Sexta, 5 de agosto de 2016
Um amigo meu de Goiânia/GO escreveu um relato para lá de intrigante: um colega advogado foi visto caçando Pokemons DENTRO do TRT da 18º Região, localizado em Goiânia.
Não vou aqui adentrar no mérito que se jogar Pokémon é legal ou não: isso é problema de cada um.
O problema não é jogar este jogo. O problema é você definir bem quem é você e, claro, o que você quer da vida. Isso significa dizer que você, advogado, NÃO É LIVRE para fazer o que bem quiser publicamente quando está no seu espaço profissional. A profissão não permite isso.
Claro! O mundo está mudando, mas o Direito é um campo profissional que exige certas formalidades, especialmente porque os operadores do Direito cuidam especificamente dos direitos e garantias de terceiros, e ninguém quer que um profissional desta área brinque ou seja descontraído ao lidar com sua direitos.
Claro! Os colegas advogados vão achar o máximo ver um coleguinha caçando Pokémons a esmo, queimando o próprio filme publicamente entre os pares e com potenciais clientes. Não é difícil imaginar a fofoca correndo de boca em boca entre colegas advogados, mencionando o advogado que estava jogando esse jogo DENTRO de um tribunal.
Nem dá para projetar direito o tamanho do estrago a ser feito na imagem e na reputação de alguém.
Propostas de parceria? Esqueça!
Indicação para clientes? Jamais!
Propostas de emprego? Nem pensar!
Se estou sendo preconceituoso? Eu diria que o mundo é formado por uma multiplicidade de pessoas, e todas elas têm suas próprias cargas de formação. Umas são mais preconceituosas, outras menos. Uns mais tolerantes, outros menos. Como se pautar diante disto? Adotando uma postura neutra e socialmente aceitável.
Exceto, claro, se você for um advogado rico e bem-sucedido e pode se dar ao luxo de escolher seus clientes. Isso, meus caros, é para poucos.
Até onde sei, recusar um cliente não é algo corriqueiro na classe. Acontece, claro, mas não são todos que o fazem.
No mais, convenhamos, estar de terno e gravata em um tribunal e tentar capturar esse bichinhos não tem como não ser visto como algo absolutamente impróprio para quem é advogado. No horário de folga você é livre para fazer o que quiser, mas durante o trabalho, dentro de um Tribunal?
Não tem como dar certo...
Júlio César uma vez disse: "À mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta". Ele, há muito tempo, já sabia bem o impacto produzido pela IMAGEM de uma pessoa. Parecer ser "honesta" era fundamental, pois era (e ainda é) a partir daí que os outros fazem seus julgamentos.
Cuidem da imagem de vocês. Não fiquem atirando "pokebolas" por aí como se fosse algo legal. Pode até ser, mas durante o expediente, no lugar onde você garante o seu ganha-pão, não é. Guarde sua empolgação para fazer isso no momento certo.