Sexta, 29 de junho de 2012
A imagem acima é do famoso Oráculo de Delfos, onde os gregos antigos iam buscar suas informações "quentes".
Hoje em dia os "seres astrais" abandonaram esse tipo de mídia, mais estática, e migraram para outras modalidades, como cartas, búzios, bolas de cristal, videntes e outras "mídias" mais dinâmicas.
Não demorará e a internet entrará também no rol de vetores espirituais. Talvez em algum lugar já exista um computador com dons paranormais.
Enfim, o que eu quero dizer com isso?
Os candidatos, nessas alturas do campeonato, a quase uma semana da prova, ficam procurando saber quais peças poderão ser cobradas na prova subjetiva.
É uma tentação responder, até porque chutar é fácil, mas o risco para o candidato, sempre, é o de acreditar no seu professor.
Acompanho o Exame de Ordem há algum tempo, e tenho a certeza de que tentar adivinhar a peça prática não ajuda em nada os candidatos. ao contrário, prejudica.
Todos estão passando agora por um determinado grau de estresse e ansiedade, e esse grau crescerá bastante na próxima semana.
Como já escrevi aqui, a perspectiva em relação ao grau de dificuldade da prova é a mesma da anterior, ou seja, difícil: OAB tem 45.904 aprovados na 1ª fase (41,01%) - Confiram as estatísticas e considerações sobre a 2ª fase
Presidente da OAB fala sobre o grau de dificuldade da prova da 2ª fase do Exame de Ordem
É natural um aumento da sensibilidade de todos diante de tal perspectiva.
Tenham em mente que uma "dica quente" apenas serve para suprir a ansiedade dos candidatos na véspera da prova.
E suas consequências podem não ser muito boas. Um professor pode dar seu palpite e o candidato pode comprar a ideia. É muito mais provável ele errar do que acertar, afinal, é só um palpite.
Tomem cuidado com isso! Ninguém reúne condições de acertar com segurança o que será exigido como peça prático-profissional. Quando a acerta é pura sorte!
Aliás, ultimamente o percentual de acerto dos professores dos mais variados cursinhos tem sido pífio. Eu mesmo há muito parei de dar qualquer pitaco. Não gosto de alimentar falsas expectativas.
E aqui chegamos a um ponto interessante: como a prova poderá ser difícil?
Na última prova subjetiva tivemos muitos problemas, em especial na prova de Penal. Os critérios de correção usados pela FGV foram desastrosos e prejudicaram um sem-número de candidatos. A "bronca" foi tão grande que a OAB não só veio se manifestar publicamente prometendo mais justiça nas correções como teve uma reunião específica com a FGV para exigir uma maior qualidade na aplicação da prova.
Tá, e daí?
Daí é provável que a maior fonte de problemas em qualquer prova da segunda fase, a peça prática, não seja exatamente o foco das dificuldades, e sim o direito material a ser exigido.
Eu acho (acho!) que as peças, nesta prova, serão facilmente identificáveis pelos candidatos, pois assim se reduz drasticamente o risco do caldo entornar para a FGV. Por outro lado, para compensar, o direito material a ser declinado tanto na peça como nas questões poderá sofrer um plus no grau de dificuldade.
Claro! A visão acima não está muito distante de uma consulta a uma bola de cristal, mas ela ao menos está estribada em um contexto. A FGV está na berlinda, e falhas não poderão ocorrer. Facilitar na peça e complicar o direito material é a alternativa mais racional para evitar maiores dramas.
Se é uma aposta, então é essa a minha aposta.
Tenham em mente: SEMPRE os candidatos irão se deparar com uma situação nova, um problema diferente.
Mentalizem os estudos nessa reta final e fiquem calmos. Quem fez um bom curso antes da prova provavelmente não será surpreendido por uma peça já não saiba ou ao menos não viu em sala de aula.
Acima de tudo, não depositem suas esperanças em uma única peça.
É uma péssima estratégia.