Quarta, 1 de março de 2017
Não existe, e é preciso reconhecer isso de plano, uma única causa responsável pela reprovação no Exame de Ordem. Há muito tempo tenho a percepção de que as causas por detrás dos altos percentuais de reprovação têm diversas origens, não sendo excludentes entre si. Isso compõe um quadro relativamente complexo e, infelizmente, sujeito a visões que visam explicar o problema da forma mais assimilável.
Temos bacharéis em Direito e estudantes despreparados, que sequer deveriam entrar em uma faculdade de Direito. Candidatos que não compreendem um problema e não conseguem colocar no papel uma ideia com começo, meio e fim.
E o que falar de um ensino jurídico fraco como o nosso, talvez até mesmo seja a causa preponderante das reprovações (sob meu ponto de vista)! Uma grande maioria das faculdades aplicam processos seletivos risíveis e não reprovam nenhum acadêmico. Aliás, hoje, tentem reprovar um universitário para ver o que acontece. Estudante hoje (sem generalizar, claro!) é CONSUMIDOR e não ALUNO. Não se reprova consumidores! O estelionato educacional não é uma figura retórica: é uma realidade.
Muitos alunos interessados e estudiosos têm somente como paradigma de aprendizagem uma faculdade medíocre, pagam por isso achando que estão aprendendo e ao fim de tudo descobrem que foram ludibriados porque o sistema (o Exame) lhes revela finalmente a verdade: a faculdade era fraca. São vítimas dessas faculdades e da precariedade da fiscalização do MEC.
Existem candidatos que levam a faculdade nas coxas? Com certeza! Muitos travam com sua instituição um verdadeiro pacto de mediocridade: "eu finjo que ensino, você finge que aprende, e no final do curso eu te dou um diploma". No Exame de Ordem a grande maioria das faculdades não conseguem aprovar nem 5% de seus egressos.
A OAB e a FGV cometem injustiças com os candidatos? Eu acompanho de perto o Exame de Ordem desde a prova 2007.3 e não me lembro de NENHUM Exame que uma injustiça ou um critério de correção equivocado não tenha derrubado quem merecia passar. Mais do que isso, me lembro de MUITOS Exames cujas provas foram pensadas com o fito de derrubar de forma ostensiva os candidatos.
Preciso dar detalhes sobre a última prova? Uma primeira fase assombrosa e um vacilo histórico na 2ª. Não preciso falar nada, não é?
Reprovação no XXI Exame de Ordem foi de 85%
Critérios de correção errôneos, falta de atribuição de pontos, provas extensas e desproporcionais, repetição de questões de provas anteriores, padrões de resposta equivocados, enunciados lacunosos e mais um longo et cetera marcaram praticamente todas as edições do Exame de Ordem desde o tempo do Cespe, continuando na era FGV.
Candidatos preparados e estudiosos que sucumbem ao emocional? Sim, eles existem! Essa certamente uma causa relevante a contribuir com muitas reprovações. Apesar da advocacia ser uma profissão que lida com antagonismos e enfrentamentos diários (de forma civilizada), onde a a timidez não pode ter espaço, quem está saindo da faculdade ainda está verde, independente da idade, para lidar com esse tipo de situação. É natural sentir a pressão.
Aliás, lidar com a pressão da família e da sociedade (colegas de emprego, amigos e conhecidos) já foi alvo de várias postagens minhas. E foi alvo porque isso é REAL, isso ATRAPALHA DE VERDADE muita gente. Não é lenda e não é frescura: a maioria dos candidatos sentem a pressão, e boa parte sucumbe diante dela.
80% dos candidatos em um exame já reprovaram ao menos uma vez. As duas últimas provas reprovaram 85% dos inscritos. Quem não fica com medo? A minoria, por certo.
Existem pessoas inteligentes e capazes que simplesmente não conseguem se encaixar com a prova? Existe sim. Aliás, essa é uma das coisas mais curiosas em torno do Exame: gente inteligente, articulada, preparada que simplesmente não consegue passar. Como, se são inteligentes, articuladas etc e tal? Eu não sei, mas acontece! E falo com conhecimento empírico, por acompanhar ex-colegas de faculdade e pessoas cuja capacidade eu não duvido, além de Deus sabe quantos depoimentos de pessoas que recebi ao longo de 3 anos do Blog Exame de Ordem, já formadas, com mais um uma faculdade, articuladas, até mesmo adultos na maturidade e com grandes responsabilidades, as vezes até mesmo bem sucedidos na vida, que não passam na prova!!
E vocês? Como avaliam as causas por detrás dos altos percentuais de reprovação no Exame de Ordem? Respondam a nossa enquete!
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