Amanhã será o dia para a OAB reparar uma GRAVE injustiça cometida contra os examinandos

Segunda, 14 de janeiro de 2013

Amanhã acabará o drama de dezenas de milhares de candidatos e teremos finalmente a verdade sobre a 1ª fase do IX Exame de Ordem. A verdade desnuda, é claro, pois "em off" todos nós já sabemos de que se tratou de um recorde de reprovação, provavelmente "O" recorde.

Um fato: a FGV errou a mão na hora de aplicar a prova. Não é possível que nas edições anteriores mais de 40% dos inscritos na 1ª fase conseguiram a aprovação e agora quase ninguém tenha sido bem-sucedido.

Faz sentido imaginar que um decréscimo de desempenho tão brutal dos examinandos, de uma edição para outra, seja mero reflexo de uma "entressafra" de final de ano? Não faz.

Desde o V Exame Unificado, ao menos, mais de 40% dos examinandos passam para a 2ª fase, incluindo aí uma "entressafra":

108.355 inscritos - 1 anulada - 46,72% de aprovação final na 1ª fase

VI - 101.246 inscritos - 2 anuladas - 46,30% de aprovação final na 1ª fase

VII - 111.909 inscritos - 4 anuladas - 41,01% de aprovação final na 1ª fase

VIII - 117.852 inscritos - 0 anuladas - 43,51% de aprovação final da 1ª fase

No IX Exame a reprovação foi tão desproporcional que a OAB simplesmente não publicou a lista preliminar de aprovados.

É muito ÓBVIO para todos a desproporção no grau de dificuldade na prova objetiva. A percepção do desastre deu-se no próprio dia da prova:

Primeiras impressões da 1ª fase da OAB: candidatos acharam a prova muito difícil!!

A 1ª fase da OAB foi um ?pau de dar em doido?! Uma olhada na possibilidade de anulação de questões

Procura-se!!

Reprovação recorde na 1ª fase do Exame de Ordem?

E essa foi só a impressão inicial! Depois constatamos que cursos Brasil afora estão vazios, sem alunos, reflexo tangível da política de terra arrasada adotada. Examinandos por toda parte têm relatado salas vazias ou mesmo cursos não abertos por conta da absoluta falta de interessados.

Vejam alguns pequenos relatos redes sociais dos poucos aprovados a respeito das suas turmas em cursos presenciais:

E agora?

A manutenção deste quadro vulneraria um caro argumento da OAB: de que a culpa pelas reprovações seria do péssimo ensino jurídico.

Sim! O ensino jurídico sem qualidade têm sua culpa, sem dúvida, mas uma prova de 1ª fase que vinha aprovando 40, 45% dos inscritos de repente reprova algo entre 86 a 94% dos candidatos, de plano, só pode ter algum problema.

A culpa é de quem? Dos candidatos? Emburreceram de uma hora para outra?

Claro que não!!

Aqui retorno a um argumento antigo meu: a OAB pode emprestar à sua prova a dificuldade que bem entender.

É um direito dela, e agora estamos experimentando isto.

Mas ela antes tem de oferecer aos examinados um conteúdo programático para a 1ª fase explícito, claro e aberto, coisa que nunca existiu. Tem de ter a consciência de que a prova, edição após edição, segue um parâmetro, e qualquer mudança neste parâmetro tem de ser gradual exatamente para não surpreender os candidatos e um MODELO de preparação desenvolvido com base na própria estrutura do Exame.

Qualquer coisa diferente disto representa uma rasteira nos candidatos...

...e a perda da credibilidade do certame.

Mudar radicalmente o grau de dificuldade da prova, no susto, foi armar uma arapuca! Em que, absolutamente, os atuais examinandos são piores do que os candidatos das últimas 4 edições da prova?

Em nada!!!

Nós não sabemos, mas os conselheiros da OAB sabem muito bem o percentual de reprovação.

E, se sabem, têm em mãos a chance de reparar uma grave injustiça com os candidatos reprovados nesta 1ª fase, candidatos tão aptos como seus colegas das últimas 4 edições do Exame de Ordem.

Eu espero que no mínimo, e por baixo, 3 questões sejam anuladas, e torço para que minha aposta de 4 anulações se confirme. Assim ao menos uma reparação ao que foi essa prova seria feita.

Essa política de terra arrasada, implementada de surpresa, não fará bem a ninguém, exceto ao deputado Eduardo Cunha. Este sim saberá muito bem como incomodar a OAB com dados estatísticos tão lastimáveis.

Repito: a prova pode ser difícil, dentro da lógica do mínimo necessário para o exercício da advocacia, mas o jogo tem de ser aberto e transparente.

Do contrário teremos a caracterização de uma reserva de mercado pura e simples. E isto, sem dúvida, é algo absolutamente odioso.

Vamos ter fé e esperar pela melhor decisão amanhã.