Aprovados no XX formarão a "Geração 1 Milhão" da advocacia

Terça, 11 de outubro de 2016

Exatamente no dia 21 de junho deste ano nós éramos 980.266 advogados regularmente inscritos nos quadros da OAB. Hoje, exatamente hoje, 11 de outubro de 2016, nós somos 995.543 advogados regularmente inscritos.

Ou seja, em 4 meses o número de advogados no país teve um acréscimo de mais 15.277 profissionais. Isso significa que faltam apenas 4.457 advogados para a OAB chegar a marca de 1 milhão de inscritos.

Naquele dia 21 de junho eu projetei que em setembro chegaríamos a essa marca, mas minha previsão falhou, mesmo que por pouco. Mas agora, com o resultado da 2ª fase a ser publicado hoje, e mais ou menos 1 mês de intervalo entre a aprovação e o início da entrega das novas carteiras, dificilmente não chegaremos a 1 milhão em novembro próximo. Devemos ter hoje ao menos, no mínimo, uns 25 mil aprovados, e não será surpreendente se forem mais de 30 mil.

Vejam que impressionante!

A FGV divulgou o número de aprovados entre o II e o XVII Exame de Ordem. Foram 360 mil:

Entre o II e o XVII Exame passaram-se 5,4 anos. Ou seja, em pouco mais de 5 anos foram 360 mil aprovados na OAB.

Agora olhem o quadro abaixo:

Exatamente!

Levamos 173 anos, desde a fundação do IAB, primeira entidade no Brasil a congregar advogados, para chegarmos a 1 milhão de profissionais. Se nada mudar o ritmo de aprovação no Exame de Ordem, ou seja, se as mesmas condições forem mantidas, chegaremos a 2 milhões de advogados em 14,72 anos.

Isso sem considerar a terrível e tenebrosa proposta que pretende alterar o curriculum das faculdades de Direito, reduzindo a duração do curso de 5 para 3 anos.

Possível nova proposta para o curriculum da graduação em Direito no Brasil é assombrosa!

Se esta proposta vingar (e ela é bem real!) a velocidade em que as faculdades vão despejar novos bacharéis no mercado crescerá em 60%. Ou seja, sob essa nova realidade, em bem menos de 10 anos dobraremos o número de advogados no mercado.

Se hoje não está fácil, imaginem no futuro.

Infelizmente o poder público é o grande culpado e parte central deste problema, ao utilizar a liberação de faculdades como moeda de troca política (alguém duvida disto dentro de um sistema político imundo como o brasileiro?) e despreocupado com os mercados de uma forma geral, mas tão somente focado em números e no business do grupos econômicos ligados à educação.

E não se iludam: a OAB não vai conseguir botar freio em quase nada. Ela foi, é e será engolida pela força do capital e da especulação no ensino superior, que tem muito, mas muito mais influência e força se comparado com a OAB.

Este texto, evidentemente, é uma denúncia. Ou os interessados forçam o debate e exigem um freio neste mercado ou a advocacia vai sofrer ilimitadamente os efeitos desta expansão alucinada e irrefletida no número de profissionais.

O tempo de fazer isso, inclusive, já passou. Agora é o objetivo seria o de tentar impedir o agravamento da crise já instalada.