Alunos de medicina da Unicamp decidem boicotar o "exame de ordem" do Cremesp

Quarta, 10 de outubro de 2012

Estudantes do curso de medicina da Unicamp (Universidade de Campinas) decidiram em assembleia na última semana boicotar o exame do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), que será realizado em 11 de novembro. No site do centro acadêmico há um abaixo-assinado contra a avaliação. De acordo com as informações do portal iG, os representantes do centro acadêmico alegam que a prova, que passa a ser obrigatória em 2012, não é capaz de avaliar os alunos e melhorar a qualidade do ensino da medicina e da saúde brasileira.

?As 120 questões de múltipla escolha não abrangem o tamanho e a complexidade do curso médico. Do jeito como o exame é feito, acaba punindo o aluno mal formado sem dar a ele perspectiva?, afirma Henrique Sater de Andrade, aluno do último ano e representante do centro acadêmico. Para o grupo, uma avaliação nesses moldes pode criar uma cultura nas faculdades que privilegie os macetes em detrimento do conhecimento curricular. ?O exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) não melhorou a qualidade dos advogados no País, só criou um funil. E aparecem cada vez mais faculdades que agem como cursinhos e preparam apenas para a prova da OAB?, diz Andrade.

O exame do Cremesp, que durante sete anos foi opcional, avalia médicos recém-formados no Estado de São Paulo. Os alunos receberão um boletim com o desempenho individual, mas a nota não é requisito para obter o registro profissional. As faculdades também irão receber o relatório de desempenho dos seus alunos, comparado com as notas médias de todos os participantes, mas será divulgado somente o resultado geral. A intenção dos alunos contrários ao exame é marcar a alternativa ?B?, de boicote, em todas as alternativas.

Para Andrade, uma avaliação efetiva, segundo os alunos, deveria ser feita anualmente, contemplando também questões práticas, pela própria faculdade ou órgão credenciado. O estudante ainda critica a falta de envolvimento do Conselho em discussões com as faculdades e outros órgãos. ?O Cremesp nunca se preocupou em debater a educação com outros setores como o MEC e a ABEM (Associação Brasileira de Educação Médica), que é contrária à prova?, diz.

Em contrapartida, o coordenador do Exame do Cremesp, Bráulio Luna Filho, afirma que a prova segue uma metodologia internacional aplicada com sucesso em países como os Estados Unidos da América e o Canadá. ?Não estamos criando nada, a prova é baseada em questões que avaliam o raciocínio médico e a abordagem terapêutica. O que estamos verificando é se o aluno aprendeu o mínimo possível nesses seis anos de formação?.

O Cremesp defende a criação do projeto de lei 217/2004, do Senado Federal, que criaria o Exame Nacional de Habilitação para médicos, pré-requisito para o exercício da profissão. Luna Filho também não acredita que a avaliação crie um sistema superficial que favoreça o aparecimento de cursinhos preparatórios. ?Não há esse risco. O que vai acontecer é as pessoas estudarem mais, inclusive pra essas provas?, diz.

Fonte:

A reportagem acima trouxe vários questionamentos muitíssimo interessantes, que irei traduzir em perguntas agora transpondo-as para o universo do Direito e do Exame de Ordem:

1 - O Exame de Ordem é capaz de avaliar de verdade o preparo jurídico dos examinandos?

2 - A "punição" ao aluno mal formado é uma obrigação do órgão de classe?

3 - O aluno mal formado tem o direito de exercer o ofício?

4 - A prova da OAB tem o condão de influenciar o ensino jurídico?

5 - O Exame de Ordem promove uma melhoria real na qualidade do estudantes e das faculdades?

6 - As faculdades de Direito viraram grandes cursinhos preparatórios para a OAB?

Polêmico, não é?

Eu tenho respostas para todas essas perguntas, mas não vou apresentar a minha visão agora. Ela não é nem um pouco romântica. Primeiro eu gostaria que vocês, leitores do Blog, deixassem seus pontos de vista na área de comentários desta postagem.

Vocês certamente têm o que dizer.

Este é, com toda a certeza, um tema muito importante!

Afinal, para que serve o Exame de Ordem e qual o seu papel dentro da estrutura educacional jurídica e o exercício da profissão de advogado?

P.S. A resposta, ou respostas, também servirão para os estudantes de medicina.