolver uma questão sobre um tema quanto ao qual reiteramos o contato muitas vezes é menor do que no caso da questão abordando tema que não se teve tanto contato assim.

Portanto, é fundamental a realização das revisões.

Superada a presente premissa, cabe refletir sobre como proceder.

Conforme havia sistematizado no livro que escrevi sobre o tema da metapreparação para concursos (Como se Preparar para Concursos com Alto Rendimento, Ed. Método)  ? e sem pretensão de ostentar o título de detentor do monopólio da verdade absoluta sobre o tema, quanto à freqüência,existem basicamente duas modalidades de revisões: as periódicas e as de véspera de prova.

As revisões periódicas, por sua vez, podem ser trabalhadas de maneira cíclica e permanente.

Na primeira modalidade o candidato disponibiliza alguns momentos de seu tempo permanente de estudos para a realização de revisões. Assim, está sempre a realizar a referida atividade.

Já no formato cíclico, o candidato não irá incorporar de forma permanente as revisões à sua rotina. No caso, são estabelecidos determinados períodos para ocupar parte ou todo o tempo disponibilizado aos estudos com as revisões, de modo a rever todo o conteúdo até então estudado. Adotando esta opção, é necessário definir a periodicicade de realização das revisões, por exemplo a cada bimestre, trimestre ou semestre.

Quanto à revisão de véspera de prova, a qual se distingue do modelo permanente e programado, a principal finalidade consiste em trabalhar o objeto de conhecimento mais numa perspectiva de memória de curto prazo. Tem importância principalmente para a realização de provas objetivas.

Independente da modalidade de revisão a ser considerada, é preciso definir as fontes a serem adotadas para tanto. Ou seja, por exemplo no caso do candidato que vem estudando por fontes bibliográficas, para a revisão deveria reler ou reestudar tudo o que foi antes estudado e pelas mesma fontes? Talvez seja pouco viável e razoável.

No caso de ter elaborado resumos, anotações, esquemas, mapas mentais ou trechos sublinhados das fontes adotadas na primeira fase, talvez seja mais adequado adotar este material como a fonte de revisão.

Outro possibilidade a ser adotada, não necessariamente excludente em relação às demais, consiste emtrabalhar as revisões no contexto daquilo que venho denominando de segunda etapa da preparação. Conforme esta construção metodológica, a primeira fase seria voltada à apropriação intelectual primária do objeto de conhecimento estabelecido no plano de estudos. Já a segunda fase, iniciada após a conclusão da primeira, seria destinada à manutenção e aperfeiçoamento do conhecimento apropriado na primeira fase.

Neste sentido, entendo que as revisões consiste em objetivo típico da segunda fase.

Porém, daí você pode questionar: mas qual seria o ideal, trabalhar as revisões na primeira ou na segunda fase?

Mais uma vez, talvez para a sua frustração, não tenho uma resposta única e universal. Como venho reiteradamente sustentando, a intenção é apresentar caminhos, possibilidades e provocar reflexões, com fundamento e seriedade.

Considero que, se o candidato, ao longo da execução da primeira fase, promove revisões, irá retardar a conclusão desta etapa. Porém, tende a avançar na consolidação das memórias correspondentes ao objeto de conhecimento estudado.

Por outro lado, aquele que conclui antes a primeira etapa já pode partir mais cedo para a segunda, trabalhando neste contexto as revisões.

Ao longo do meu processo de preparação adotei a segunda opção. E tenho plena convicção de que foi uma decisão e atitude adequada. Mas isto não significa que tal compreensão deva ser universalizada.

O fundamental é que você compreenda a importância desta atividade cognitiva correspondente às revisões, bem como trabalhe estratégias que viabilizem a sua execução.

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Fonte: Blog do prof. Rogério Neiva