A nova era da advocacia já chegou, e você está de fora dela!

Quarta, 14 de dezembro de 2016

Um dos seguidores do Blog me enviou o link de um novo aplicativo da área jurídica, o JusTap! Sua chamada é até interessante: "O Uber da Advocacia".

O lançamento teve direito até a um vídeo promocional, que vocês conferem abaixo:

Legal, né?

Talvez vocês não tenham percebido um detalhezinho no vídeo e de sua funcionalidade, diferente do que outros aplicativos fazem: o JusTap NÃO É direcionado para os advogados. Não se trata de um aplicativo para advogados, mas sim para o publico em geral, aquilo que nós chamamos de "jurisdicionado."

Seu objetivo é tirar dúvidas sobre direitos básicos, ajudar a coletar provas e, aí sim, permitir que alguém procure um advogado cadastrado em sua interface para este defender seus direitos.

Evidentemente, a ferramente ganha quando um advogado se cadastra (pagando uma mensalidade, claro). Na realidade o sistema funciona assim: O advogado cadastrado no sistema paga taxas mensais em três níveis, e o aplicativo ainda cobra uma taxa por cliente.Os primeiros três meses são livres, depois o valor varia em função do número de contratos fechados pelo aplicativo. São três opções de pacote: R$ 59,90, R$ 99,90 ou R$ 159,90, além de taxa de 1% sobre o valor das transações e R$ 150 por cliente obtido na plataforma.

A ideia, claro, é muito boa. Como hoje a convergência digital é gigantesca é natural que algumas pessoas sintam-se atraídas em conseguir respostas jurídicas (consultoria) via um aplicativo, sem gastar nada com isso. Por que deveriam pagar por uma consultoria, não é? E, se der vontade, contrata um advogado ali mesmo, no aplicativo.

Quem quiser mais informações sobre o aplicativo pode clicar AQUI.

Sabem aquele modelo antigo de advocacia? Ele está morto! Já era! Acabou!

É impóssível pensar hoje a advocaica desvinculada da internet e das novas tecnologias, e esse aplicativo funciona como um instrumento de convergência de clientes para uma única plataforma. O aplicativo na verdade é um intermediador de causas e quem ficar de fora perde um pouco de espaço no mercado.

O problema é que esse não é o único sistema que faz isso. Já ouviram falar em Jus Brasil por acaso? Pois é! é uma plataforma gigantesca que já faz isso. Além do Jus Brasil existem outros sites que fazem isso.

A parte NEGOCIAL da advocacia está lentamente migrando para a internet e para aplicativos, e muita gente ainda não se deu conta disto.

O JusTap é mais um, mas outros sistemas não devem demorar a chegar no mercado.

E vocês, que foram a grande massa da advocacia, estão preparados para isso?

Aliás, vocês têm bala na agulha para montar seus prórprios aplicativos? Não? Então vocês são obrigados a se associar e a pagar para um intermediador para conseguir alguns clientes. Se não se sentirem obrigados, vão ficar de fora da lógica do mercado.

Não sei quantos clientes esses sistemas conseguem cativar, mas certamente fazer negócios pela internet não é algo mais estranho para a sociedade, e não vai demorar muito para as pessoas se acostumarem com a ideia de contratarem advogados por meio desses intermediadores.

Como eu disse antes, a advocacia antiga morreu, e de forma permanente.

Aí alguem pergunta: e a OAB? Está fazendo o quê?

A resposta é simples: está brigando, neste exato momento, pela franquia das bagagens em vôos.

O discurso da OAB pelas prerrogativas talvez seja a única coisa visível em suas atividades que ainda guarda alguma correlação com o exercício da profissão e a preocupação da classe. Os avanços tecnológicos estão EXPLODINDO na cara de todos e a OAB nem se dá ao trabalho de fazer um mísero seminário a respeito, quanto mais se preocupar com o futuro dos advogados.

Minha opinião sincera: Ou esse sistemas são combatidos, porque concentram PODER na mão de poucos, que serão verdadeiro gestores das causas de outros advogados, ou a Ordem abre o jogo e se coloca a favor desse avanço tecnológico. Assim os advogados menos abonados poderão se juntar e criar seus próprios sistemas.

Há, claro, o "NOVO" Código de Ética nem de longe trata deste tema. Ou seja, nasceu obsoleto. E eu, ainda ano passado, havia alertado isso aqui no Blog, e mais de uma vez. Sim! A regulamentação da OAB está longe de conseguir abranger essa nova realidade e eu não vejo grandes movimentações ou preocupações quanto a isto.

Isso é diferente, claro, de serem bons para a classe. Não acho que sejam, mas como estão aí e funcionam, acabam se tornando meio que indispensáveis para quem está precisando trabalhar, precisando de clientes.

Estamos em uma encruzilhada tecnológica: ou a abraçamos ou a repudiamos. Não podemos é ficar silentes quanto ao futuro. Aliás, o futuro já chegou, só não vê quem não quer.