Quinta, 26 de janeiro de 2012
O leitor Lindemberg publicou um comentário bem interessante no post Considerações sobre o resultado de ontem da OAB, pois este aborda a sistemática de correção das provas subjetivas e sua correlata qualidade.
Confiram:
""Caro Mauricio, como sou leitor assíduo do blog gostaria de complementar as suas estatísticas com os seguintes números:
Para a correção da prova prático-profissional do V Exame de Ordem, conforme dados disponibilizados pelo blog, o total de aprovados foi de 50.624. Baseado nesse números fiz a seguinte análise:
A prova foi aplicada no dia 04 de dezembro e por conseguinte a sua correção deve ter sido iniciada no dia 05 e o resultado preliminar divulgado dia 26 do mesmo mês, considerando que os corretores trabalharam folgando apenas os dias de domingo e não trabalhando os dias 24, véspera de nata,l e o dia 25, teremos exatamente 17 dias trabalhados, portanto:
50.624 (total de provas) : 17 (dias efetivamente trabalhados) = 2.977 provas corrigidas por dia, se continuarmos a análise e considerar que os corretores trabalharam pelo período de 12 horas por dia o que é extremamente cansativo teremos:
2.977 (total de provas por dia) : 12 (horas) = 248 provas corrigidas por hora
Dando continuidade as análises desta vez sobre os recursos teremos a seguinte situação:
Pelos números postados aqui no blog, foram aproximadamente 26.000 recursos (NOTA DO BLOG: foram 26 mil reprovados, mas não necessariamente 26 mil recorrentes), cujo o prazo para a interposição encerrou-se no dia 01.01.2012 e portanto as análises devem ter sido iniciadas no dia 02.01 até o dia 12.01, perfazendo um total de 11 dias corridos e considerando que os revisores também trabalharam pelo período de 12 horas diárias, teremos a seguinte situação:
26.000 (Total de recursos) : 11 (dias trabalhados) = 2.363 Recursos analisados por dia 2.363 (recursos por dia) : 12 (horas efetivamente trabalhadas) = 197 Recursos analisados por hora.
Portanto, pela analise dos números apresentados acima fica evidente que jamais poderíamos ter correções justas, quer sejam das provas quer sejam dos recursos, o que provocou inúmeras injustiças nas correções, eu mesmo sou vítima, a minha prova embora tenha sido respondida dentro de todos os critérios do espelho de correção e em muitos casos ido até além do que foi solicitado pela FGV. Mesmo assim fui reprovado, interpus o recurso na esperança que a banca constatasse que o corretor equivocou-se da primeira vez e para minha surpresa todos os itens do meu recurso foi improvido, agora resta-nos apenas 2 alternativas, ou buscar socorro no judiciário, ou voltar a estudar e começar tudo novamente.
E o pior, por ironia do destino, como já fui reprovado em exames anteriores e pelo tanto que já estudei, neste último Exame, comecei a dar aulas de tributário para alguns amigos um total de 7 pessoas, passei todos os macetes de como identificar as peças, repassei todos os conceitos de direito material, passei para todos as principais marcações que deveriam fazer nos seus códigos, afirmei categoricamente que uma das respostas estariam contidas entre os artigo 150 e 152 da Constituição, e o que foi que aconteceu ?
As 7 passaram e eu não????..rsssssss é brincadeira !!!!""
O raciocínio acima é perfeito, apesar da falha, involuntária, é claro, em relação ao número de recorrentes (dado desconhecido).
O Exame de Ordem é uma prova de massa. São muitos os candidatos por edição.
Não sei quantos corretores de prova existem, ou qual o tamanho da infraestrutura destinada ao processo de correção, mas o volume de reclamações entre os candidatos demonstra a existência de problemas.
Não é possível que tantas reclamações semelhantes sejam mero "chororô" de candidatos reprovados.
A "Lei do Eterno Retorno" parece impor seus efeitos na vida do Exame da OAB. São sempre os mesmos problemas a atormentar diferentes candidatos em diferentes edições da prova.
É tudo um problema de gestão e de infraestrutura. Um pouco mais de investimento e muito mais atenção resolveriam tudo isso.
E é possível!!