Segunda, 11 de março de 2013
Recebi uma simples pergunta, bastante interessante, de um leitor do Blog:
"Mauricio, gostaria de saber se para o estudo da OAB a resolução de questões deve SER SOMENTE DA FGV?"
A pergunta é pertinente pois a formulação das questões pela FGV não é exatamente igual ao do tempo do Cespe. Hoje nós já temos 8 edições do Exame de Ordem sob a batuta da FGV, o que propicia um número razoável delas para treinar a resolução de questões, mas o volume ainda não é o suficiente.
E aqui temos o primeiro ponto a ser observado. A formulação das questões guarda algumas distinções, mas a temática, o conteúdo programático, em princípio tem sido o mesmo, porquanto este é determinado pela OAB. Dessa forma, resolver questões do Cespe é importantíssimo para o processo de aprendizagem, e isso não só pela carência de questões da FGV.
O ideal, obviamente, é focar no estilo da banca responsável pelo certame, mas a resolução de exercícios de outras bancas também faz parte do processo de aprendizagem, apreende-se com a análise de qualquer questão o conteúdo previamente estudado, ajudando o candidato a fixá-lo na memória.
Há de se observar a existência de duas modalidades de elaboração de questões. A primeira é a conceitual, e a segunda é a problematizadora.
A modalidade conceitual (conteudista) envolve a compreensão de um conceito e sua identificação dentro da questão, atendendo-se ao enunciado. O candidato precisa conhecer o conteúdo e identificar a assertiva correta em função do enunciado.
A utilização da memória e a percepção do certo e do errado são as chaves para a solução.
No tempo do CESPE esse tipo de pergunta era a majoritária.Vamos olhar um exemplo retirado do Exame 2010.1:
Observem que o candidato tem de conhecer o disposto na lei para responder a pergunta. Típica pergunta que exige o conhecimento da letra da lei. A resposta está na letra D.
Na modalidade problematizadora (operatória) o candidato precisa não só conhecer o conceito como também estabelecer um raciocínio para identificar qual a solução mais adequada para o problema. Neste caso, será necessário o uso do raciocínio para estabelecer a adequação entre o conceito, o problema hipotético e a solução adequada. Ou seja, é preciso raciocinar.
Vamos ver um exemplo retirado da última prova:
Percebem a diferença no esforço cognitivo para entender o problema e encontrar a solução correta. Aqui, a compreensão da história é muito mais importante do que no exemplo anterior.
Hoje a FGV dá mais prioridade a este tipo de enunciado, de uma forma diferente do que ocorria no tempo do CESPE. Tínhamos uma prevalência das questões conceituais, com o uso da letra da lei na formulação das questões, mas a FGV prefere questões que exigijam a aplicação da norma a um caso em concreto.
Mas essa é a grande diferença. Na prática, as questões são muito semelhantes e o que era cobrado no tempo do CESPE pode perfeitamente ser abordado agora, sem prejuízo para o processo de treino e preparação.
Como sugestão, acho interessante que questões de provas para técnicos e analistas judiciários também sejam resolvidas, inclusive por apresentarem um grau de dificuldade semelhante ou superior ao da OAB, desde que guardem relativa pertinência temática com o conteúdo cobrado no Exame de Ordem. Excelente para treinar.
Lembrem-se: o foco é, naturalmente, a FGV, mas a resolução de exercícios de QUALQUER banca é bom para se estudar, pois o Direito é sempre o mesmo.
Se vocês esgotarem tudo o que existe sobre Exame de Ordem (CESPE e FGV), e sentirem necessidade de irem além, podem seguir essa dica que não haverá problema algum.
De toda forma, não deixem dentro do processo de preparação para a prova de resolverem muitos exercícios. Essa é uma etapa fundamental no processo de aprendizagem.
Só cuidado com provas muito antigas e com questões superadas por inovações legais ou jurisprudenciais.